Times históricos que não foram campeões – Blazers (1991)

Portland tinha uma equipe espetacular no começo da década de 90, mas não conquistou o título da NBA

Times históricos Blazers 1991 Fonte: Rocky Widner / AFP

O Jumper Brasil traz de volta a série de artigos sobre times históricos que não foram campeões da NBA, começando com o Portland Trail Blazers de 1991. O objetivo, aliás, é trazer um pouco da história da melhor liga de basquete do mundo aos leitores mais jovens. Para os mais antigos, porém, os artigos vão servir como uma viagem no tempo.

Assim, iniciamos os trabalhos com o Blazers, dono da melhor campanha de 1990/91. A equipe treinada por Rick Adelman é uma das melhores de todos os tempos que não sentiu o gostinho de ser campeã da NBA. Mas, antes de falar daquele Portland, vamos recapitular o que foi feito nos anos anteriores. Ou seja, entender o processo que levou à formação do grande elenco que entrou para a história da franquia.

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A montagem do elenco

O quarteto Clyde Drexler, Terry Porter, Jerome Kersey e Kevin Duckworth atuava junto desde a temporada 1986/87. Na época, Drexler tinha 24 anos e quatro de experiência na NBA. Em contrapartida, Porter, de 23, iria para o terceiro ano na liga. Já Kersey, de 24 disputaria sua segunda temporada. Por fim, Duckworth, de 22, era um novato.

O grande nome do Blazers de 1987 era o ala alemão Kiki Vandeweghe, um dos jogadores mais experientes daquele grupo. O time ainda possuía em seu plantel o pivô Sam Bowie, que ficou conhecido por ter sido a segunda escolha do Draft de 1984. Afinal, ele saiu logo à frente de um certo Michael Jordan. Bowie, porém, não se destacou na NBA por conta de diversas lesões.

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Sob o comando do estreante treinador Mike Schuler, o Blazers terminou a temporada na terceira colocação da Conferência Oeste, atrás apenas de Los Angeles Lakers e Dallas Mavericks. Assim, pelo grande trabalho, Schuler foi eleito o técnico do ano. Mas, nos playoffs, a equipe do Oregon perdeu, logo na primeira rodada, para o Houston Rockets, das torres gêmeas Hakeem Olajuwon e Ralph Sampson, que havia sido finalista na temporada anterior.

Em 1987/88, o Blazers fez a quarta melhor campanha do Oeste com praticamente o mesmo elenco. O que mudou? Duckworth e Kersey ganharam vagas no quinteto inicial. Vandeweghe sofreu uma grave lesão nas costas e desfalcou o time em 45 jogos. Na pós-temporada, o time de Portland caiu na primeira rodada para o Utah Jazz, em uma série de quatro jogos.

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Novo dono

Na offseason de 1988, o Blazers passou a ter um novo dono. Por módicos US$70 milhões, o co-fundador da Microsoft, Paul Allen, adquiriu a franquia junto ao empresário Larry Weinberg. Hoje, o valor da equipe é de cerca de US$2,1 bilhões, de acordo com a revista Forbes.

Mas, na temporada 1988/89, o time de Portland teve muitos altos e baixos. As lesões de Vandeweghe e Bowie prejudicaram bastante o rendimento da equipe. De positivo, o quarteto Drexler, Porter, Kersey e Duckworth estava cada vez melhor. Drexler, aliás, teve o seu melhor ano na NBA. Afinal, suas médias foram de 27,2 pontos, 7,9 rebotes, 5,8 assistências e 2,7 roubos de bola). Desse modo, ele se consolidou como uma estrela da liga.

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Em fevereiro de 1989, duas movimentações foram decisivas para o futuro do Blazers. Vandeweghe, que estava insatisfeito por ter perdido o lugar no time titular, foi trocado para o New York Knicks por uma escolha de primeira rodada do draft.  O técnico Schuler, por sua vez, foi demitido pela campanha irregular e após desentendimentos com as estrelas do time. Já o assistente Rick Adelman, que era muito amigo dos atletas, assumiu o comando da equipe.

O Blazers terminou a temporada regular na oitava posição do Oeste. Nos playoffs, o time amargou mais uma eliminação na primeira rodada, desta vez para o todo poderoso Lakers, de Magic Johnson.

A maior offseason da história do Blazers

A offseason de 1989 foi um divisor de águas para o Blazers. No draft, a equipe selecionou o versátil ala Cliff Robinson, na segunda rodada (46ª escolha), e o ala-armador croata Dražen Petrović, na terceira (60ª escolha).

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No entanto, o melhor estava por vir. Bowie foi para o New Jersey Nets e, em contrapartida, o ala-pivô Buck Williams chegou ao Blazers. Essa, aliás, é considerada uma das melhores trocas da história da franquia de Portland.

Williams, que, na época tinha 28 anos, era o que o Blazers precisava para subir de nível. Afinal, chegaria para preencher uma posição carente. Além disso, seria de grande valia para a melhora defensiva do time. Ou seja, Williams era a cereja do bolo. Desse modo, ele formaria com Drexler, Porter, Kersey e Duckworth o melhor quinteto da história do Blazers.

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Em quadra, o time de Portland fez uma campanha irrepreensível. Foram 59 vitórias e 23 derrotas, ficando atrás apenas do Lakers. Nos playoffs, o Blazers varreu o Dallas Mavericks na primeira rodada, bateu o San Antonio Spurs por 4 a 3 na semifinal e fez 4 a 2 no Phoenix Suns na final do Oeste.

Mas, na grande final da NBA, o time do Oregon foi batido pelos bad boys do Detroit Pistons, atuais campeões da liga. O detalhe é que o Blazers perdeu os três jogos em Portland. Apesar da campanha idêntica ao Pistons na temporada regular, o Blazers não era o favorito na decisão.

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Portanto, deu a lógica, com o Pistons conquistando o bicampeonato. No quinto e último jogo, o time de Detroit venceu após uma cesta no último segundo do armador Vinnie Johnson. A derrota, então, deixou um gostinho em Portland de que o título estava perto. Portanto, voltar às finais no ano seguinte era questão de honra.

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A temporada regular dos sonhos

Com a base mantida, e a chegada do veterano Danny Ainge (bicampeão pelo Boston Celtics), o Blazers atendeu às expectativas e fez a melhor campanha da temporada regular em 1990/91. Foram 63 vitórias e 19 derrotas, ou seja, um aproveitamento de 76,8%.

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A mudança mais significativa foi a saída de Petrović logo no começo da temporada. Sem muitas chances no time, até por jogar na mesma posição de Drexler, o jogador croata foi envolvido em uma troca tripla com Nets e Denver Nuggets. Petrović reforçou o Nets e o Blazers recebeu o veterano ala-armador Walter Davis (lenda do Phoenix Suns).

Assim, o time de Portland foi o segundo em eficiência ofensiva, o terceiro em eficiência defensiv e o quarto em posses de bola por partida. Portanto, não é exagero afirmar que aquela foi a melhor temporada da história do Blazers.

Para termos uma ideia do poderio daquele time, Drexler, Porter e Duckworth foram para o All-Star Game de 1991. Drexler, aliás, integrou o segundo time ideal da temporada. Além disso, Williams fez parte do primeiro time de defesa.

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Além do famoso quinteto, Ainge, que jogava nas duas posições de armação, e Robinson, que atuava nas alas e até de pivô, eram reservas valiosos. Ou seja, essa rotação de sete jogadores era a mais forte da NBA na época. Como resultado, o responsável pela montagem do time, Bucky Buckwalter, ganhou o prêmio de dirigente do ano.

Portland Trail Blazers – 1990/91

Time-base: Terry Porter, Clyde Drexler, Jerome Kersey, Buck Williams e Kevin Duckworth

Principais reservas: Danny Ainge e Cliff Robinson

Técnico: Rick Adelman

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Jogador Idade Pontos Rebotes Assistências Roubos Tocos Minutos
Clyde Drexler 28 21.5 6.7 6.0 1.8 0.7 34.8
Terry Porter 27 17.0 3.5 8.0 2.0 0.1 32.9
Kevin Duckworth 26 15.8 6.6 1.1 0.4 0.4 31.0
Jerome Kersey 28 14.8 6.6 3.1 1.4 1.0 32.3
Buck Williams 30 11.7 9.4 1.2 0.6 0.6 32.3
Cliff Robinson 24 11.7 4.3 1.8 1.0 0.9 23.7
Danny Ainge 31 11.1 2.6 3.6 0.8 0.2 21.4

 

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Playoffs de 1991

Na primeira rodada dos playoffs, o Blazers venceu o Seattle SuperSonics de Gary Payton e Shawn Kemp por 3 a 2. Posteriormente, bateu o Utah Jazz de Karl Malone e John Stockton por 4 a 1. Por fim, na decisão do Oeste, teríamos o esperado embate contra o Lakers. Afinal, era o duelo das duas melhores campanhas da conferência.

Mas, no jogo 1, o time de Portland perdeu em casa por 111 a 106, após uma reação incrível do Lakers, que tirou uma diferença de 12 pontos no último período. Drexler foi o destaque do Blazers, com 28 pontos, 12 assistências e oito rebotes. Pelo time angelino, o ala James Worthy anotou 28 pontos, e o maestro Magic Johnson, alcançou um duplo-duplo de respeito: 15 pontos e 21 assistências.

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Já no segundo jogo da série, o Blazers não deu chances ao Lakers e venceu por 111 a 98. O quarteto Drexler, Porter, Jersey e Duckworth combinou para 82 pontos. Em seguida, nos jogos 3 e 4, em Los Angeles, o time de Portland não teve um bom desempenho no ataque e sucumbiu. Em uma das partidas (a terceira), Magic Johnson distribuiu 19 assistências e foi o diferencial.

Assim, com a pressão de estar perdendo a série por três a um, o Blazers jogou a vida no quinto duelo, em Portland. A equipe do Oregon teve uma produção defensiva notável e venceu por 95 a 84. O resultado, então, trouxe um alívio momentâneo à equipe de Rick Adelman.

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Mas, para chegar novamente às finais, o Blazers precisaria bater o Lakers em Los Angeles, no sexto jogo, e fechar a série, em casa, com outra vitória.

O fatídico jogo 6

Entretanto, para tristeza dos fãs do time de Portland, o sonho acabou no jogo 6. A partida disputada no dia 30 de maio de 1991 foi tensa. O Lakers começou melhor e abriu uma vantagem de sete pontos no primeiro tempo: 50 a 43. O Blazers, por sua vez, reagiu e equilibrou o duelo. Os minutos finais foram muito tensos..

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Na última posse de bola, quando o placar apontava o Lakers à frente por um ponto (91 a 90), Porter teve a bola do jogo. Livre de marcação, o armador recebeu de Drexler no corner direito e arremesso a quatro segundos do fim. A bola bateu no aro e, no rebote, Magic Johnson jogou a bola para a quadra de ataque a fim de que o relógio zerasse.

O Lakers, então, alcançava a nona final em 12 temporadas sob a liderança de Magic. Ou seja, uma marca espetacular na liga. No fim das contas prevaleceu a experiência, o jogo de meia quadra do time angelino e a genialidade de seu armador. No entanto, nas finais, o Lakers não foi páreo para o Chicago Bulls de Michael Jordan.

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Para o Blazers, em contrapartida, restou a decepção. O time era favorito na decisão do Oeste. Afinal, fez a melhor campanha de sua história na temporada regular e tinha seus principais jogadores em grande forma técnica e física. Mas, na série contra o Lakers, o jogo de transição não funcionou. Além disso, o conjunto esteve abaixo do normal. O Blazers de 1991, portanto, era mais um de uma série de times históricos a não conquistar o título da NBA.

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Ferida aberta

Na temporada 1991/92, a base foi mantida e o Blazers chegou novamente às finais da NBA. Mas, a equipe sucumbiu frente ao Bulls, que conquistava o bicampeonato sob a liderança do maior jogador de todos os tempos. A temporada seguinte foi a última do grande quinteto de Portland.

A reconstrução do elenco começou com a saída de Duckworth para o Washington Bullets (hoje Wizards). Em meados da temporada 1994/95, com o Blazers fora dos holofotes, Drexler, na época com 32 anos, pediu uma troca para um contender.

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Assim, em respeito ao maior nome da história da equipe, a direção da franquia aceitou o pedido e mandou The Glide (O Escorregadio) para o Houston Rockets. De volta à cidade que o consagrou no basquete universitário, o astro se juntou ao velho amigo Hakeem Olajuwon e finalmente conquistou o seu anel de campeão da NBA.

Portanto, o Blazers do início da década de 90 tinha todos os ingredientes para ser campeão. Porém, perdeu duas finais e uma decisão de conferência. Em sua temporada mais espetacular, a de 1990/91, o time do Oregon sequer chegou às finais da liga. Ou seja, uma verdadeira lástima.

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A ferida em Portland continua aberta até hoje. Afinal, os torcedores mais antigos da franquia não vão esquecer jamais o que aconteceu naquela decisão do Oeste…

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