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A temporada regular está chegando ao fim e isso significa que também o ranking dos novatos. Na verdade, esta é a última edição “tradicional” da coluna no primeiro semestre. O sexto mês (abril) é aquilo que apelido de balanço geral: uma análise da classe com textos não somente sobre os dez melhores, mas dos vários estreantes que acompanhei durante o ano. Tanto na NBA, quanto na D-League.
Mas a história ainda não acabou. O último passo coletivo da turma na temporada é o anúncio do prêmio de calouro do ano e das equipes ideais de novatos. Salvo uma enorme surpresa, o troféu está nas mãos do armador Damian Lillard. E, se você não lembra, a primeira edição do ranking trouxe um levantamento bem completo do que a carreira de um calouro do ano se torna, em média. Resumindo, simboliza um ótimo pontapé inicial. Vale voltar lá e dar uma olhada.
Mas e quanto aos times ideais? O que significar ser selecionado para uma das duas equipes? É o que veremos aqui. Como em rankings anteriores, eu pegarei os jogadores escolhidos no intervalo de cinco a dez anos atrás como amostragem. Lembro antes de iniciar que, como são comuns os empates nestas votações, nem sempre temos quintetos aqui. O segundo time de estreantes de 2007, por exemplo, teve sete atletas.
Se analisarmos os rumos das carreiras dos 31 jogadores selecionados para o primeiro time de calouros entre 2003 e 2008 temos resultados muito animadores. Trata-se de um ótimo sinal de futuro, no mínimo, sólido na liga. Observe:
– Dezesseis dos atletas (51.6% do total) foram convocados para o Jogo das Estrelas em, no mínimo, uma oportunidade. Ou seja, mais de metade dos escolhidos.
– Quatorze deles (45.1%) foram selecionados para um dos três quintetos ideais da liga em, no mínimo, uma temporada. Nove deles (29%) figuraram no primeiro time.
– Talvez o mais importante: apenas dois deles (6.4%) não estão mais jogando na NBA. Um terceiro atleta que poderia ser incluído neste grupo seria Brandon Roy, que já chegou a se aposentar, mas o ala-armador voltou e está ativo novamente na liga neste momento.
A história sofre uma mudança radical quando falamos dos 32 jogadores selecionados para o segundo time de calouros entre 2003 e 2008. Os resultados são tão desanimadores que até assustam. Note como as perspectivas futuras não são das melhores:
– Seis dos atletas (18.7% do total) foram convocados para o Jogo das Estrelas em, no mínimo, uma oportunidade na carreira. Ou seja, menos de 1/5 dos escolhidos.
– Três deles (9.3%) foram selecionados para um dos três quintetos ideias da liga em, no mínimo, uma temporada. Na verdade, os três foram do terceiro time.
– Provavelmente, o mais intimidante: quinze deles (46.8%) não estão mais jogando na NBA. Estamos falando de quase metade do total de escolhidos.
O insucesso de tantos escolhidos para o segundo time tem motivo: a maioria deles são atletas mais velhos e com menor potencial – preparados para jogar imediatamente, mas sem muito a evoluir. São indivíduos propensos a, em algum momento da carreira, serem preteridos por algum jovem talentoso ou descobrirem que podem ter maior status e segurança financeira atuando em outras partes do mundo. É a ordem natural das coisas: não há espaço para todo mundo.
Outro fator a se levar em conta é que os times de novatos não respeitam posição. O primeiro quinteto de 2003, por exemplo, tinha quatro homens de garrafão (Yao Ming, Nenê, Amare Stoudemire e Drew Gooden). Já no segundo quinteto de 2006 não tinha nenhum pivô (Ryan Gomes, Danny Granger, Marvin Williams, Luther Head e Raymond Felton). Assim, você tem desequilíbrios de amostragem por posições que podem gerar resultados oscilantes.
É uma questão de lógica: será muito mais difícil ter cinco all stars em uma equipe com caras de apenas duas posições do que em outra com cinco posições diferentes. A variedade aumenta, as oportunidades seguem junto. Mas, de qualquer forma, fica a dica: lute para não ficar de fora do primeiro time de novatos.
Vamos à quinta edição do Ranking dos Novatos Jumper Brasil, que analisa o desempenho dos calouros levando em conta o período entre 01 e 31 de março.
(-) 1. Damian Lillard (armador, Portland Trail Blazers)
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Não é exagero dizer que é mais fácil operar em transição do que em meia quadra. Nada como ter espaço, poder disparar em direção à cesta e ter só um ou dois marcadores (quando muito) pela frente. Na teoria, trata-se da situação dos sonhos para qualquer jogador. Por isso, é uma surpresa notar que a eficiência pontuando em transição consiste, provavelmente, no principal problema ofensivo de Damian Lillard em sua temporada de estreia na NBA. Com 1.05 pontos por posse em tais situações, ele é apenas o 201º atleta mais eficiente da liga no quesito. E, parando para ver seus jogos e vídeos, não é difícil entender a razão do baixo índice.
Lillard arremessa muito mais do que deveria em situações de transição, optando por tentativas de média e longa distância ao invés de atacar a cesta e buscar pontos fáceis. Para se ter uma ideia do que quero dizer aqui, o novato finalizou 41% de suas jogadas em transição (57 de 139 oportunidades) em chutes de três pontos. Para alguém que toma tantas boas decisões dentro de quadra, operando em diferentes velocidades, esse é um raríssimo indicativo de julgamento ruim. Tão raro que leva-nos automaticamente a tentar buscar explicações.
A julgar por sua linguagem corporal “puxando” contra-ataques, é possível dizer que o armador sai da quadra de defesa bem consciente do que pretende fazer segundos mais tarde. Ele não parece descontrolado e diminui a velocidade pouco antes de saltar para o arremesso – o que prova tratar-se de um movimento premeditado (nada impulsivo ou planejado de última hora), permite maior equilíbrio no salto e aumenta o espaço para o defensor mais próximo. Então, o que temos aqui? Eu não leio mentes, mas acredito que Lillard aposta em sua capacidade de converter arremessos para aproveitar o espaço proporcionado em transição, quebrar o ritmo das ações e surpreender os defensores. Isso tem sua lógica. E funciona quando usado com parcimônia. Em mais de metade das situações? É exagero.
Neste momento, Lillard pontua em 46.7% de suas situações de transição. Mas, com melhores decisões, esse número pode ser mais alto. Ataque mais a cesta (afinal, não estamos falando de um finalizador ruim), garanta os pontos fáceis e deixe os arremessos para quando forem realmente a opção mais indicada.
(–) 2. Anthony Davis (ala-pivô, New Orleans Hornets)
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Para muitos, a temporada de Anthony Davis é decepcionante. Não é bem assim. O novato está prestes a terminar um excelente ano de estreia na NBA e a razão para que todos tenham essa impressão ruim é a altíssima expectativa criada em torno do primeiro escolhido no último draft. E, se você estava começando a desistir do ala-pivô, março foi um lembrete de seu potencial e produtividade dentro de quadra. Longe de problemas físicos e concussões, livre para atuar os 30 minutos por noite que se esperava, ele se sobressaiu em 14 duelos: 16.0 pontos, 9.9 rebotes, 1.6 toco e mais de 55% de conversão nos arremessos tentados.
No entanto, a subida de produção não pode ser unicamente creditada ao aumento do tempo de quadra. O calouro mostrou sensível evolução em certos aspectos do jogo durante a temporada. Em especial, sua defesa deu um sinal necessário e animador: ele já está bem mais confortável deixando o garrafão e defendendo o perímetro, em situações de pick’n’rolls (onde é um dos 90 melhores da liga evitando pontuação) ou acompanhando pivôs capazes de converter chutes de média e longa distância. Já no lado ofensivo, Davis vem arremessando com mais eficiência do que em meses anteriores – apresentando maior equilíbrio, rapidez, convicção ao tomar decisões e usando seus braços longos para não ser incomodado por oponentes.
Colocando tudo isso na balança, é impressionante e um pouco preocupante perceber como sua presença em quadra não teve grande impacto nas atuações do Hornets. Na verdade, em termos de saldo de pontos, a equipe foi melhor no geral de março (-36) do que separando só o tempo em que o ala-pivô esteve em quadra (-44). Na frieza das estatísticas, aliás, o time vem sendo ligeiramente mais eficiente ofensiva (106.0 pontos anotados a cada 100 posses de bola contra 105.9) e defensivamente (109.1 pontos cedidos contra 111.0) quando Davis está fora de ação. Ninguém joga sozinho e, por isso, tais números podem ser falhos. Quando um futuro astro faz grandes atuações, porém, você espera que o impacto se faça mais sentido.
(–) 3. Andre Drummond (pivô, Detroit Pistons)
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[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=DnT0UH_Erjg]
Recuperado de uma contusão nas costas, Drummond não quis iniciar suas férias mais cedo e decidiu voltar às quadras para a disputa das últimas partidas do Detroit Pistons na temporada. Voltou bem, por sinal. Depois de dois meses parado, o pivô anotou 12.5 pontos, 9.0 rebotes e 70.6% de conversão nos arremessos de quadra em dois jogos no mês de março. Embora não tenha fundamentos técnicos sólidos, o novato continua fazendo o que tem feito no ano inteiro: dominado com seus atributos físico-atléticos totalmente fora do comum. Isso é o que deve ser observado com atenção: ele só está arranhando a superfície do potencial que possui.
Mas não adiante falar sobre as ótimas atuações ou o talento de Drummond: seu retorno ficou realmente marcado por ter conseguido air balls em dois lances livres seguidos (vídeo acima) diante do Chicago Bulls. Algo que não chega a ser surpreendente vindo de um estreante que converte menos de 35% de seus lances livres – e caindo. Ele deixou 81 possíveis pontos na linha dos lances livres e marcou apenas 43. Então, a caminho das férias, o pivô precisa estar se perguntando: como arrumar isso?
Existe uma excelente notícia a ser dada avaliando o arremesso de Drummond: sua mecânica é boa. Estamos falando de um atleta que sempre teve a capacidade de chutar de curta distância quando mais jovem e, na verdade, mostrou melhorias em sua forma no período de transição da NCAA para o basquete profissional – subiu o ponto de lançamento da bola do peito para acima da cabeça. Perceba como o movimento de arremesso do pivô é fluido, não tem nenhum “tique” ou desequilíbrio. A questão aqui parece ser muito mais tato (o clássico mãos grandes tentando controlar uma bola pequena) do que qualquer outra coisa.
Neste caso, o caminho é repetição. Ele não precisa mudar a forma de arremessar, mas sim se acostumar com o ato de arremessar. Quinhentos lances livres por dia deverá ser sua rotina nestas férias. Drummond não precisa acertar 90% dos arremessos que tenta, mas 34.6% é simplesmente inaceitável para um jogador profissional.
(↑) 4. Bradley Beal (ala-armador, Washington Wizards)
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Bradley Beal é um excelente arremessador. Se você não o viu em ação na última temporada da NCAA, ficou sabendo disso pela extensa cobertura que o Jumper fez sobre o draft (e vem outra por aí). Se você não nos acompanhou nos tempos do recrutamento, pôde comprovar a pontaria do novato desde o início de 2013. De janeiro para cá, o ala-armador vem acertando 46.3% de seus arremessos de quadra e (absurdos) 49.2% das bolas de três pontos. O início ruim ficou para trás e, agora, é seguro dizer que todos já saibam da precisão do calouro nos chutes de média e longa distância.
Reconhecimento é bom, mas isso também cria um desafio para Beal daqui para frente. Quase 80% de suas tentativas de cesta são arremessos (curta, média e longa distância). Além disso, de acordo com o banco de dados do site 82Games, 3/4 das tentativas foram “assistenciadas”. Embora seja um jogador que se movimente muito e ajude a mover a bola no ataque – aspecto subestimado do seu jogo –, ele ainda é muito estático pontuando. Neste momento da carreira, o ala-armador não coloca a bola no chão e cria suas próprias oportunidades. É um caso típico de catch and shoot, que depende de um armador ou passadores para muni-lo (sua subida de produção, por acaso ou não, coincide com o retorno de John Wall). Para não ser um alvo fácil das defesas adversárias, o garoto precisa diversificar suas condições de pontuar.
Mas ele é capaz de fazer isso? Sim. Já tem feito, na verdade, e precisa continuar fazer. Como cheguei a comentar no último mês, Beal está cada vez mais utilizando fintas para se livrar de marcadores atrasados e gerar situações ainda melhores de pontuar, não se contentando em disparar no primeiro espaço que aparece. O próximo passo é vencer a timidez e colocar um pouco mais a bola no chão, tentar criar seu próprio espaço e oportunidades. Isso deverá contribuir no confronto de defesas mais pressionadas, por exemplo, que tendem a ser mais constantes na próxima temporada.
Reforçando o que sempre digo: eu realmente acredito que Beal é muito mais do que só um arremessador. E esse é o momento de aprimorar seus recursos. De provar que estou certo. Espero…
(↓) 5. Dion Waiters (ala-armador, Cleveland Cavaliers)
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Nenhum estreante mostrou maior evolução no estilo de jogo no decorrer da temporada do que Dion Waiters. Por si só, isso é prova de uma grande qualidade: estar aberto a ouvir e acatar os conselhos da comissão técnica e integrantes da franquia. No início da temporada, o calouro se notabilizou por tentar alguns dos arremessos mais forçadamente difíceis da liga. Não deu para contar nos dedos, por exemplo, os fadeaways contestados com 10-12 segundos no relógio que ele tentou. O titular do Cavs possui grande potencial criando o próprio arremesso no perímetro, mas um jogador só tem verdadeiramente domínio sobre um recurso quando sabe como utilizá-lo, o momento certo de colocá-lo em ação. E o ex-atleta de Syracuse não sabia.
Nas sete partidas que disputou em março – provavelmente, as últimas de seu ano de estreia –, Waiters se notabilizou por ter acumulado média de quase seis lances livres cobrados por jogo. Isso é algo digno de elogios quando levamos em conta, por exemplo, que os árbitros em geral não costumam favorecer calouros em suas marcações. E, mesmo entre os mais veteranos, ter média de seis lances livres não é tarefa fácil: apenas oito jogadores – todos all-stars – mantém tal marca na atual campanha (Harden, Durant, Howard, Carmelo, Kobe, Westbrook, LeBron e Wade). Se o ala-armador for capaz de entrar neste grupo no decorrer da carreira, ele pode não ser convocado para o Jogo das Estrelas, mas tem boas chances de anotar 20 pontos por jogo em algumas temporadas.
Acertar arremessos difíceis não é uma habilidade, mas algo circunstancial. A queda abissal do aproveitamento nos arremessos de quadra de Waiters dos primeiros 15 dias de campanha até janeiro é a prova. Não foi isso que fez dele o quarto escolhido no último recrutamento. O ala-armador tem boas chances de provar ser o melhor scorer desta turma. Só precisa levar a lição da temporada para a carreira: mantenha o jogo simples.
(↑) 6. Michael Kidd-Gilchrist (ala, Charlotte Bobcats)
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A tendência atual na NBA é espaçar a quadra. Equipes apostam cada vez mais em formações baixas, tendo tantos jogadores quanto possível capazes de converter arremessos de média e longa distância. A ordem é descongestionar o garrafão e fazer os pivôs adversários saírem da área pintada. Michael Kidd-Gilchrist rema contra a maré neste cenário. Para se ter uma ideia, ele tentou só nove tiros de três pontos no ano inteiro (1.5% de suas tentativas de quadra). Por outro lado, 63.6% de seus arremessos aconteceram dentro do garrafão, em torno da cesta.
Como já comentei em outra edição, existe um motivo lógico para o comportamento do ala. Na verdade, trata-se de um calouro consciente dos pontos fortes e fracos de seu jogo. Afinal, ele acerta quase 56% dos chutes em torno da cesta e nem 30% na somatória de todos os outros pontos da quadra. No entanto, assim como Drummond, Kidd-Gilchrist vai precisar passar as férias aprimorando seu arremesso. A vantagem de ambos em relação à maioria da classe é que, com corpos fortes e bem desenvolvidos, podem se dedicar quase que integralmente ao trabalho dentro de quadra.
Arremesso é repetição e, por isso, no fim das contas, Drummond e Kidd-Gilchrist vão fazer a mesma coisa. No entanto, os casos são diferentes. A mecânica do ala, diferente do pivô, tem problemas que já conhecemos desde os tempos de basquete universitário: ele arremessa na descida do salto, carrega um leve desequilíbrio no ato de pular e contraiu um “tique” por conta da má coordenação do cotovelo. Seu objetivo, mais do que converter uns 500 tiros por dia, vai ter que ser fazê-los com uma nova forma. Reinventar seu arremesso, arrumar os hábitos ruins. Isso não tende a ser algo que surge “consertado” do dia para a noite, mas, conhecendo a fama de trabalhador que possui, o titular do Bobcats pode voltar muito melhor em novembro.
(↑) 7. Harrison Barnes (ala, Golden State Warriors)
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Passados dois anos de basquete universitário e uma temporada entre os profissionais, poucos ainda devem lembrar que Harrison Barnes era um atleta extremamente badalado no basquete colegial. Segundo a ESPN, o melhor jogador colegial do país em 2010. Comparado a astros do calibre de Kobe Bryant e Paul Pierce. É cedo para sabermos se as comparações vão vingar. A julgar pelo talento de ambos, o ala vai ter trabalho e um longo caminho a percorrer. No entanto, ele possui uma virtude rara entre os prospectos de perímetro da atualidade que Kobe e Pierce compartilham: excelente trabalho de pernas. E tal qualidade torna seu jogo, em vários níveis, surpreendente.
Embora seja um dos mais leves jogadores da posição três em atividade na liga (só 95 quilos em 2.03m), Barnes é um ala que gosta de forçar situações de post up e levar oponentes para próximo da cesta como se fosse um pivô de ofício. Faz isso porque sua eficiência é razoável em tais condições, lógico – 0.76 pontos por posse, índice que beira o TOP100. Mas como ele consegue isso com o corpo que possui? O espaço que não consegue criar com a força física surge por meio de seu trabalho de pernas. O titular do Warriors é extremamente coordenado operando em espaços curtos, faz giros e fintas ao redor do garrafão com precisão de pivôs e nunca perde o controle do pé de apoio. Com movimentos refinados e controlados, o jovem consegue criar espaço tão bem quanto qualquer ala que se destaque pela força – como, por exemplo, Michael Kidd-Gilchrist.
Outro lado da quadra. Barnes não tem condição atlética ou força física para bater de frente com os principais alas da liga. Então, como é um dos 40 mais eficientes jogadores da liga defendendo situações de isolation. Mais uma vez, trabalho de pernas. No basquete, não se para oponentes com as mãos. São os pés e pernas que fecham espaços, travam rotas de ataque e definem o sucesso do marcador. E, como eu já disse, o ala move suas pernas tão rápida, precisa e coordenadamente quanto qualquer atleta da NBA. Ele pode não é o mais veloz ou forte, mas fecha a passagem e se mantém a frente dos adversários tão bem quanto qualquer superatleta, pois suas pernas se movem com fluidez e inteligência. Essa é uma qualidade rara em alguém tão jovem.
(↓) 8. Kyle Singler (ala, Detroit Pistons)
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Nas últimas edições do ranking, eu ressaltei que Singler é um desses raríssimos novatos atuais capazes de ler o jogo antes de tomar decisões e um subestimado marcador de perímetro. São duas virtudes importantes e devem levá-lo a uma longa carreira no basquete profissional. Isso não muda, porém, o fato de que o arremesso é seu termômetro dentro de quadra: a bola estar caindo ou não faz com que ele pareça um role player na NBA ou um candidato a deixar a liga em 2014. Infelizmente, março marcou um de seus piores meses arremessando. Em 14 jogos disputados, o ala acumulou apenas 39.3% de aproveitamento nos arremessos de quadra (50-127) e menos de 28% nos tiros de longa distância (12-43).
É incrível notar como, quando não pontua de forma eficiente, sua produção estatística revela-se limitada. Até mesmo em quesitos que deveria dominar. Os especialistas em sabermetria afirmam que o índice de assistências por desperdícios de bola é o melhor indicador numérico para atletas inteligentes, que tomam boas decisões e leem o jogo. No entanto, Singler se sai muito mal nesta proporção. Seus 0.83 passes decisivos por erros só fica a frente de Maurice Harkless – um dos mais jovens estreantes da classe – entre os atletas de perímetro neste ranking (TOP 20). Na verdade, há pivôs (Tyler Zeller) que se saem melhor do que ele nesta proporção.
Mesmo sendo um arremessador e pouco exigido para colocar a bola no chão e criar jogadas, Singler ainda tem mais chances de terminar em erros de ataque do que em assistências. Ele acumula passes decisivos em apenas 9.1% de suas posses, enquanto comete desperdícios em 11.4% delas. Se buscarmos quem tenha estatísticas parecidas na liga, os dois indivíduos que aparecem são Tobias Harris e Hakim Warrick. Um ala-pivô e um atleta a quem ninguém gostaria muito de ser comparado.
A parte boa da história é que, na maior parte da temporada, seu arremesso vem caindo com regularidade bem acima da apresentada em março. Enquanto os chutes estiverem caindo e tomar boas decisões, Singler é um jogador de NBA. Mesmo dando só uma assistência por jogo.
(↑) 9. Jonas Valanciunas (pivô, Toronto Raptors)
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Março marcou o melhor mês de Valanciunas na NBA. Na verdade, ele acumulou algo próximo de 1.2 pontos anotados por posse durante o período, o que é algo impressionante por si só e prova sua eficiência no lado ofensivo da quadra. Mas, desde que o pivô recuperou-se da lesão no dedo que o deixou fora de ação por quase dois meses, sua principal evolução foi a queda no número de faltas cometidas. Se analisarmos as 28 partidas pré e pós-contusão, a média de infrações por minuto caiu de 0.1293 para 0.1236. Aos poucos, o jovem está se adaptando às diferenças de permissividade de contato na NBA e a tendência é que o índice caia mais e mais a cada mês. Por isso, a produtividade do lituano em março não vem de uma grande evolução ou mudança em seu jogo, mas pelo simples fato de ter tido mais oportunidades de jogar.
No entanto, lógico, o costume com um jogo de mais contato traz seus benefícios em situações específicas. Valanciunas faz um bom trabalho estabelecendo posição dentro ou próximo do garrafão e colocando-se em condições de realizar jogadas de costas para a cesta (um aspecto em que precisa melhorar, mas mostra grande potencial). Faz também bons bloqueios para liberar o homem com a bola no perímetro. Isso pode parecer extremamente trivial, mas não é: um bloqueio bem feito pode quebrar a mais organizada das defesas. Em especial, quando temos em mente que a NBA é uma liga de pick’n’rolls.
Situações de P&R bem sucedidas começam com bons bloqueios na bola e isso pode ser um dos principais motivos para explicar o sucesso de Valanciunas em tais jogadas. Mesmo não sendo um atleta de elite como Andre Drummond, o europeu anota 1.21 pontos por posse em pick’n’rolls. É o 21º melhor índice de toda a liga. Resultado de um bom trabalho liberando o homem da bola dos marcadores, agilidade para girar com rapidez e a utilização dos braços longos que possui para receber a bola e finalizar em torno da cesta. Não é só isso, porém. Lembre-se que o pivô ainda possui a capacidade de arremessar de média distância, o que torna-o também uma arma em potencial (não muito utilizada no momento) em situações de pick and pop.
(↑) 10. Maurice Harkless (ala, Orlando Magic)
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Eu tenho elogiado Anthony Davis durante o ano por ser um jogador sempre muito ativo dentro de quadra. Movimenta-se constantemente, buscar dar opção de passe, nunca está parado ou desligado do jogo. Harkless pode muito bem ser definido como o perfeito paralelo do ala-pivô no perímetro. O garoto é um dos jovens mais inexperientes do último draft, mas seu potencial evidenciou-se a cada atuação que teve nos últimos dois meses. Mesmo ainda aprendendo a jogar basquete e longe de estar pronto, ele é um atleta leve correndo pela quadra, fluido, que atua com a atitude que se espera de um profissional. Um grande talento.
A movimentação constante de Harkless vem aliviando sua possível inabilidade para pontuar de forma consistente contra os profissionais. Ele está entre os 75 melhores jogadores da liga em situações de cuts (cortando para a cesta sem a bola), anotando ótimos 1.25 pontos por posse. O ala possui uma ótima envergadura para a posição e isso faz com que seja fácil passar-lhe a bola em movimentação, no ponto futuro. Isso tem sido intensamente aproveitado pelo Magic nas últimas semanas, utilizando seus homens de garrafão bons passadores (Vucevic, Harris, O’Quinn) no high post e abrindo espaço para infiltrações sem bola do jovem na área pintada.
A surpresa em relação ao jogo ofensivo de Harkless é, provavelmente, o arremesso de longa distância. O novato acertou quase 40% de suas tentativas de três pontos em março – o que simboliza evolução interessante se pensarmos que não fazia nem 30% no universitário. O ala parece estar cada vez mais confortável recebendo a bola livre para chutar e já não “refuga” arremessos como fez (vez ou outra) na primeira metade da campanha. O que segue jogando seu índice de conversão para baixo são as bolas de curta e média distância, em que soma péssimos 13 acertos em 70 chances (18.5%). As defesas mais ativas e sua incapacidade de criar espaço driblando o comprometem severamente neste aspecto do jogo.
COMPLETANDO O TOP 20 (em ordem alfabética):
Alexey Shved (armador, Minnesota Timberwolves)
Andrew Nicholson (ala-pivô, Orlando Magic)
Brian Roberts (armador, New Orleans Hornets)
Jae Crowder (ala, Dallas Mavericks)
Jared Sullinger (ala-pivô, Boston Celtics)
Jeff Taylor (ala, Charlotte Bobcats)
Meyers Leonard (pivô, Portland Trail Blazers)
Pablo Prigioni (armador, New York Knicks)
Terrence Ross (ala-armador, Toronto Raptors)
Tyler Zeller (pivô, Cleveland Cavaliers)
RELATÓRIO DA D-LEAGUE
Jeremy Lamb (ala-armador, Oklahoma City Thunder / Tulsa 66ers)
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Essa é novidade. O relatório da D-League foi gravado e você pode acessar o áudio neste link: http://jumperbrasil.podomatic.com/entry/2013-04-10T14_44_02-07_00
UMA SEGUNDA OPINIÃO…
Kevin Pelton (ESPN) sobre Andre Drummond:
“Eu sinto falta de assistir Andre jogar. Acho que é possível argumentar, visto quão eficiente tem sido nesta temporada e seu status pré-universidade, que ele possui mais potencial do que qualquer outro jogador em sua classe – e olha que eu sou um grande fã de Anthony Davis”.
David Thorpe (ESPN) sobre Kendall Marshall:
“Algumas pessoas não acham que Marshall será capaz de jogar na NBA, mas sua visão de jogo e altura sugerem que possa ser, no mínimo, um reserva sólido se desenvolver um arremesso consistente de longa distância – o que tem totais condições de fazer. Poucos armadores são capazes de criar cestas para os companheiros como ele. É um dom”.
Stephen Brotherston (Hoopsworld) sobre Kyle Singler:
“Singler é um jogador da NBA, conseguiu chegar lá, mas é um caso clássico de ‘o que você vê é o que você tem’. Seu potencial parece limitado. De qualquer forma, ele é uma ótima escolha de segunda rodada que deverá ter espaço na liga por muitos anos”.
Legenda:
Min. – Minutos
Pts. – Pontos
Reb. – Rebotes
Ass. – Assistências
R.B – Roubos de bola
FG% – Porcentagem de aproveitamento de arremessos de quadra
3pt.% – Porcentagem de aproveitamento de arremessos de três pontos
FT% – Porcentagem de aproveitamento de lances livres
Fontes estatísticas: NBA, ESPN, 82 Games, Synergy Sports – e minha calculadora.