Menos de um ano depois de adquirir o ala Rudy Gay, o Toronto Raptors resolveu enviá-lo ao Sacramento Kings em uma troca que envolveu, ainda, alguns outros jogadores de ambas as equipes.
*A primeira pergunta que surge tem resposta não tão surpreendente quanto a própria negociação: por que o Toronto Raptors liberou, a troco de “tão pouco”, um jogador que havia acabado de contratar?
A nova direção do Toronto Raptors – Masai Ujiri foi contratado no início da atual temporada – havia deixado claro que gostaria de livrar-se de alguns contratos pesados da equipe com o intuito de adquirir mais “flexibilidade financeira” – qualquer que seja o verdadeiro significado disso. A ESPN americana noticiou, ainda no mês de novembro, que qualquer jogador do Raptors, com exceção do pivô Jonas Valanciunas, estava disponível para trocas.
Andrea Bargnani já foi, e agora Gay teve o mesmo destino. A mesma ESPN garante que as negociações continuarão, e que o armador Kyle Lowry, que tem contrato expirante de pouco mais de US$ 6 milhões, seria o próximo alvo.
*E quanto ao valor de Rudy Gay? Será que o Raptors não poderia ter conseguido algo melhor na negociação?
Estamos na era das estatísticas avançadas na NBA. E tem muito jogador “notável” do passado que tem que agradecer bastante por não ter vivido nessa era. Mas aqui está Gay e não há nada que ele possa fazer. Ok, talvez até haja, mas isso é outra questão. Fato é que estudos mais minuciosos do jogo estão diminuindo o valor de Gay na NBA. Os muitos pontos conquistados a partir de baixo aproveitamento e seleção questionável de arremessos não convencem a todos, nem com a defesa sólida que Gay oferece.
Assim, restou ao Raptors aceitar apenas alguns contratos expirantes e pouco mais em troca de Rudy Gay, além de não correr o risco de ter que pagar US$19.3 milhões – o jogador tem a opção de renovação – a ele na próxima temporada. E isso, na opinião de alguns, já está passando de ótimo.
*Mas será que Rudy Gay está disposto a renovar por mais um ano com o Kings pelos US$ 19 milhões?
Qualquer resposta será mera especulação, mas também estamos aqui para isso. Não é porque Gay tem uma pilha de dinheiro garantido disponível na próxima temporada que ele tem que aceitá-la. Existe a possibilidade de Gay, que estará perto de completar 28 anos ao fim da temporada, querer assinar um contrato mais longo (quatro anos parece um número razoável), com o Kings ou outra equipe. Talvez esperar mais um ano para negociar outro acordo seja uma decisão arriscada do jogador. Muito dependerá de como as coisas acontecerão de agora em diante. Dentro de quadra, especialmente.
*A troca foi boa para o Sacramento Kings?
A resposta mais lógica, pra mim, é sim. Alguém vai falar que pagar essa montanha de verdinhas para Gay é um erro absurdo, e eu não vou entrar nessa discussão. Só que o Kings já estava pronto para pagar o mesmo valor a todos os outros enviados na troca, e o resultado até aqui estava longe de ser satisfatório. É bom lembrar que Sacramento quase perdeu sua franquia recentemente, e pelo menos a expectativa de melhora já pode criar certo interesse dos fãs da cidade. Sejamos realistas: o Kings já não ia a lugar algum, com ou sei Gay. Quanto mais a situação pode piorar por lá?
Uma última ressalva: o Kings também não “quer” melhorar demais. Caso o time saia das últimas posições na atual temporada, poderá perder sua escolha no badalado draft de 2014 para o Cleveland Cavaliers, fruto da negociação do ala-pivô J.J. Hickson, em 2011. A escolha é protegida para o Kings entre as posições 1 e 12.
Imagens: Raptors Republic