A próxima bomba-relógio

Ricardo Romanelli debate a formação do elenco do New Orleans Pelicans

Fonte: Ricardo Romanelli debate a formação do elenco do New Orleans Pelicans

Por Ricardo Romanelli

Times na NBA são construídos sob um véu de incerteza e pressa. Os aspectos que tornam uma equipe vencedora são muito mais amplos do que é possível analisar durante uma contratação ou uma troca. E o sentido de urgência dos principais atletas em vencer um título pressionam franquias a montar o melhor elenco possível para não correr o risco de perdê-los na agência livre.

Com isso, volta e meia assistimos a alguns impasses de estrelas e franquias insatisfeitos um com o outro, buscando uma saída para sua situação. Nesta offseason, vimos vários desses cenários chegarem a um ponto de ruptura, com as trocas de Carmelo Anthony, Paul George e Jimmy Butler sendo os principais pontos de mudança.

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Muitos outros atletas de ponta também trocaram de time, e agora parece que a NBA está, mais do que nunca, dividida entre alguns times que possuem pretensões na temporada e outros que estão estacionados esperando a próxima oportunidade de adquirir um astro para seu time.

No entanto, a próxima “bomba-relógio” a detonar parece certa: o New Orleans Pelicans.

Entendam, não é que eu esteja torcendo para o Pelicans dar errado. Muito pelo contrário, me agradaria demais ver o experimento Anthony Davis/DeMarcus Cousins dar certo. Os dois estão entre meus jogadores preferidos da liga, e seria um modelo diferente do reinante small ball a ter sucesso na NBA.

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Mas a questão é que a diretoria do Pelicans não conseguiu montar um elenco competitivo o suficiente no entorno deles.

https://www.youtube.com/watch?v=RRvCcf7AaQ0

Quando a troca foi feita, lá na época do All-Star Game deste ano, o Oeste era outro. A dupla de estrelas no garrafão parecia mais do que suficiente para, na próxima temporada, brigar com Oklahoma City Thunder, Memphis Grizzlies e Portland Trail Blazers pelas três últimas vagas dos playoffs. Com sorte, alguns agentes livres se seduziriam pelo prospecto de jogar com um garrafão dominante e reforçariam o time na offseason. A partir daí, a coisa começou a piorar.

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O Pelicans não conseguiu convencer nenhum reforço de peso a se juntar ao time. Rajon Rondo, que vem de muitas temporadas duvidosas  seguidas na carreira, foi o principal nome a reforçar as fileiras do time de New Orleans. Para ajudar, o Oeste se tornou ainda mais selvagem e competitivo. O Thunder, com quem o Pelicans projetava brigar, parece agora muito distante. Minnesota Timberwolves e Denver Nuggets, fora dos playoffs no ano passado, são quase certezas para esta temporada depois de offseasons espetaculares. Utah Jazz e Memphis Grizzlies enfraqueceram, é verdade, mas ainda têm, na minha opinião, times mais consistentes que o do Pelicans e saem na frente na briga pelas vagas finais nos playoffs. Isso sem falar no Blazers, oitavo colocado do ano passado, que vai ter um ano completo com Jusuf Nurkic e mais um passo da evolução do fenomenal Damian Lillard.

Com tudo isso, de repente, o Pelicans ficou exposto. O time tem dois astros, mas um elenco mal montado e um técnico muito fraco para lidar com um vestiário composto por Cousins e Rondo. Some-se a isso o iminente término de contrato do pivô, a grande classe de agentes livres no ano que vem e diversos times preparando a folha salarial para tentar contratar duas ou mais estrelas. Cousins terá 28 anos ao começo da próxima campanha da NBA, e é certo que vai buscar uma situação vencedora. Vale lembrar que, na liga desde 2010, ele nunca se classificou para os playoffs. Para um jogador do nível dele, neste ponto da carreira e com a trajetória que percorreu, vencer vai ser o mais importante.

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Então, esse é o dilema do Pelicans. Os primeiros 30 jogos vão definir o que o time é, ou não é. Vale lembrar que, normalmente, problemas de limitação de elenco e, principalmente, indisciplina de vestiário são quase que inteiramente mitigados por campanhas vencedoras, então não significa que este time é necessariamente um caso perdido.

Mas cuidado, se as vitórias não vierem (e logo), não tenho dúvidas que essa é a próxima bomba-relógio a explodir na NBA, podendo inclusive o Pelicans decidir trocar Cousins antes da data limite, em fevereiro.

De novo, não torço para que isso aconteça. Quero muito que esta dupla dê certo, mas infelizmente não enxergo essa possibilidade no momento. Sorte ao Pelicans, pois vai precisar.

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