Muitos jogadores, treinadores e dirigentes da NBA estão ansiosos para a retomada da temporada, em Orlando. Um certo clima de preocupação, porém, também parece ter crescido nos bastidores recentemente. De acordo com Zach Lowe e Baxter Holmes, da ESPN, um número cada vez maior de profissionais da liga vem levantando dúvidas a respeito da segurança do plano diante do surto de coronavírus na Flórida.
A Flórida tornou-se um dos epicentros da doença nos EUA, juntamente com o Arizona e o Texas, e registra disparada em casos confirmados. O estado bateu o seu recorde de número de notificações de novos casos em sete dos últimos dez dias e aproxima-se da marca das 100 mil infecções. Foram anunciados 4.049 testes positivos nas últimas 24 horas, um novo recorde por mais de 200 registros.
Lowe e Baxter apuraram que a situação da sede do retorno da temporada foi assunto levantado em recentes reuniões da Associação dos Jogadores e do comissário Adam Silver com altos executivos. Nessa última, que teria sido descrito como um “encontro tenso” por diversos participantes, o comissário-mor da NBA reconheceu que a atual condição da Flórida com o alastramento da COVID-19 é séria.
“A liga está monitorando as informações e dados do coronavírus na Flórida e em Orange County [localidade do Walt Disney World] de forma muito próxima e pretende continuar trabalhando, de forma colaborativa, com a Associação dos Jogadores, oficiais de saúde públicas e infectologistas para aprimorar os nossos planos de retorno”, afirmou o porta-voz da NBA, Mike Bass, em declaração à ESPN nesse sábado.
A liga ampara-se em alguns fatores para manter-se intacta em seus planos. A região de Orange County é uma das menos afetadas no estado pela doença nesse momento. Além disso, espera-se que a situação já tenha sido controlada até o início dos jogos, em 30 de julho. O problema é que todos os profissionais da NBA vão desembarcar em Orlando, na verdade, no início do mês – e o Toronto Raptors, por logística, já nos próximos dias.
Entre os atletas, a grande preocupação está na falta de uniformidade entre os protocolos da liga e dos colaboradores da Walt Disney World – milhares de pessoas que vão prestar serviços diariamente aos jogadores, retornam para suas casas ao fim do dia e não serão testados para o coronavírus da mesma forma que os jogadores. Muitas restrições são impossíveis de ser impostas a eles por questões de negociação com sindicatos.
“Tudo o que sabemos até agora sobre a Disney é o que lemos ao longo dos anos: você não tem ideia de quantas pessoas trabalham ali. Essa é a magia por trás do parque. Há um número incerto de membros de estafe e prestadores de serviços ali dentro, que vão entrar e sair da ‘bolha’ todos os dias sem nenhuma testagem”, explicou um preparador físico de um dos 22 times convidados, em condição de anonimato, à ESPN.
Os jogadores da NBA começarão a ser testados para o coronavírus pelas equipes nessa terça-feira e a expectativa geral é que um certo número de casos positivos acabe por ser detectados. O próprio protocolo de saúde e segurança da liga enviado para as franquias recentemente dá conta que é esperado que algumas pessoas se infectem em Orlando e isso será administrado de forma a não comprometer o andamento da competição.