A lesão do brasileiro Anderson Varejão deixou o Cleveland Cavaliers de calças curtas. Ele fazia uma temporada decente, com quase dez pontos por jogo e seis rebotes, em cerca de 24 minutos. A equipe, que já dependia em demasia de apenas dois jogadores para a posição de pivô, agora enfrenta um dilema: como brigar pelo título sem um especialista?
Sem Varejão, o Cavs vai jogar com uma formação baixa na maioria das vezes e isso vai forçar o técnico David Blatt aumentar o tempo de quadra de Shawn Marion, e, especialmente, Tristan Thompson. Marion não tem uma posição definida e pode atuar como ala-armador, ala e ala-pivô, mas sua função clara desde o início da temporada é marcar o principal cestinha do adversário. Já Thompson terá de jogar mais minutos como pivô.
http://www.youtube.com/watch?v=fKzIa1EDC38
Existem cenários de trocas que envolvem o ala-armador Dion Waiters e talvez algumas escolhas de draft. A preferência, é óbvio para receber um jogador com qualidades defensivas dentro do garrafão. Antes do começo de 2015-15, foi especulado o nome do russo Timofey Mozgov, porém o Denver Nuggets não quis saber de perder o seu melhor pivô — apesar de contar com o constantemente contundido JaVale McGee e o cru Jusuf Nurkic. Com Danilo Gallinari novamente no estaleiro, as chances aumentam, mas é pouco provável que o time do Colorado aceite Waiters. Já ouvi até sobre Samuel Dalembert, do New York Knicks.
A solução mais fácil então, seria buscar algum agente livre no mercado, o que também não é tão simples. Jermaine O’Neal, Emeka Okafor e Andrew Bynum poderiam jogar na NBA atualmente sem grandes problemas. Mas O’Neal ainda quer jogar? Okafor consegue jogar? E será que Bynum ainda tem interesse em manter o foco?
Os três são excelentes opções, principalmente se o time puder dar entre 15 e 20 minutos todas as noites a um deles. Todos possuem problemas físicos graves e, talvez, não consigam ajudar imediatamente. Abaixo deles, a qualidade cai bastante e não creio que outros jogadores poderiam ajudar a resolver os problemas.
Agora, vamos deixar os rumores de lado e pensar em possibilidades reais dentro do próprio elenco de Cleveland. O Cavaliers vai sofrer muito, a não ser que algum espírito baixe em Brendan Haywood e o faça jogar. Mas Haywood atuou em apenas seis partidas desde março de 2013 e está com 35 anos. É muito pouco ou quase nada, para ser bem sincero. Lou Amundson sempre foi querido pelos torcedores por onde passou, no entanto não tem como contar com um jogador apenas esforçado. Alex Kirk, então…
Partindo do princípio de que o Cavs não possui boas alternativas, ficam alguns questionamentos: a equipe é capaz de suportar praticamente uma temporada inteira sem um pivô de ofício e ainda ir longe nos playoffs?
Eu não tenho uma resposta para isso neste momento. O Cavaliers vai precisar de muito mais de seus astros LeBron James, Kyrie Irving e Kevin Love. Claro que a gente sempre imagina que um trio de tanto talento pode superar diversas barreiras, mas e a defesa? Não existem grandes especialistas na equipe, exceto um ou outro atleta. Nos playoffs, isso vai ficar ainda mais evidente.
Imagine o Cavs enfrentando o Chicago Bulls de Joakim Noah, Pau Gasol, Taj Gibson e Nikola Mirotic. Não precisa pensar muito e, de cara, existe um favorito. Não só pelo basquete que o Bulls joga na atualidade, mas na briga interna. Se pega o Washington Wizards, corre seríssimos riscos de não passar. O Miami Heat, adversário na noite de Natal, jogou sem Chris Bosh, porém não teve problemas. Chris Andersen, que está longe de ser um grande pivô, saiu de quadra com os melhores números da temporada. Sem um pivô, um jogador especialista em fazer no mínimo o box-out, o Cavaliers afundaria na primeira rodada contra qualquer adversário que tenha garrafão.
Varejão não é um jogador espetacular, mas sempre fez o trabalho sujo e um dos mais importantes que o time tanto carece agora. Já era grande o buraco e agora ficou ainda maior. Vamos cansar de ver equipes explorando essas fragilidades a não ser que algo aconteça imediatamente.