San Antonio Spurs (67-15)
Temporada Regular: eliminado pelo Oklahoma City Thunder nas semifinais do Oeste em seis jogos
MVP da campanha: Kawhi Leonard (21.2 pontos, 6.8 rebotes, 2.6 assistências, 1.8 roubada, 1.0 bloqueio)
Pontos positivos
– Quando um grande time recebe o reforço de um jogador como LaMarcus Aldridge, você só pode esperar grandes feitos. O San Antonio Spurs melhorou ainda mais um elenco já recheado de grandes atletas, mas que carecia de novas fontes de ataque no garrafão, embora Aldridge saiba arremessar de qualquer parte de dentro da linha de três.
– Kawhi Leonard mostra a cada ano o quão excepcional jogador ele é. O ala saiu barato para o Spurs na noite do draft de 2011. Muito barato. Lembra como foi? George Hill foi para o Indiana Pacers por Davis Bertans, Erazen Lorbek e claro, Leonard. Ótimo no ataque, melhor ainda na defesa, o MVP das finais de 2014 ainda pode fazer mais estragos por aí.
– A mensagem era clara da direção do Spurs. Passar o bastão de Tony Parker e Tim Duncan para Leonard e Aldridge. E os dois contribuíram muito. Eles foram responsáveis por 33.6% dos pontos e 31.2% dos rebotes da equipe em 2015-16.
– Discreto, o australiano Patty Mills vai ganhando espaço na rotação e, pela primeira vez na carreira, superou os 20 minutos por jogo. Tony Parker não está ficando mais jovem e as lesões atrapalham a cada ano. Mills apareceu bem, com 8.5 pontos e 2.8 assistências, além de 38.4% de aproveitamento de três pontos.
Pontos negativos
– O que aconteceu com Danny Green? De um ano para o outro, o ala-armador caiu de produção vertiginosamente e não conseguiu recuperar-se durante a temporada. Green não foi, nem de longe, uma grande ameaça da linha de três em 2015-16, com 33.2% de aproveitamento e foi pior ainda nos lances de quadra, com 37.6%. A defesa, pelo menos, ajudou seu caso.
– Pela primeira vez na carreira, Duncan ficou abaixo dos dez pontos por jogo. A idade pesou ao ponto de ele ficar sem pontuar, de forma inédita, em quase 14 minutos diante do Houston Rockets na fase regular. Nos playoffs, repetiu a dose contra o Oklahoma City Thunder. Na pós-temporada, foram dez jogos e em apenas um deles, superou a marca dos dez pontos, justamente em sua despedida das quadras, com 19.
– Boban Marjanovic não teve tempo de quadra, nem espaço para atuar de forma regular. No pouco que lhe foi oferecido, porém, surpreendeu e obteve médias de 21.0 pontos, 13.7 rebotes e 1.6 toco se jogasse 36 minutos por partida.
– O Spurs contou com diversos veteranos (Andre Miller, Rasual Butler, Kevin Martin, David West e Boris Diaw), que pouco puderam contribuir pelo inchaço do elenco. Se por um ponto, o time sempre tinha ótimas peças de reposição, por outro, teve a questão da “ferrugem”. Sem muito tempo de quadra, quando entravam pareciam travados e demoravam a ajudar. Quando estavam aquecidos, já era hora do banco.
Análise
O Spurs montou um verdadeiro esquadrão. Não só no papel, claro. Em quadra, o time voava e atingiu a melhor marca de vitórias em sua história (67 em 82 jogos). Era esperado que fizessem a final do Oeste diante do Golden State Warriors, mas pararam em então emergente Oklahoma City Thunder.
É óbvio que não dá para criticar uma equipe de tanta tradição (nos últimos 20 anos). O Spurs jogou quase da mesma forma que fora campeão em 2014 e ainda recebeu LaMarcus Aldridge como reforço. O que era bom, ficou ainda melhor. Falhou, é verdade, na hora mais importante da temporada. Mas não tinha como bater o atleticismo do Thunder de Russell Westbrook e até então, Kevin Durant.
Nada menos que nove jogadores tiveram um rating abaixo de cem pontos (pontuação sofrida estimada por cem posses de bola) em defesa. O número é surpreendente, se pensarmos que entre 2012-13 e 2014-15, foram oito atletas somados. Isso passa pelo estilo de jogo imponente do técnico Gregg Popovich, que comanda a equipe desde 1996-97. O Spurs foi o menos vazado na última temporada, com apenas 92.9 pontos sofridos por embate. O mais próximo disso foi o Utah Jazz, com 95.9.
Mas se pensa que o time texano só se importou com um lado da quadra, você está bem enganado. Mesmo prezando a troca de passes para somente quando algum jogador estivesse livre pudesse arremessar, o Spurs foi o décimo que mais pontuou (103.5 por jogo), o segundo com o melhor aproveitamento de quadra (48.4%) e três pontos (37.5%), ambas marcas atrás apenas do Warriors.
Infelizmente, a idade chegou para Duncan. Sem condições de atuar em partidas em sequência, o veterano perdeu tempo de quadra e também, mobilidade. Tudo bem. Ele estava mais lento, menos necessário no ataque, mas fazia toda a diferença na defesa. Aos 40 anos, pediu o boné. Já não era tão empolgante para ele, o que é completamente compreensível para alguém que teve a mesma rotina desde 1997-98 e quase 1.400 jogos. Vai fazer falta.
Futuro
Para 2016-17, o Spurs não perdeu tempo e fechou com o espanhol Pau Gasol. Tudo bem, ele não é nenhum garoto. Mas, aos 36 anos, o atleta foi um dos destaques do Chicago Bulls nas últimas duas temporadas e foi titular em um Jogo das Estrelas enquanto esteve no time de Illinois. Gasol chega para ocupar a vaga de Duncan. Experiente, ótimo arremessador e passador, ele se encaixa perfeitamente no esquema de Popovich. David Lee também chegou, mas para ser o David West da vez.
Fora isso, a diretoria voltou a apostar em jogadores pouco conhecidos ou de menor expressão, como Dewayne Dedmon, Patricio Garino, além de atletas que tinha seus direitos, como Ryan Richards (draft de 2010), Davis Bertans (2011), e Livio Jean-Charles (2013). Isso sem contar que pode ter dado o pulo do gato no recrutamento deste ano ao selecionar o ala-armador Dejounte Murray, que era figura carimbada no Top 20 dos mocks na 29ª escolha.
De resto, o elenco perdeu Diaw, Miller, West, Marjanovic e Matt Bonner, e manteve a base titular quase intacta, com exceção feita a Duncan. Aliás, pela primeira vez em quase 20 anos, o Spurs vai começar uma temporada sem o camisa 21 em quadra. Estranho demais, mas a vida segue em San Antonio. Manu Ginobili era esperado para seguir seus passos, mas optou por jogar mais um ano. Menos mal.
A ideia é aprimorar ainda mais o estilo de jogo de passes e de defesa forte. A preocupação está em Parker. Popovich deverá limitar seu tempo de quadra, dando mais espaço a Mills. Assim, por mais que o australiano não seja especialista como organizador (o camisa 9 também nunca foi exatamente um desses), o time ganha em arremessos de longa distância. O quinteto que está em quadra fica responsável por achar o melhor jogador posicionado para o chute. Sem definições atribuídas. Com Gasol, o passe de dentro do garrafão para arremessadores melhora bastante.
Que o Spurs vai brigar novamente pelos primeiros lugares do Oeste, ninguém duvida. Pode até não ser o time a superar o Warriors (talvez, ninguém consiga de fato), mas a expectativa é tão boa quanto as dos anos anteriores.