Indiana Pacers – Por Thiéres Rabelo
Todos os números
Resultado final: Eliminado pelo Chicago Bulls na primeira rodada dos playoffs por 4 a 1
Temporada regular: 37-45, 2° na divisão Central, 8° na conferência Leste
Maior invencibilidade: Quatro jogos – entre 31 de janeiro e 6 de fevereiro
Maior jejum de vitórias: Seis jogos, duas vezes
Média de público como mandante: 13.538 pessoas (74.5% da capacidade)
Maior salário: Danny Granger, $ 10.973.202 dólares
Pontos por jogo: 99.8 (13°)
Pontos sofridos por jogo: 100.9 (17°)
Rebotes por jogo: 43.6 (5°)
Assistências por jogo: 19.7 (28°)
Bloqueios por jogo: 5.6 (6°)
Roubadas de bola por jogo: 7.1 (22°)
Erros de ataque por jogo: 14.8 (27°)
Porcentagem de arremessos convertidos: 44.3% (25°)
Porcentagem de lances livres convertidos: 78.2% (5°)
Porcentagem de arremessos de três pontos convertidos: 35.4% (16°)
Maior pontuação: 144, contra o Denver Nuggets no dia 9 de novembro
Menor pontuação: 73, contra o Chicago Bulls no dia 13 de dezembro
Maior pontuação sofrida: 122, contra o San Antonio Spurs no dia 27 de outubro
Menor pontuação sofrida: 77, contra o Miami Heat no dia 22 de novembro
Maior cestinha em um jogo: 37 pontos, Danny Granger contra o Sacramento Kings no dia 30 de novembro
Maior reboteiro em um jogo: 17 rebotes, Danny Granger contra o New York Knicks no dia 2 de janeiro
Maior assistente em um jogo: 13 assistências, Darren Collison contra o Philadelphia 76ers no dia 11 de janeiro
Ginásio: Conseco Fieldhouse (capacidade para 18.165 pessoas)
Técnico: Jim O’Brien, depois Frank Vogel (Uma temporada, 20-18)
Movimentações no elenco:
24 de junho de 2010: Recebeu a escolha 51 do draft de 2010 (Magnum Rolle) do Oklahoma City Thunder pela escolha 57 (Ryan Reid), mais considerações em dinheiro
Assinou com Darren Collison e James Posey como agentes livres
A temporada
O Indiana Pacers teve duas temporadas distintas, no espaço de uma. A primeira, sofrida e dolorosa como as cinco anteriores, com Jim O’Brien no comando técnico. A segunda com Frank Vogel no comando e o retorno aos playoffs após cinco anos.
Os números podem definir bem o que foi o comando de cada treinador. Mas não apenas os números mostram essa mudança da água para o vinho. Os 44 jogos de O’Brien à frente do time nesta temporada foram recheados dos insistentes erros que o técnico vinha cometendo nos três anos anteriores.
Entre muitos, podemos citar o fato de não dar sequência a vários jogadores. Por exemplo, um jogador fazia uma bela partida e, na seguinte, sequer levantava do banco de reservas. Vários outros também podem ser, má condução de jovens como Tyler Hansbrough e Roy Hibbert; declarações públicas colocando a culpa de derrotas em um jogador individualmente. Uma espécie de “jeito brasileiro” de jogar, ou seja, correr como um louco para o ataque e chutar de três com 20 segundos de posse de bola.
Nesses 44 jogos, “JOB”, como era apelidado, não conseguiu mais que 17 vitórias e 27 derrotas. Mantendo a escrita de jamais ter tido uma campanha positiva com o time, em três temporadas e meia. Foi demitido após a derrota por 110 a 89 para o Bulls, em Chicago, no final de janeiro.
Frank Vogel assumiu e nada mais fez do que corrigir erros óbvios cometidos por “JOB”. Nada genial ou prodigioso. Apenas corrigiu erros e conseguiu extrair do time o que verdadeiramente seus jogadores poderiam oferecer.
Ele foi o responsável pela subida de produção de Hansbrough (um dos que, em falas públicas, se mostrou contente com a troca de treinador), que com O’Brien havia sido titular em apenas dez partidas. Com Vogel, ele se acabou – não de imediato – por se tornar titular absoluto, tendo médias de 16,8 pontos por jogo em março. Ele foi, talvez, a peça fundamental para as 20 vitórias que Vogel obteve nos 38 jogos à frente do time.
Após a troca, o Pacers foi de um dos piores times da Conferência Leste, para os playoffs. Nos oito primeiros jogos de Vogel, foram sete vitórias. Triunfos sobre Portland Trail Blazers, New York Knicks, Boston Celtics e Chicago Bulls mostravam que o time havia realmente mudado. Mas o mais importante de tudo: vitórias contra lanternas, como Minnesota Timberwolves, Cleveland Cavaliers, New Jersey Nets, entre outros, coisa que o Pacers de “JOB” não conseguia fazer em hipótese alguma.
As 20 vitórias na reta final da temporada foram suficientes para que o time ficasse com a oitava posição na fraquíssima conferência Leste. O time foi eliminado por 4 a 1 pelo Bulls na primeira rodada, mas essa classificação após cinco anos (principalmente a vitória de honra na série) teve uma carga muito mais simbólica do que prática: parecem finalmente terminados os anos de vacas magras no Indiana Pacers.
O draft 2011
O escolhido foi o ala Kawhi Leonard, imediatamente trocado com o San Antonio Spurs pelo armador George Hill. A negociação não foi apenas uma questão de talento. Hill, nascido e criado em Indianápolis, era pretendido pelo Pacers no Draft de 2008, quando o time tinha a 41ª escolha. Porém, o Spurs surpreendeu a todos – inclusive Hill – selecionando-o na 26ª escolha. O jogador, ídolo local, mostrou muita alegria com a volta para casa.
O perímetro
A maior força do time. Darren Collison, em uma temporada, foi melhor que todos os armadores que passaram pelo time desde o afastamento de Jamaal Tinsley. Mas era outro que sofria com O’Brien. Ele teve de se adaptar após deixar o New Orleans Hornets, onde jogava muito mais solto. Em Indiana, ele desempenhou uma função muito mais de cadência do ritmo de jogo, do que os fortes contra-ataques em Nova Orleans. Com O’Brien, a seleção de arremessos dos alas era péssima, mas, com Vogel, isso foi consertado e suas assistências aumentaram significativamente.
Danny Granger, principal jogador do time com O’Brien, sempre se destacou na pontuação. Com Vogel, os pontos diminuíram, porém, a porcentagem de acerto nos arremessos de quadra aumentou. Os arremessos de três deixaram de ser sua única arma e ele passou a jogar mais próximo da cesta.
Paul George, calouro que havia entrado em quadra cerca de 20 jogos com “JOB”, se tornou peça importante na nova rotação. Outra peça de muita importância, chegando a ser titular em março. Granger teve seu nome especulado em vários rumores, pois acreditam muito no potencial de George.
A.J. Price e Brandon Rush (criticado publicamente por O’Brien) foram atletas que tiveram a confiança renovada com Vogel. James Posey, apesar da idade, também demonstrava vontade quando entrava, além da mão certeira nos chutes de três.
O garrafão
Leia-se Hansbrough. Começando a temporada descreditado, em função das várias contusões no ano anterior, o jogador surpreendeu a muitos. Em março, ele teve uma seqüência de sete jogos, onde fez 26 ou mais pontos em quatro deles, incluindo três duplos-duplos. Na série contra o Bulls, deu trabalho para Carlos Boozer. Tem um futuro brilhante na NBA, caso mantenha esse crescimento.
Roy Hibbert ainda não é tudo o que se espera dele, com apenas três temporadas jogadas. Mas está no caminho certo para ser um dos principais pivôs da NBA. No primeiro mês da temporada, ele teve médias de 18,3 pontos, dez rebotes e 2,7 tocos por jogo. Mas ele caiu com o time. Com Vogel, sua força defensiva e presença do garrafão (principalmente na marcação zona) foram muito melhor aproveitadas. O garrafão do time se mostrou mais compacto e agressivo, com um pivô de 2,18m no seu centro. Ele é outro que segue um bom caminho de desenvolvimento, podendo deslanchar já na próxima temporada.
Análise geral
Nesta temporada que terminou, o que se viu do Pacers foi um quinteto bom e muito capaz de conseguir manter-se nos playoffs, visto que conseguiu o feito jogando bem apenas meia temporada. Mas muita coisa ainda precisa melhorar.
Collison, George, Granger, Hansbrough e Hibbert foi um quinteto de qualidade. As duas vitórias obtidas sobre o Bulls (uma na temporada regular), melhor time da liga até então, foram uma prova disso. A postura defensiva não deixou a desejar, ao contrário dos anos anteriores.
Ponto negativo da temporada pode ter sido Granger. Em muitos momentos ele se mostrou um jogador omisso não apenas dentro de quadra, especialmente nos piores momentos do time no campeonato. Com isso, criou-se durante o ano a dúvida se ele é realmente o franchise player que o time necessita. Hibbert (caso realmente se torne o jogador que a torcida espera) parece atrair para si essa função de liderança em um futuro próximo. Para se ter uma noção, Granger foi envolvido em vários rumores de trocas, enquanto a diretoria afirma, veementemente, que Hibbert é intocável.
Um ponto positivo da temporada foi Vogel, efetivado no cargo de treinador na semana passada. Como foi dito, ele não fez nada prodigioso, mas não deixou de ser um bom trabalho. É uma tolice enorme acreditar que exista uma “taxa de proporção” dos 38 jogos de Vogel para uma temporada de 82 jogos. Mas vale salientar que, desde 2006, ele foi o único treinador dos três que estiveram à frente do time a conseguir uma campanha com mais vitórias que derrotas.
Opinião do torcedor – Thiéres Rabelo Indiana Pacers Brasil
Será que é Lei de Muprhy? É só o Pacers voltar aos trilhos e acontece o locaute… Como se fala em minha terra, “oh trem esquisito”!
Mesmo com todo o imbróglio fora das quadras, o basquete no estado americano que mais ama o esporte vive seu momento de maior otimismo desde a temporada das 61 vitórias, em 2004. Ou desde os jogos que antecederam a grande briga de Detroit em 2005, pois muitos acreditavam que aquele elenco seria campeão. Enfim.
Como mencionado acima, a classificação aos playoffs foi uma vitória simbólica. Para nós, ela foi o marco do fim da “reconstrução” pela qual o time passou após a briga de Detroit. Em função disso, esse locaute se torna muito mais angustiante para os torcedores hoosiers. Estamos extremamente ansiosos para ver esse time em quadra, se ele realmente vai vingar, se tem futuro, etc.
Fato é que a última impressão deixada por ele foi muito boa. A vitória sobre o Bulls no Conseco Fieldhouse, mesmo com mais da metade de torcedores se vestindo de vermelho (Chicago não é longe de Indianápolis), fez valer toda a temporada. Toda a série, aliás. O que se viu nos cinco jogos foi um Pacers jogando maravilhosamente bem, passando muito perto de vencer alguns jogos, mas sendo superado na individualidade do Bulls (leia-se Derrick Rose).
No primeiro jogo, em Chicago, quando Indy liderava nos momentos finais do jogo, tenho a certeza de que vários torcedores do nosso rival de divisão se lembraram, mesmo que remotamente, da série entre Mavericks e Warriors, em 2007…
Para aumentar nosso otimismo, Bird começou a se mexer, enquanto pôde (locaute). Trazer George Hill, talentoso e “prata da casa”, foi uma manobra de gênio. Posso estar enganado, mas não me lembro de um negócio tão bom quanto esse desde a troca onde Jermaine O’Neal desembarcou em Indiana. Ah, me esqueci. Trocar Troy Murphy também foi maravilhoso…
Mas é isso. Nós torcedores hoosiers vamos sofrer, talvez mais do que os de qualquer time, com esse locaute. Queremos muito, mas muito mesmo, rever esse time em quadra. Acreditamos seriamente na evolução desse time.
Minha esperança vem de uma frase que ouvi do amigo e também ex-Jumper Carlos Feliciano, em uma rede social, logo após que seu Mavericks levantou o caneco Larry O’Brien: “estou emocionado, amigo. Só nós (torcedores) sabemos o tanto que a gente já foi ridicularizado por torcer pra esse time nos últimos anos”.
A redenção chegou para eles. Sei que chegará também para nós.
Titulares
PG: Darren Collison – 13.2 pontos, 5.1 assistências, 1.1 roubada, 87.1% nos arremessos de lances livres
SG: Mike Dunleavy – 11.2 pontos, 4.5 rebotes, 40.2% nos arremessos de três pontos
SF: Danny Granger – 20.5 pontos, 5.4 rebotes, 1.1 roubada, 38.6% nos arremessos de três pontos, 84.7% nos arremessos de lances livres
PF: Tyler Hansbrough – 11.0 pontos, 5.2 rebotes
C: Roy Hibbert – 12.7 pontos, 7.5 rebotes, 1.8 bloqueio
Principais reservas
SG: Brandon Rush – 9.1 pontos, 41.7% nos arremessos de três pontos
SG: Paul George – 7.8 pontos, 3.7 rebotes
PF: Josh McRoberts – 7.4 pontos, 5.3 rebotes
PG: A.J. Price – 6.5 pontos
PG: T.J. Ford – 5.4 pontos, 3.4 assistências
C/PF: Jeff Foster – 3.3 pontos, 6.3 rebotes
SG/SF: James Posey – 4.9 pontos, 3.0 rebotes
SG: Dahntay Jones – 6.3 pontos