San Antonio Spurs (61-21)
Temporada regular: segundo lugar na conferência Oeste
Playoffs: eliminado pelo Golden State Warriors em quatro jogos na final de conferência
MVP da campanha: Kawhi Leonard
Pontos positivos
– De longe, a temporada 2016-17 de Kawhi Leonard foi sua melhor na liga. O MVP das finais de 2013-14, assumiu de fato a posição de principal jogador da equipe e liderou o San Antonio Spurs após a aposentadoria do ídolo Tim Duncan.
– O Spurs chegou ao 20° ano consecutivo chegando aos playoffs em 2016-17, tornando-se apenas a quarta franquia na história da liga a atingir a marca. Ficou atrás apenas do Golden State Warriors na fase regular, com 61 triunfos em 82 jogos. Pelo sétimo ano seguido, atingiu ao menos 67% de aproveitamento.
– Apático durante a temporada regular, o francês Tony Parker mostrou toda a sua qualidade nos playoffs. O armador saiu de burocráticos 10.1 pontos na primeira parte de 2016-17 para 15.9 nos mata-matas.
– Como sempre, o técnico Gregg Popovich tirou leite de pedra. Transformou jogadores até então obscuros, como Dewayne Dedmon e Jonathon Simmons, em atletas importantes na rotação.
Pontos negativos
– Se Danny Green entrega (muito bem) seu trabalho na defesa, no ataque, entretanto, a coisa anda feia. Pelo segundo ano seguido, Green decepcionou do outro lado da quadra e ficou mais uma vez abaixo dos 40% de aproveitamento nos arremessos de quadra.
– Tony Parker deixou uma impressão muito ruim na fase regular. Lento, e ainda mais fraco na defesa, o francês fez sua pior temporada desde o ano de estreia na liga. Para piorar, quando finalmente deu uma de Reggie Miller (que fazia temporadas regulares boas, mas era ainda melhor nos playoffs), machucou-se gravemente e só joga em novembro ou dezembro.
– Pau Gasol teve uma temporada ioiô. Começou bem devagar, anotando apenas 18 pontos nos três primeiros jogos. Recuperou-se logo em seguida e chegou a ser bastante importante no esquema de Gregg Popovich. No entanto, caiu de produção mais uma vez e então, machucou-se. Ficou de fora de 15 partidas e, quando voltou às quadras, viu-se no banco de reservas. Esboçou reação, mas aí chegaram os playoffs, quando novamente decepcionou. Jogou o seu pior basquete da carreira e tornou-se apenas “mais um”.
– A aposta em LaMarcus Aldridge para suceder Tim Duncan parecia óbvia no momento de sua contratação, há dois anos. Mas isso ficou no passado. Muitas notícias apareceram durante a temporada passada, evidenciando o seu descontentamento por não ser o principal jogador da equipe texana. Sim, Aldridge queria ter mais preponderância no ataque. Quando teve a chance de assumir tal protagonismo, após a lesão de Kawhi Leonard no primeiro jogo das finais do Oeste, ficou devendo. E muito.
Análise
Entrar em uma temporada sem Tim Duncan no San Antonio Spurs pela primeira vez desde 1996 foi algo estranho de se ver. Maior ídolo da história da equipe, Duncan deixou saudades. Mas Gregg Popovich não deixou seus comandados caírem de produção, porém. O time seguiu como um dos melhores da liga e não houve tempo para lamentar a ausência do eterno camisa 21. O jeito foi passar o bastão para Kawhi Leonard, o novo dono da franquia. Leonard não só foi eficiente na defesa, como em toda sua carreira, mas também mostrou serviço no ataque e foi o nono maior cestinha da temporada, com 25.5 pontos.
Mas nem tudo foram flores para o Spurs. As duas últimas grandes contratações para o garrafão, LaMarcus Aldridge e Pau Gasol, ficaram abaixo das expectativas. Claro que era esperado mais dos dois. Aldridge vinha de cinco convocações seguidas para o Jogo das Estrelas e era protagonista no Portland Trail Blazers. Sua fama era tão grande quando acertou com o time texano, que Bruce Bowen permitiu que ele usasse a camisa 12, que estava aposentada. Simplesmente jogou aquém do esperado e, nos playoffs, decepcionou em várias ocasiões. Já Gasol, tem um caso menos grave. Ele até foi para dois All Star Games antes de assinar com a equipe, mas chegou com 36 anos. Vá lá, é até natural que caia de produção.
Outro que despencou foi Tony Parker. Foi terrível vê-lo se arrastando em quadra, especialmente na defesa. Lento, perdeu quase sempre para os seus oponentes, cada vez mais atléticos. Foi apenas uma caricatura do que já mostrou na liga. Acelerou nos mata-matas, mas aí o corpo cobrou e perdeu o resto dos playoffs por lesão. Seu reserva, o australiano Patty Mills, foi muito superior. Para quem gosta de números, enquanto Parker faria 14.5 pontos por 36 minutos, Mills teria anotado 15.5. Isso sem contar que, quando Parker tem a bola nas mãos, ele tem muito mais liberdade para decidir suas jogadas.
Manu Ginobili foi um herói improvável. Próximo de completar 40 anos, o argentino não tem mais aquela agilidade de antigamente. Nem teria como. Porém, na partida que praticamente colocou o Spurs nas finais de conferência, Ginobili não só fez a cesta que levou o jogo 5 contra o Houston Rockets para a prorrogação, que potencialmente deixaria o rival texano em vantagem na série, mas também bloqueou um arremesso de James Harden no estouro do cronômetro, dando o triunfo ao Spurs. Na partida seguinte, com o moral elevado, sua equipe classificou-se às finais do Oeste com sonoros 114 a 75.
Já na série diante do Golden State Warriors, um desastre. O Spurs liderava com folga e parecia vencer o jogo inicial da final de conferência. O placar era 76 a 55 para a equipe de San Antonio, restando cerca de oito minutos para o fim do terceiro período. Nada menos que 21 pontos em cima do adversário, e fora de casa. Mas aí, Zaza Pachulia fez aquela falta em Leonard e o tirou da temporada. O camisa 2 ainda acertou dois lances livres, que colocaram o Spurs na frente por 23. A partir desse momento, o Warriors anotou 18 pontos consecutivos. Imagine: o Spurs já não contava com Parker, lesionado. Mesmo assim, “passava o carro”. Daí, seu melhor jogador se machuca. Foi o suficiente para o time de Oakland tomar conta não só do jogo, mas também daquelas finais. A história poderia ser outra, caso o lance de Pachulia não acontecesse. Poderia ser uma final de conferência com sete partidas disputadas. Mas não. O Spurs liderou aquele encontro por nada menos que 42 dos 48 minutos. Levou a virada e perdeu o rebolado.
Futuro
Em time que está ganhando, não se mexe. Basicamente, é assim. O San Antonio Spurs pouco fez durante as férias em termos de contratações, exceto pela contratação de Rudy Gay. Flertou com Chris Paul, até pela decadência e a lesão de Tony Parker. Não deu em nada e Paul foi para o Houston Rockets. Queria Dwyane Wade, mas o veterano preferiu reunir-se com LeBron James no Cleveland Cavaliers. A pressão ficou, mais uma vez, para Kawhi Leonard. E todo mundo sabe que ele vai resolver, após uma temporada fantástica.
Resta saber qual será o papel de Gay no elenco. Acredita-se que ele sairá do banco de reservas para jogar como ala-pivô em momentos em que o time vai apostar em formações mais baixas. Gay é um cestinha nato e que pode contribuir bem no ataque. Já LaMarcus Aldridge e Pau Gasol, devem dividir o tempo de quadra na posição de pivô, já que Dewayne Dedmon foi para o Atlanta Hawks. Chegou Joffrey Lauvergne.
Outro que saiu foi o emergente Jonathon Simmons. O ala-armador acertou com o Orlando Magic e sua ausência deverá ser preenchida por Kyle Anderson.
Quem ficou para mais um ano foi Manu Ginobili. Havia a expectativa que ele se aposentasse ao final da última temporada, mas ele optou por seguir no Spurs. Quem está próximo disso é Parker, que já não consegue render o mesmo e vai começar 2017-18 no estaleiro, por conta de cirurgia no quadríceps. Inicialmente, foi informado que ele perderia até oito meses, mas está em processo de fisioterapia e promete retornar às quadras com cerca de 90 dias de antecedência. Patty Mills vai ocupar o seu lugar no começo, mas se for bem o suficiente, pode tomar a titularidade em definitivo.
O Spurs tem um elenco respeitado e, só pelo fato de contar com Gregg Popovich no comando, já é para ser cotado ao título. O problema está nos adversários, cada vez mais reforçados, como o Oklahoma City Thunder, do MVP Russell Westbrook, e dos astros Paul George e Carmelo Anthony ou o Rockets, de James Harden e Paul. No entanto, quem ainda mete medo é o atual campeão, o Golden State Warriors.