“Spurs do Leste” ou uma tacada de sorte?

Ricardo Romanelli discute a queda de produção do Atlanta Hawks

Fonte: Ricardo Romanelli discute a queda de produção do Atlanta Hawks

Na temporada de 2014-15, o Atlanta Hawks venceu 60 jogos. O time era a sensação da conferência Leste, com jogo extremamente coletivo nos dois lados da quadra. O elenco foi bem montado, após algumas temporadas de boas trocas e contratações, buscando atletas com o perfil certo para uma franquia historicamente low profile. Era um time dedicado, coeso, solidário e profissional, que conseguiu emplacar quatro atletas no All-Star Game (Al Horford, Paul Millsap, Jeff Teague e Kyle Korver) – um feito que apenas outras oito equipes repetiram na história da NBA.

O técnico Mike Budenholzer, ex-assistente de Gregg Popovich no San Antonio Spurs, serviu de pretexto para que a alcunha fosse lançada: era o “Spurs do Leste”. Por conta disso, a derrota para o Cleveland Cavaliers na final do Leste de 2015 não abalou os fãs. O Hawks agora era um modelo de gestão e o time só melhoraria. Será mesmo?

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Veio a campanha 2015-16 e “apenas” 48 vitórias, um ataque completamente estagnado e uma derrota na segunda rodada dos playoffs. A franquia perderia Horford, principal liderança técnica do elenco, para o jovem e promissor Boston Celtics na offseason – depois de, para mim, corretamente interpretar que a equipe não iria melhorar. Kyle Korver sentia finalmente a idade e a direção teria escolhas a fazer com jovens jogadores.

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Buscando reagir, o Hawks contratou o (decadente) Dwight Howard, com esperanças de que o pivô natural de Atlanta reencontrasse seu melhor basquete jogando em casa. O titular Teague foi trocado, em negociação envolvendo o Indiana Pacers e o Utah Jazz, para abrir espaço na rotação para o jovem Dennis Schroder. Mas, aparentemente, o experimento não deu certo.

Howard continua abaixo do que já foi em seus melhores momentos. Pior: o time não é mais coeso e unido como era antes. Agora, especulações dão conta de que a franquia estuda o mercado em busca de negócios envolvendo Millsap, Korver e o ala-armador Thabo Sefolosha: os três serão agente livres ao final da temporada e os executivos da Geórgia temem perder os atletas (que ainda tem bom valor de mercado) por nada. Como aconteceu com Horford, basicamente.

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Isso significa que está na hora de derrubarmos a alcunha de “Spurs do Leste”? Acredito que ainda não. O time texano virou este modelo de organização e gestão esportiva justamente por saber manejar de maneira eficiente e transparente as intempéries que surgiam contra o sucesso da franquia. A questão é que os executivos tem poder de influenciar até um certo ponto – e, a partir dali, surgem variáveis incontroláveis a nível de direção. É nessa hora que os grandes GMs e dirigentes mostram seu valor: buscam novos negócios e jogadores para rapidamente reconstruir equipes que não deram certo.

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O Hawks fez isso uma vez, culminando com a excelente equipe de 60 vitórias. A maneira como a direção vai conduzir esse franco processo de reconstrução nos próximos meses é que vai dizer se o time de 60 vitórias foi uma tacada de sorte e acaso ou se realmente estamos diante de uma direção esportiva de excelência, merecedora da alcunha de “Spurs do Leste”. Porque, no fim das contas, grandes times são formados por grandes executivos.

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