Revisão da temporada – Atlanta Hawks

Indecisão sobre rumos da franquia da Geórgia levou a campanha anticlimática, sem grandes ambições

Fonte: Indecisão sobre rumos da franquia da Geórgia levou a campanha anticlimática, sem grandes ambições

Atlanta Hawks (43-39)

Temporada regular: quinta colocação da conferência Leste
Playoffs: eliminado pelo Wizards, na primeira rodada, em seis partidas
MVP da campanha: Paul Millsap

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Pontos positivos

– Embora a campanha tenha sido oscilante, o Hawks manteve-se regular na defesa: o time teve uma das sete defesas mais eficientes da liga pelo terceiro ano seguido. Cedeu 103.1 pontos por 100 posses de bola, quarta melhor marca da temporada.

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– A equipe mostrou reação diante de um problema histórico: os rebotes. Depois de quatro anos como um dos piores da NBA em taxa de rebotes coletados, Atlanta terminou a última campanha em um respeitoso 12º lugar geral (50.3%).

– O Hawks ainda se mostrou competitivo e metódico nas situações mais críticas: foi o sétimo time com melhor aproveitamento (59.1%) em situações de clutch – jogos que chegaram aos cinco minutos finais com diferença de até cinco pontos no placar.

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– Quando deu chances, a franquia recebeu respostas promissoras dos calouros que selecionou na primeira rodada do último draft. Taurean Prince, em especial, tem a versatilidade para encaixar-se na filosofia do técnico Mike Budenholzer.

– Dennis Schroder não foi um estrondo, mas teve uma grande subida de produção em seu primeiro ano como titular. Mais do que isso: em atuações pontuais, ele exibiu postura e atitude que espera-se de uma peça central no futuro de um time.

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Pontos negativos

– Pela primeira vez em oito anos, o Hawks não teve um dos dez melhores índices de taxa de assistências da liga. Péssimo sinal para uma equipe que, nos melhores momentos, encantou com uma ofensiva de passes rápidos e inteligentes.

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– Os passes diminuíram e, para piorar, os desperdícios de bola aumentaram: o time teve 14.2% de suas posses encerrando com turnovers. Foi a terceira pior marca da liga, à frente apenas dos jovens (e fracos) Brooklyn Nets e Philadelphia 76ers.

– Grande aposta de Atlanta na última offseason, Dwight Howard impulsionou uma melhora nos rebotes e teve algumas grandes atuações. Não foi um desastre, mas passou longe de ser um diferencial e acabou os playoffs no banco de reservas.

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– Kent Bazemore pode estar se revelando um dos piores investimentos da última offseason: de destaque do Hawks no primeiro semestre de 2016, ele passou a um jogador totalmente comum na maior parte da campanha passada.

– A franquia da Geórgia pareceu, na maior parte da última temporada, à deriva em termos de pretensões. Passou o ano oscilando entre incertezas de ser uma equipe competitiva ou reconstruir seu elenco. E, no fim, não foi uma coisa ou outra.

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Análise

A temporada do Hawks foi marcada por uma profunda indefinição: a equipe flertou com uma reconstrução de elenco ao longo do ano inteiro, mas, por vários motivos, nunca chegou a “abraçá-la” por completo. Reconhecer o fim da história da base de 2015, que venceu 60 jogos e chegou às finais do Leste, foi difícil. Como quem fica no meio do caminho entre um lugar e outro, o time não chegou a lugar nenhum.

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A franquia perdeu dois de seus titulares na última offseason, com a saída do pivô Al Horford e a troca de Jeff Teague. Os dois desfalques se “juntavam” ao ala DeMarre Carroll, que saiu na temporada passada. O time de dois anos atrás já estava muito “desfigurado”, mas os executivos da Geórgia ignoraram sinais para seguir lutando no topo do Leste: o astro Dwight Howard foi contratado para preencher lacuna no garrafão e Dennis Schroder era visto como herdeiro natural e pronto da armação.

E, para ser sincero, o Hawks teve bons momentos. A equipe abriu a temporada com nove vitórias nos 11 jogos iniciais da campanha, refletindo o entrosamento e forma sólida de jogo desenvolvidos sob o comando do técnico Mike Bundeholzer. Depois, em janeiro, venceu 11 de 15 partidas. Foram instantes estratégicos (pós-offseason e antes da trade deadline) para que a franquia desistisse de uma reformulação que parecia inevitável e seguisse tentando competir com sua base.

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Mas, se era para competir, por que negociar um de seus titulares mais experientes (Kyle Korver) para o atual tricampeão do Leste (e sempre favorito) Cavaliers, em fevereiro? Esses são aqueles momentos que mostram a falta de um norte para a franquia. Atlanta nunca tomou uma decisão concreta na última temporada. Foi um voto de confiança sem convicção, que parecia “disfarçar” um desmanche que já vinha acontecendo organicamente.

O Hawks também foi surpreendentemente competitivo contra adversários de alto nível: a equipe venceu oito das 14 partidas, por exemplo, contra os quatro donos de mando de quadra do Leste. Diante desses oponentes, em específico, o quinto colocado da conferência exibiu uma excelente organização defensiva e a ofensiva metódica dos melhores momentos do time. Mas a instabilidade foi marcante: ao mesmo tempo, os comandados de Budenholzer não passaram de (medianos) 60% de aproveitamento nos 20 jogos contra os cinco piores colocados do Leste.

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Como quinto colocado da conferência, Atlanta deu relativo azar: o confronto de primeira rodada de playoffs foi exatamente contra o único time do TOP 4 contra quem tinha um retrospecto negativo, o Washington Wizards. John Wall, um dos melhores armadores da liga, controlou as ações (29.5 pts., 10.3 ass., 52.5% FG) contra Schroder e a equipe da Geórgia sofreu para tentar impor seu estilo mais técnico diante de um adversário muito mais disposto ao embate físico que os playoffs “atrai”.

A derrota em seis jogos nas quartas-de-final do Leste foi um fim anticlimático, revelando um confronto que, em retrospectiva, foi bem menos equilibrado do que se previa ou esperava. Foi, ainda, um bom espelho para a estranha temporada do Hawks. O resumo da ópera é até bem simples: os bons momentos foram muito bons, os maus momentos foi muito maus e, como um todo, a campanha passou aquela sensação desconfortável de mediocridade. Aquela sensação que clama por mudanças.

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Futuro

O Hawks, finalmente, tomou uma decisão. A franquia sequer tentou a renovação de contrato com o astro Paul Millsap, abriu mão de cobrir a proposta do Knicks por Tim Hardaway Jr. e começou um processo de reconstrução de elenco que já ensaiava há tempos, mas nunca teve efetiva coragem de assumir. É seguro dizer que, depois de uma década, o time não deverá estar nos playoffs em abril do ano que vem.

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Longe disso, na verdade. Como um time mais interessado em uma alta escolha no próximo draft, a franquia circundou sua “grande aposta” para a nova base (Dennis Schroder) com uma série de jogadores jovens e veteranos coadjuvantes. O Hawks tem grandes chances de terminar a próxima temporada com uma das piores – se não, a pior – campanha da liga.

Mas há algo interessante na formação desse elenco: a maioria dos contratados são jogadores limitados, mas bons arremessadores. Essa construção replica uma das características das equipes de Mike Budenholzer nas temporadas recentes e visa colocar Schroder em condições ideais para, consistentemente, passar a dominar partidas no ataque: com a quadra espaçada, sua explosão e velocidade tendem a ser fatores muito explorados. Ele terá sinal verde para atacar. Seria uma forma do time da Geórgia “acelerar” a evolução de sua maior esperança.

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Vai dar certo? É provável que, na marra, sim. Será o efetivo batismo de fogo para seu talento. O armador deve vir para sua melhor temporada da carreira (mais uma vez) e será uma excelente aposta naqueles jogos de fantasy. Ele ainda deve chegar “embalado” pela participação no Eurobasket, com ritmo. E, em uma nota menor, vale ficar de olho na defesa dessa equipe – que sempre foi um dos pontos fortes das formações montadas por Budenholzer.

Schroder representará, para o bem ou para o mal, o primeiro passo de um novo Hawks. Após dois anos de indecisão, um legítimo “vai, não vai”, esse era o único passo possível. O futuro começa agora em Atlanta.

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