A NBA pode estar com temporada em andamento ou de férias, mas uma discussão não para: as comparações entre Michael Jordan e LeBron James. Todos parecem já ter dado opinião sobre o assunto, mas poucos debatem com o conhecimento de causa de terem jogado contra ambos. Um dos novos membros do Hall da Fama, Ray Allen é um desses poucos e, na verdade, não vê espaço para conversa.
“LeBron é um dos cinco melhores jogadores da história, mas, tendo enfrentado os dois, não existe comparação. Michael tinha tudo em seu arsenal: dominava jogos na média distância, linha de três pontos, de costas para a cesta. Como quisesse. LeBron pode fazer muitas coisas, sim, mas não há nada que ele possa fazer para superá-lo”, cravou o ex-ala-armador, em entrevista ao radialista Dan Patrick.
Constantemente, o chamado all around game é apontado como a grande vantagem de James sobre Jordan: o ala do Los Angeles Lakers possui médias superiores de rebotes e assistências do que o craque do Chicago Bulls, além de já acumular 55 triplos-duplos a mais na carreira. Allen, ainda assim, não é tão rápido em declará-lo um melhor all around player do que o maior jogador de todos os tempos.
“Essa é uma questão dura e complexa. LeBron é um dos melhores passadores que a NBA já viu e, sim, Michael não passava tanto assim. Mas, ao mesmo tempo, ele não tinha nenhuma outra ‘fraqueza’ em seu jogo. Nada. E Michael foi um legítimo two-way player. Era tão dominante e incrível defensivamente quanto no ataque”, ponderou o dono de 2.973 cestas de três pontos em 18 anos de carreira.
Jordan, por outro lado, sempre foi visto como um jogador diferente de James por conta de sua mentalidade destruidora. Ele fazia questão de dominar defensores, marcar o principal atleta adversário e é reconhecido como um dos grandes trash talkers de todos os tempos. Allen, como não poderia deixar de ser, foi uma das várias vítimas costumeiras de atuações brilhantes – e provocações – de MJ.
“Michael não era malvado, mas ‘matava’ os adversários aos poucos. Lembro de um jogo em que ele tinha 45 pontos contra mim e um dos assistentes do Bucks estava reclamando comigo. Fiz tudo o que podia, tudo o que estava no relatório pré-jogo. Nada funcionou. Então, Michael passou em frente ao banco e falou: ‘Calma! Quer saber? O menino até está fazendo um bom trabalho!’”, lembrou, dando risada.
É essa mentalidade que, no fim das contas, Allen acredita ser o que faz Jordan tão soberano no trono da história da NBA e superior a qualquer outro jogador que teve a oportunidade de conhecer. “Michael simplesmente sabia que ninguém podia pará-lo. Fazia o que queria, quando quisesse, contra qualquer um. Eu podia tentar o que conseguisse e não adiantaria. Esse era Michael”, sintetizou o ex-arremessador.