Toronto Raptors (51-31) – terceiro colocado na conferência Leste.
Playoffs: eliminado pelo Cleveland Cavaliers na segunda rodada.
MVP do time na temporada: DeMar DeRozan – 27.3 pontos, 5.2 rebotes, 3.9 assistências e 1.5 roubos de bola, por partida.
Pontos positivos da última temporada
– DeMar DeRozan não só foi o destaque do Raptors na temporada como deu um passo gigantesco para ser o maior jogador da história do time canadense. Em 2016-17, o ala-armador teve sete partidas com mais de 40 pontos. Além disso, anotou mais de 30 pontos em 32 oportunidades. Com tais números, DeRozan se tornou o maior cestinha da história da franquia, superando ninguém menos que Chris Bosh e, antes dele, Vince Carter.
– Defesa. Neste ponto, a equipe merece crítica parcial. Isso porque a franquia trabalhou para corrigir a sua deficiência defensiva e atingiu o seu objetivo. O general manager, Masai Ujiri, fez negócios pontuais e adquiriu os alas especialistas em defesa: Serge Ibaka e P.J. Tucker. Por fim, o time canadense foi o 11º em eficiência defensiva em toda a liga. Mas até então, a defesa era uma verdadeira “peneira”. Pelo esforço e poder de reação, vale o destaque.
– Kyle Lowry não pode ser deixado de lado quando o assunto é destacar os melhores. O armador teve médias de 22.4 pontos, 7.0 assistências e 1.5 roubadas de bola por partida, bem como teve 41% de aproveitamento nos arremessos de longa distância. Por sinal, quando Lowry precisou de cirurgia no pulso, a sua ausência foi claramente sentida – definitivamente o pior momento do Raptors na temporada.
Pontos Negativos
– Espaçamento de quadra: não foi por acaso que o Raptors quase acabou eliminado pelo Milwaukee Bucks nos playoffs da última temporada. A dificuldade foi imensa para jogar contra um time que sabe espaçar a quadra. Tanto que o técnico Dwane Casey teve que sacar Jonas Valaciunas da rotação e improvisar Ibaka como pivô. Se não o fizesse, uma eliminação precoce era muito provável.
– O time carece de motivação nos momentos mais importantes. O que falta é o anseio por vitórias e a vontade de se provar. É a vibração ou frieza que um time campeão sempre tem. O próprio treinador já deu declarações nesse sentido. Apesar disso, mesmo com todas as críticas (algumas até injustas, é verdade), é um time que vai longe, mas ainda assim, sofre apagões inexplicáveis.
– O Raptors foi uma verdadeira montanha russa na última temporada, mas demonstrou que tem força de reação, pelo menos. A equipe venceu 21 dos seus primeiros 32 jogos, mas depois entrou em queda livre até a trade deadline. Firmando algumas trocas e trazendo peças importantes para a defesa, que era claramente uma das razões para a instabilidade da equipe, o time conseguiu se reerguer, venceu 18 dos últimos 25 jogos da fase regular. Nos playoffs, um susto logo de cara ao perder a partida inaugural para o Milwaukee Bucks. Mas logo em seguida, o técnico encontrou uma forma de neutralizar o grego Giannis Antetokounmpo e prevaleceu na série.
– Lesão de Kyle Lowry: quando todas as equipes já estavam focadas nos playoffs, organizando-se, definindo estratégias e planejando a rotação ideal, o armador do Raptors sofreu uma lesão no pulso, passou por cirurgia e só retornou na fase final da temporada. Com isso, a equipe canadense praticamente disse adeus às chances de brigar por uma condição ainda melhor na tabela de classificação.
Análise
O Toronto Raptors começou 2016-17 com o pé direito. DeMar DeRozan anotou mais de 30 pontos em cada um dos cinco primeiros jogos da temporada, marca que não era repetida desde que Michael Jordan a atingiu em 1986. A boa fase fez com que a equipe vencesse 21 dos primeiros 32 jogos da temporada. Logo em seguida, o time entrou em declínio e começou a oscilar. Entre janeiro e fevereiro, o time canadense perdeu 14 de 27 partidas disputadas.
Nada tão ruim que não pudesse piorar. Após o final de semana das estrelas, Kyle Lowry teve que passar por cirurgia no pulso e só retornou para as últimas três partidas da fase regular. Na ausência do armador titular, o Raptors apostou em Cory Joseph – um jogador que, ao menos, não compromete (afinal, foi lapidado por Gregg Popovich).
Com o time na curva descendente, o diagnóstico do treinador e dos dirigentes era de que a equipe precisava de uma defesa sólida. Precisando agir de forma rápida e eficaz, a franquia partiu para o mercado e, antes da trade deadline, adquiriram Serge Ibaka, em troca com o Orlando Magic pelo ala Terrence Ross, bem como o ala P.J. Tucker, que estava no Phoenix Suns (dois especialistas defensivos). As apostas foram válidas e a reação aconteceu. O time venceu 18 dos seus últimos 25 jogos da temporada. O bom momento da equipe foi importante para que Kyle Lowry retornasse de lesão em um ambiente confiante para a disputa dos playoffs.
Já na pós-temporada e logo na primeira rodada, outro problema veio à tona: o espaçamento. Lowry até funciona bem sob esse aspecto, já que DeRozan monopoliza a posse de bola. Contudo, DeMarre Carroll e Jonas Valanciunas não conseguiam se encaixar no esquema. Então, o time sofreu para eliminar o Milwaukee Bucks. Dwane Casey mudou a estratégia, colocando Valanciunas no banco de reservas e Ibaka como pivô titular, fazendo com que o time ficasse menos estático. Além disso, o jovem Norman Powell foi muito bem inserido entre os titulares e ajudou a equipe a retomar o caminho das vitórias.
Um adendo interessante à esta altura, na mesma noite que time canadense encerrou a série contra o Bucks, os jogadores Pascal Siakam, Bruno Caboclo e Fred VanVleet ajudaram o Raptors 905 a conquistar o campeonato da D-League, logo na primeira temporada de Jerry Stackhouse como treinador. Siakam foi nomeado MVP e Caboclo marcou 31 pontos, apanhou 11 rebotes e anotou quatro bloqueios na final. O Raptors 905 dominou toda a temporada, gravando um recorde de 39-11, o segundo melhor da história da D-League.
Pelas semifinais da conferência Leste, o Raptors encarou o Cleveland Cavaliers e, como já era esperado, foi varrido em quatro jogos.
Observa-se que os principais jogadores do time evoluíram muito em 2016-17, especificamente DeRozan e Lowry. Mas ao mesmo a fragilidade de um elenco que carece de jogadores preparados para atuar em alto nível na NBA, acabou sendo um fator determinante para que a franquia não tivesse, em termos coletivos, uma temporada positivamente marcante.
Futuro
Embora sem chamar muito a atenção durante a offseason, a direção da franquia canadense trabalhou duro para manter a base da equipe. Primeiro, foi a renovação de contrato do armador Kyle Lowry, que despertava interesse em muitos times. Outra prioridade estabelecida pelo GM Masai Ujiri era a permanência do ala-pivô Serge Ibaka. Ambas as renovações foram acertadas.
Na noite do draft, o Raptors selecionou O.G. Anunoby, um dos melhores alas da classe deste ano. O jovem ala só ficou disponível na 23ª escolha porque caiu nas projeções do recrutamento, já que se recupera de uma cirurgia de ligamento cruzado anterior do joelho. Com uma combinação impressionante de força, tamanho e envergadura, ele está pronto para encarar o basquete profissional em termos físico-atléticos.
Entre as baixas da equipe para a disputa da próxima temporada, estão as saídas de Patrick Patterson, que fechou com o Thunder, e P.J. Tucker, que fechou com o Rockets. Além deles, o Raptors conseguiu se livrar do péssimo contrato de DeMarre Carroll, que foi para o Brooklyn Nets, e ainda negociou o armador Corey Joseph com o Indiana Pacers, para receber ala C.J. Miles.
O provável time titular deverá ser formado por Kyle Lowry e DeRozan na armação, Norman Powell e Serge Ibaka nas alas e Jonas Valanciunas no pivô. No banco, C.J. Miles deve ser a primeira opção do técnico Dwane Casey. Fica a expectativa se os brasileiros Lucas Nogueira (o Bebê) e Bruno Caboclo serão mais requisitados na rotação da equipe. O segundo, por sinal, vive um momento muito delicado na carreira e com certeza terá que mostrar serviço.
Conforme se observa do resumo citado acima, o que falta ao Toronto Raptors é elenco. Há um bom time para se colocar em quadra inicialmente, mas quase nenhuma opção confiável para a segunda unidade, em sua maioria jovens. Fica a perspectiva (ou talvez esperança seja o termo mais adequado) para que esses garotos já apresentem capacidade para contribuição imediata. São os casos de Jakob Poeltl, Pascal Siakam (MVP das finais da D-League), Delon Wright e OG Anunoby.
O problema do espaçamento será o maior desafio do treinador para a próxima temporada. DeRozan é um jogador que precisa da bola nas mãos para produzir. As permanências de Ibaka e Lowry são fundamentais para que o time espace melhor a quadra, por isso, as renovações de contrato desses dois jogadores eram questões primordiais.
Por outro lado, o grande trunfo do Toronto Raptors para a próxima temporada é que a base se manteve, enquanto que os dois principais times da conferência, Cleveland Cavaliers e principalmente o Boston Celtics, passam por um momento de reformulação. A tendência é que haja um período de adaptação. Nesse sentido, jogadores que jogam há mais tempo juntos podem levar certa vantagem. De qualquer modo, qualquer situação que não seja mando de quadra, já pode ser considerada um fracasso.