Quem deve ser a primeira escolha do Draft da NBA?

Analistas do Jumper Brasil e convidados debatem candidatos ao topo do recrutamento, que segue aberto

primeira escolha draft nba Fonte: Reprodução / Instagram

A NBA nunca teve dúvidas sobre quem seria a primeira escolha do último draft. Victor Wembanyama, afinal, é um talento geracional que provou ser digno da badalação em torno do seu nome dentro de quadra. Mas, nesse ano, a história é bem diferente. Nós estamos a menos de 72 horas do recrutamento e, por enquanto, a questão ainda soa estar totalmente aberta.

Os franceses Alex Sarr e Zaccharie Risacher, a princípio, parecem ser os candidatos principais a estarem no topo da lista. Donovan Clingan, no entanto, é um “azarão” ganhando força. E todo mundo parece ter um prospecto diferente como seu nome favorito da classe. Ninguém é Wembanyama, mas, para quem gosta do período, o mistério compensa a badalação.

Então, convocamos os dois especialistas em draft do Jumper Brasil (Gustavo Lima e Ricardo Stabolito Junior) e convidados para discutirem essa questão. São eles:

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– Leonardo Paglioni e Guilherme Campos, do podcast “Splash Brothers”, um dos nossos parceiros oficiais na divulgação de conteúdo;
– Maicon Rodrigues, analista de desempenho e especialista em draft que gerencia a conta “Brasil Prospects Analyst” (@_BrasilDraft);
– Guilherme Dobrychtop, especialista em recrutamento que gerencia a conta “ROOKIES” (@RookiesBrasil);

O que credencia Sarr e Risacher, para começar, a serem o primeiro nome chamado por Adam Silver? Quem também deveria estar nessa disputa? E, por fim, quem seriam as escolhas de cada um? Vamos ver…

 

1. Por que Alex Sarr deveria ser a primeira escolha do draft da NBA?

Gustavo Lima: Sarr é o maior talento da classe, em primeiro lugar. Possui todas as ferramentas necessárias para se destacar na NBA, sobretudo na defesa. Apresenta mobilidade acima da média para a sua altura, além de ser um ótimo protetor de aro e capaz de cobrir muito espaço. Precisa ser bem trabalhado no lado ofensivo, mas oferece surpreendente drible. Enfim, trata-se de um dos poucos prospectos com talento para ser um all-star.

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Leonardo Paglioni: Possui um jogo bem fluido para um pivô de 2,15m de altura e, por isso, vejo-o como jogador de maior potencial da classe. É difícil não imaginar que não vá ser um dos grandes defensores da liga por causa de sua mobilidade e versatilidade. Isso é muito valorizado na NBA atual.

Guilherme Dobrychtop: Sarr, em síntese, é o arquétipo mais moderno na NBA atual: pivô móvel com boa envergadura e explosão. Já chega com impacto defensivo no mais alto nível porque pode cobrir do perímetro ao garrafão e marcar todas as posições. É a combinação que qualquer técnico deseja desenvolver e pode se tornar um all-around.

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Maicon Rodrigues: Por causa do potencial defensivo moderno que demonstra, sendo capaz de cobrir muito espaço. Ele pode “defender por seus companheiros” pela sua mobilidade e inteligência para rotacionar e cobrir zonas. Em particular, ao redor da cesta. No ataque, por sua vez, ele chama a atenção pela capacidade atlética.

Guilherme Campos: Sarr é o típico prospecto de primeira escolha em termos físicos. Afinal, é um pivô longo e ágil, com os atributos necessários para impactar a defesa dentro e fora do garrafão. É um trabalho em evolução no ataque. Não é um criador natural, a princípio.

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Ricardo Stabolito Junior: Sarr é quem tem a habilidade de ser mais “transformador” na montagem de uma equipe vencedora no basquete atual. Afinal, trata-se de um pivô defensor em espaço realmente especial. É um dos melhores prospectos da posição que já vi marcando no perímetro, certamente.

 

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2. E por que Sarr não deveria ser a primeira escolha do draft da NBA?

Gustavo Lima: Não gosta do jogo físico, não é bom reboteiro e passa mais tempo no perímetro do que perto da cesta. Para mim, essas são três características inaceitáveis para um jogador do seu tamanho. Tem tudo para impactar logo na defesa, mas o seu ataque ainda é cru demais.

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Leonardo Paglioni: Sarr exibe muito potencial, mas alguns recursos em seu jogo ainda não são sólidos. É o caso do arremesso, por exemplo. Os problemas com o jogo físico e rebotes também podem prejudicar a sua avaliação entre os times da liga.

Guilherme Dobrychtop: Pois não é o prospecto ofensivo que você espera na primeira escolha. Sua mecânica de arremesso é lenta e, como resultado, teve aproveitamentos ruins no basquete australiano. Tem um trabalho de pés limitado para um pivô e leitura ofensiva abaixo da média. Além disso, infiltra em oportunidades ruins. Vai precisar aprimorar vários desses atributos.

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Maicon Rodrigues: Teve uma minutagem consideravelmente baixa se comparado com o padrão do que se espera de uma primeira escolha. Isso é mais relevante do que parece. Muitas áreas do seu jogo também precisam de desenvolvimento. A bola de três pontos e os rebotes, por exemplo, são as principais.

Guilherme Campos: Os aspectos ofensivos do seu jogo, sobretudo, preocupam. Até se mostrou mais capaz de atacar e criar arremessos na segunda metade da temporada. Mas, nesse sentido, é um projeto que vale esse “preço”? Tenho as minhas dúvidas.

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Ricardo Stabolito Junior: É muito difícil justificar a escolha de um atleta que não cria oportunidades ofensivas ou força defesas a reagirem. Geralmente, todos esperam um jogador capaz de pontuar com a primeira escolha. A verdade é que, por enquanto, não sabemos qual é o “carro-chefe” do jogo ofensivo de Sarr.

 

3. Por que Zaccharie Risacher deveria ser a primeira escolha do draft da NBA?

Gustavo Lima: Risacher correspondeu em nível profissional nos dois lados da quadra. Não precisa da bola nas mãos para ser útil no ataque e tem os recursos para ser um pontuador sólido. Em particular, a qualidade como espaçador de quadra e cortes em direção à cesta. Mostra, além disso, potencial para ser um marcador versátil.

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Leonardo Paglioni: Pois é o tipo de jogador que todas as equipes deveriam querer hoje em dia. Não precisa da posse da bola para impactar o jogo no ataque e, além disso, se mostra um defensor bem versátil. Marcou jogadores de diferentes posições já em nível profissional na França.

Guilherme Dobrychtop: Risacher cumpriu um papel limitado que “mascarou” várias de suas potencialidades na última temporada. Mas isso não pode apagar o quão especial é no que se propõe a fazer. Em um draft sem um talento unânime, o mais “exato” talvez seja a melhor opção. Afinal, quem não deseja um exímio “3-D” hoje em dia?

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Maicon Rodrigues: Porque você aposta que ele possa se firmar como slasher de alto nível, somado ao arremesso – que é a sua melhor qualidade. Os 2,08m de altura de Risacher, certamente, chamam muita atenção para vários aspectos também.

Guilherme Campos: Risacher se movimenta muito bem para encontrar espaços para seus arremessos no perímetro. Teve, acima de tudo, um bom aproveitamento neles. E, defensivamente, é um atleta que vai contribuir por sua versatilidade marcando com ou sem a bola.

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Ricardo Stabolito Junior: Risacher é um prospecto de elite sem a bola nas mãos, pelo que vimos na última temporada. Bom marcador, arremessador e, em particular, gosto do seu senso de posicionamento no ataque. Jogador funcional demais. É bem fácil, no fim das contas, entender como vai se encaixar e a função que pode cumprir na NBA.

 

4. E por que Zaccharie Risacher não deveria ser a primeira escolha do draft da NBA?

Gustavo Lima: Ainda é muito cru com a bola nas mãos, para resumir. Risacher tem um controle de bola só mediano, então não é muito de driblar, infiltrar e agredir o oponente. Em classes anteriores, assim como Sarr, dificilmente seria uma primeira escolha.

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Leonardo Paglioni: Risacher ainda não é, de fato, um criador para os companheiros e si mesmo. Tem controle de bola mediano, o que não é ideal para uma aposta tão alta como a primeira escolha de draft.

Guilherme Dobrychtop: Espera-se que uma primeira escolha possa chegar e assumir a responsabilidade em várias posses ofensivas, mas não é o caso aqui. Não é um ala que vai pedir a bola e criar algo. Muito pelo contrário: quanto menos tiver a bola nas mãos, por enquanto, melhor. A não ser, claro, que a franquia que selecioná-lo aposte muito mesmo nele.

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Maicon Rodrigues: Risacher mostrou pouco upside para ser uma primeira escolha de consenso da classe. Some isso, por exemplo, à baixa amostragem fazendo coisas mais “empolgantes” e limitada capacidade como um criador de jogadas. Teve uma produção negativa como playmaker, aliás, na última temporada.

Guilherme Campos: O arremesso do francês oscilou durante a temporada. Mas o meu maior receio é a capacidade de impactar o jogo criando o próprio arremesso. A partir de infiltrações, em particular.

Ricardo Stabolito Junior: Tudo no jogo de Risacher, a princípio, grita “coadjuvante”. É complicado explicar para alguém que você selecionou o provável quarto melhor jogador do seu elenco, por exemplo, com a primeira escolha.

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5. Há algum prospecto que deveria estar na discussão para primeira escolha com Sarr e Risacher?

Gustavo Lima: Não ficaria assustado se Donovan Clingan for a primeira escolha. É um pivô de elite na proteção de aro, que intimida adversários e não foge do jogo físico. Vejo agilidade nos quadris e impacto certo marcando em drop. Acima de tudo, é um jogador bicampeão nacional universitário com alta inteligência dentro de quadra.

Leonardo Paglioni: Matas Buzelis. Mesmo com os problemas que vimos no G League Ignite, ele é um ala tão moderno e com tantos recursos que simplesmente não dá para deixar de cogitar. Em uma classe que falta talento no topo, como essa, não se poderia desconsiderar a aposta.

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Guilherme Dobrychtop: Matas Buzelis e Isaiah Collier encabeçavam essa discussão há um ano. A temporada confusa de ambos, no entanto, fez com que descessem em todas as projeções. Na minha opinião, não seria loucura vê-los saindo na primeira escolha por causa do talento bruto que apresentam.

Maicon Rodrigues: Ron Holland é o número dois do meu ranking da classe hoje. Mais do que isso, é alguém que consideraria para Atlanta Hawks (1), Washington Wizards (2) e San Antonio Spurs (4). As informações mais recentes não apontam que ele vá sair tão alto nesse draft, então pode representar uma ótima chance para times fora do TOP 5.

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Guilherme Campos: Ron Holland. Ele está no mesmo patamar de Risacher em meu ranking pessoal, mas é inegável que o Ignite não foi um bom passo na carreira. Acho que, do ponto de vista físico, é um jogador que pode ter impacto parecido ao de Sarr.

Ricardo Stabolito Junior: Ron Holland. Eu sei que a temporada do G League Ignite foi tenebrosa, mas veja além do básico. Ainda assim, é um garoto de 18 anos que marcou quase 20 pontos por partida atuando contra profissionais. Isso não é fácil. Para mim, é ridículo falar que o topo desse recrutamento é fraco e deixar um prospecto desse nível “cair” para fora da loteria.

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6. Por fim, com a primeira escolha do draft da NBA, você escolheria…

Gustavo Lima: Alex Sarr. Porque é o maior talento da classe, simples assim.

Leonardo Paglioni: Alex Sarr. Embora não seja uma escolha óbvia como em outros anos, o francês é muito versátil e fluido para alguém de 2,15m de altura. Isso, por si só, já justifica essa aposta alta.

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Guilherme Dobrychtop: Alex Sarr, pois os ótimos atributos físicos o tornam um atleta mais versátil e com impacto imediato. Além disso, ele é o tipo de jogador que devemos ver em crescente nos próximos anos devido ao sucesso de caras como Chet Holmgren e Victor Wembanyama.

Maicon Rodrigues: Alex Sarr. O potencial defensivo, a meu ver, destoa o francês do resto da classe. E, apesar de precisar de um minucioso desenvolvimento ofensivo, já é um atleta vertical de alto nível. Ou seja, pode ser um alvo para pontes aéreas e cortes em meia-quadra.

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Guilherme Campos: Alex Sarr. Ele não vai ter a responsabilidade de criação no Hawks, enquanto é um encaixe imediato com Trae Young nos pick-and-rolls.

Ricardo Stabolito Junior: Alex Sarr. Como já disse, em um recrutamento ainda sem consensos, ele tem a habilidade mais “transformadora” para um time vencedor. Pivôs que defendem em espaço e, ao mesmo tempo, protegem o aro são valiosos demais.

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