O “Processo” do Philadelphia 76ers foi um dos tanks mais polêmicos dos últimos tempos, mas gerou um dos melhores jogadores da NBA com Joel Embiid. Quando os fracassos do Sixers acontecem na pós-temporada em todos os anos, sempre há um olhar de desprezo com o projeto. No entanto, essa culpa pode ser compartilhada com todos os executivos que a franquia teve desde então. E acredite, o polêmico Sam Hinkie pode ter sido o que menos errou.
A última eliminação, para o Boston Celtics, foi simbólica para a franquia. Perder a série que vencia por 3 a 2 marcou a quinta eliminação na segunda rodada em seis anos. A terceira para Boston no período. Um rival que, inclusive, o 76ers não derruba nos playoffs desde 1982. São seis séries perdidas desde então. Além disso, uma coincidência intragável para alguns marcou o dia da eliminação. Naquele domingo se completavam dez anos do dia em que Sam Hinkie, o homem que criou o “Processo”, foi contratado.
Hinkie foi gerente-geral de Philadelphia por três anos. Todos, porém, muito marcantes. A base de seu trabalho era montar o pior elenco possível e perder de propósito, acumulando escolhas altas no Draft. Foi assim que nomes como Joel Embiid e Ben Simmons chegaram ao Sixers, afinal. Mas há uma grande contagem de erros do GM, que foram repetidos por seus sucessores.
Podemos relembrar essa história ironicamente. Começando com uma série da equipe contra o mesmo Boston Celtics. E o roteiro ali foi igual. Derrota dolorida em sete jogos na segunda rodada. Mas a sensação era de que um limite tinha sido atingido pela equipe.
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Acredite no Processo!
Após uma campanha de 35 vitórias e 31 derrotas, o 76ers conseguiu o oitavo posto da Conferência Leste para os playoffs de 2012. A campanha também foi marcada por uma greve dos jogadores da NBA em decorrência das negociações de um novo acordo de trabalho. Eles superaram o Chicago Bulls devastado pela grave lesão que limitou para sempre a carreira do MVP Derrick Rose em seis jogos.
Depois disso, sete jogos duros contra o Boston Celtics de Kevin Garnett, Paul Pierce, Ray Allen e Rajon Rondo. As lideranças do time eram o ala Andre Iguodala, aos 28 anos, em seu ápice. Além de peças jovens como Jrue Holiday, aos 21 anos, Evan Turner, aos 23 anos, e Lou Williams, aos 25.
No ano seguinte, no entanto, precisou lidar com saídas importantes. Iguodala se juntou ao Denver Nuggets e outro veterano do time, Elton Brand (que voltará aqui mais tarde), foi para o Dallas Mavericks.
Sam Hinkie, então, assumiu o comando das operações da franquia e tomou uma decisão: trocar o All-Star, Jrue Holiday pela sexta escolha do Draft com o New Orleans Pelicans. Ali, o Processo e temporadas sombrias de derrotas começariam de vez.
Holiday ter ganhado o título pelo Milwaukee Bucks alguns anos depois, certamente machuca os corações dos torcedores do Philadelphia 76ers. Ainda mais quando não houve um grande retorno pela troca do armador.
Nerlens Noel
Jrue Holiday rendeu Nerlens Noel, e uma escolha de primeira rodada em 2014, que se transformaria em Elfrid Payton. Como resultado da não classificação aos playoffs no ano anterior, Philadelphia também estava na loteria. Eles escolheram o calouro do ano, Michael Carter Williams com a 11ª pick.
Noel foi o primeiro de uma variada gama de pivôs selecionados pelo Processo. Ele perdeu todo o seu primeiro ano na NBA devido a uma lesão no joelho. Se tornou titular no ano seguinte, quando o Philadelphia 76ers escolheu outro pivô que também se lesionou na primeira temporada, Joel Embiid. Sólido defensivamente, mas sem grandes recursos ofensivos, Noel perdeu espaço assim que o camaronês entrou em quadra. E até mesmo para outro pivô selecionado mais a frente: Jahlil Okafor.
Noel jogou só 171 jogos pela franquia. Depois foi trocado para o Dallas Mavericks em 2017. Ele nunca se firmou como titular da NBA, mas teve passagem razoável como pivô reserva no Oklahoma City Thunder e New York Knicks. Hoje está sem time após dispensas do Brooklyn Nets e Detroit Pistons.
Michael Carter Williams
Michael Carter Williams foi do céu ao inferno em pouco tempo. Primeiro, foi Calouro do Ano com 16.7 pontos, 6.3 assistências, 6.2 rebotes e 1.9 roubos de bola por jogo. No entanto, em uma época crescente de armadores arremessadores, seu grande defeito era justamente a bola de três.
Após uma cirurgia no ombro, Williams perderia os jogos inicias da temporada seguinte. Ele foi trocado em fevereiro, um ano depois de ser o melhor novato da NBA na temporada 2013/14, para o Milwaukee Bucks.
O armador nunca conseguiu desenvolver um arremesso decente de três. Sua maior marca, aliás, foi na temporada 2022/23 com 33.3%. Mas foram apenas quatro jogos disputados pelo Orlando Magic. Sua presença, portanto, era mais de liderança para o jovem vestiário da Flórida. Ao longo da carreira, atuou por Milwaukee, Chicago Bulls, Houston Rockets, Charlotte Hornets e Orlando.
2014, Era Embiid
As lesões de Joel Embiid são um fator dúbio para o Philadelphia 76ers quando ele chegou na NBA. Acima de tudo, ele não cairia para terceira escolha sem os problemas nos pés. Por outro lado, só estreou na liga dois anos depois do Draft. Ainda assim, a moeda caiu de pé. Embiid se tornou dominante como o conhecemos. Foi MVP da temporada 2022/23, e o único nome de relevância que ficou na franquia dos tempos do “Processo”.
O impacto do camaronês foi tão surreal que, mesmo dois anos depois e jogando apenas 31 jogos, Embiid foi o segundo colocado na votação para calouro da temporada 2016/17. O vencedor foi Malcolm Brogdon, que atuava no Bucks.
Ele também foi o homem a trazer de volta vitórias para a franquia. Depois de trocar Jrue Holiday, o 76ers teria a péssima marca de 47 vitórias entre as temporadas 2013/14 até 2015/16. Um total de 199 derrotas no período. Além disso, o aproveitamento foi tenebroso até mesmo para os padrões de times em reconstrução: 19.1% de vitórias em três anos, gerando enormes críticas a Sam Hinkie que sairia do cargo ao fim de 2015/16.
No primeiro ano com Embiid, foram 28 vitórias e 54 derrotas, com um aproveitamento total de 34.1%. Isso, ainda assim, com ele atuando em apenas 31 jogos. No ano seguinte, com a chegada de Ben Simmons, Philadelphia estaria com mando de quadra, mas isso é para daqui a pouco.
Outros nomes importantes
Lembra quando falei que a troca de Jrue Holiday gerou uma escolha de primeira rodada que viraria Elfrid Payton? Então, Hinkie trocou essa escolha (10ª) com o Orlando Magic no Draft. A 12ª escolha iria para o Sixers e foi Dario Saric. A curiosidade é que o ala-pivô também só estreou na equipe em 2016/17. O croata atuou por dois anos no basquete europeu, pelo Anadolu Efes, até se mudar de vez para a Philadelphia.
Saric ficou em terceiro na já citada corrida pelo prêmio de Calouro do Ano na temporada de estreia. Foi um titular fundamental na campanha até os playoffs e a segunda rodada de 2017/18. Depois, foi usado como moeda de troca para a ida de Jimmy Butler ao Sixers em 2018/19.
O croata passou por Minnesota Timberwolves, Phoenix Suns e Oklahoma City Thunder, sendo um reserva sólido e sofisticado ofensivamente. Mudando para a posição de pivô, Saric foi para o Golden State Warriors na temporada 2023/24.
Em 2014/15, um jogador de fato foi usado: Robert Covington. Praticamente um calouro, após atuar em sete jogos do Houston Rockets em 2013/14, o ala virou titular no meio daquela temporada. Prosperou como, acima de tudo, um jogador muito consistente fora da bola, tanto na defesa como nas bolas de três. Por fim, foi um dos melhores encaixes que Joel Embiid teve no Philadelphia 76ers.
Também foi usado como moeda de troca na negociação de Jimmy Butler em 2018/19. Porém, teve papéis de importância em outros lugares, sobretudo em Houston e Portland Trail Blazers. Covington foi um pedido constante de torcedores do Los Angeles Clippers na rotação da equipe na temporada 2022/23. Ele segue por lá para 2023/24.
Desperdício
Um nome selecionado na segunda rodada e que hoje recebe uma bolada no Blazers, e é um dos mais versáteis da NBA: Jerami Grant. Ele foi titular em 52 dos 77 jogos da franquia na temporada 2015/16. No entanto, ainda não tinha o mesmo status atual. Eram 9.7 pontos de média em mais de 25 minutos por jogo. Além disso, converteu 24% nas bolas de três em um time que ganhou inacreditáveis dez jogos.
Ele foi trocado após dois jogos em 2016/17 pelo veterano Ersan Ilyasova que, no final, seria importante na corrida aos playoffs e na melhora do 76ers a curto prazo. Mas entre inconsistências, Grant entraria de vez no radar da NBA em 2018/19, substituindo a passagem ruim de Carmelo Anthony por Oklahoma.
Assim, foi reserva importante da corrida às finais da Conferência Oeste com o Denver Nuggets no ano seguinte. Posteriormente, virou mesmo melhor jogador do Detroit Pistons em 2020/21.
Grant esteve, inclusive, envolvido na grande novela atual do mercado da NBA. Sua renovação com o Blazers, foi um dos pedidos de Damian Lillard para seguir na franquia. Assim que a agência livre foi aberta, a bagatela de US$160 milhões por cinco anos, foi dada a ele.
No entanto, no dia seguinte, Lillard solicitou uma troca da franquia. Outros pedidos do astro, como a contratação de Draymond Green (renovou com o Warriors) e a tentativa de trocar a escolha três do Draft (Scoot Henderson), por ajuda imediata, não foram atendidas.
Pivôs e mais pivôs
Nerlens Noel tinha problemas no ataque. Joel Embiid perderia seu segundo ano por lesão no Philadelphia 76ers. O maior pontuador do time em 2014/15 foi o armador que você não deve se lembrar: Tony Wroten. “Por que não adicionar mais um grande homem a este núcleo?” pensou Hinkie.
Jahlil Okafor, astro do basquete universitário por Duke, foi o escolhido na terceira posição em 2015. O New York Knicks, na escolha seguinte, selecionou Kristaps Porzingis. Okafor era sim promissor, tinha muito bom jogo ofensivo, sobretudo de costas pra cesta. O problema era que ele era “clássico” demais no ataque, e não defendia nada, em uma NBA cada vez menos posicional.
Como resultado, obteve médias de 17.5 pontos e sete rebotes em 30 minutos por partida como novato na trágica temporada 2015/16. A diferença ficou óbvia, porém, quando Joel Embiid voltou no ano seguinte. Seus 31 jogos já citados, deixaram Okafor ainda menos cobiçado. Depois disso, ele seguiu os passos de Nerlens Noel e foi trocado para o Brooklyn Nets, ainda nas primeiras semanas da temporada 2017/18.
Posteriormente, Okafor jogaria 142 jogos em quatro anos. Passagens por Nets, Pelicans e, por fim, Detroit Pistons, seu último time em 2019/20.
Nomes não draftados como Christian Wood e TJ McConnell também surgem na temporada 2015/16 pela franquia. McConnell ficou na equipe por quatro anos, se consolidando como membro fixo da rotação. Foi trocado para o Indiana Pacers em 2019/20, onde está até hoje.
Wood, por sua vez, só esteve no 76ers por 17 jogos e rodou por Charlotte, Milwaukee e New Orleans, até se fixar na NBA em 2019/20 pelo Detroit Pistons. Virou um pivô ofensivo de destaque, sobretudo, em Houston. Ele também teve uma passagem um tanto quanto decepcionante pelo Dallas Mavericks em 2022/23. Agora, segue no mercado.
Demissão de Sam Hinkie
O Philadelphia 76ers de 2015/16 é, em números, o terceiro pior time da história da NBA. As dez vitórias foram marcantes e geraram críticas de toda a NBA. O tom geral é de que não era necessário ir tão ao fundo do poço para obter escolhas altas de Draft. A chegada de Jerry Colangelo, em meio a temporada tenebrosa, já dava o tom das mudanças que se desenhavam nos bastidores.
Sam Hinkie, então, se demitiu antes que a temporada 2016/17 começasse. O filho de Jerry Colangelo, Bryan, assumiria o cargo de presidente de operações da franquia. É verdade que a história dentro de quadra estava prestes a mudar para a franquia, mas as trapalhadas continuariam indo longe.
Ben Simmons
Em 2016, o Sixers, enfim, conseguiu a primeira escolha do Draft. Acima de tudo, todos estavam muito empolgados com a super versatilidade de Ben Simmons. Um armador defensor extraordinário, mas com a altura de um ala-pivô (2.08).
No entanto, Simmons “seguiu” os passos de Joel Embiid e Nerlens Noel, não atuando em sua primeira temporada. Após uma fratura no pé direito durante a Summer League, o australiano anúnciou que estava fora de toda a temporada 2016/17, que foi protagonizada pela já citada estreia de Joel Embiid pelo Philadelphia 76ers.
Existiam críticas frequentes à postura de Ben Simmons, até mesmo antes do Draft. Outro ponto também foi a falta de arremesso em um jogador que rendia tão bem com a bola na mão. O australiano, porém, foi um astro imediato durante a temporada 2017/18.
Calouro do Ano com médias de 15.8 pontos, 8.2 assistências, 8.1 rebotes e 1.7 roubos de bola. Aliando isso ao primeiro ano saudável de Joel Embiid, jovens valores que aumentaram seu papel como Robert Covington e Dario Saric. E também a chegada do veterano especialista em bolas de três, JJ Redick, o 76ers se transformou imediatamente em um time não só de playoffs, como também de mando de quadra.
O Draft de 2016, levou o outro único calouro do “Processo” que segue no Philadelphia 76ers até hoje: Furkan Korkmaz. Sólido reserva nas últimas temporadas, mas perdeu muito espaço na rotação na última temporada.
Por fim, em tempos de Summer League, vale lembrar o quinteto que o 76ers teve na edição da liga de verão daquele ano: TJ McConnnell, Alex Caruso, Jerami Grant, Ben Simmons e Christian Wood.
Troca com Boston, fim trágico
O 76ers ainda teve uma escolha alta no Draft de 2017. Mas eles fizeram mais. Depois de obter a terceira escolha na loteria, Philadelphia subiu no recrutamento, ganhando a primeira escolha que pertencia ao Boston Celtics, enquanto cedia a escolha três e uma futura escolha de primeira rodada, que virou Romeo Langford.
O negócio envelheceu bem mal. O desejo na época era o promissor armador da universidade de Washington, Markelle Fultz. Boston escolheria nada mais, nada menos do que Jayson Tatum na terceira escolha. Fultz está bem hoje em dia no Orlando Magic, mas é inegável que seus 33 jogos pelo Philadelphia 76ers, enquanto o Celtics achou o dono da franquia, causam pesadelos até hoje no torcedor do Sixers.
Fultz teve uma lesão misteriosa no ombro, que mudou radicalmente sua mecânica de arremesso. O armador nunca conseguiu encontrar o ritmo num Philadelphia 76ers que já tinha Ben Simmons e Joel Embiid. Ele, então, acabou trocado por uma escolha de primeira rodada, uma pick de segunda rodada e o ala Jonathon Simmons no ano seguinte.
Pra deixar tudo ainda melhor, Philadelphia foi eliminado pelo Celtics em cinco jogos na segunda rodada de 2018. O destaque da série foi justamente Jayson Tatum.
Saída polêmica de Bryan Colangelo e sucessão de erros
Na offseason para a temporada 2018/19, se descobriu que o executivo Bryan Colangelo tinha várias contas fakes no twitter, onde criticava e ofendia jogadores da franquia. Sua saída foi decretada no dia 7 de junho de 2018. Durante a transição para que Elton Brand assumisse as decisões de basquete da franquia, o cargo ficou por três meses com o treinador Brett Brown.
Daí dois erros complicados. Em decorrência das trocas que acumularam escolhas de Draft na franquia, o 76ers ainda estava no top 10 do recrutamento naquele ano. O 76ers selecionou Mikal Bridges, que hoje brilha no Brooklyn Nets e foi convocado para a Copa do Mundo pelos EUA.
O ala, que é natural da Philadelphia, e que se encaixaria perfeitamente como homem fora da bola ao redor de Simmons e Embiid, foi trocado na mesma noite para o Phoenix Suns. Os ganhos foram Zhaire Smith, escolha 16 daquele recrutamento, e uma futura pick de primeira rodada.
Smith era um ala atlético e bom defensor na universidade. Mas uma alergia após comer grãos de gergelim destruiu sua carreira. O ala ingeriu o alimento nas instalações da franquia. Como resultado, vomitava sangue no hospital e descobriu que a questão foi tão séria, que a alergia virou um buraco em seu esôfago.
Smith só voltou pra casa seis semanas depois, com 16 quilos a menos, se alimentando por tubos. A perda física e outras lesões ao longo do caminho, fizeram com que ele atuasse em apenas 13 jogos na carreira.
Para completar, teve a troca de Richaun Holmes, também para Phoenix, por considerações monetárias de US$1 milhão. O pivô se transformou em boa peça no Suns e posteriormente no Sacramento Kings, enquanto o 76ers não tinha um pivô reserva útil para Joel Embiid durante a temporada 2018/19.
Trocas “All-In” juntam estrelas, mas não foram sustentáveis
O elenco do 76ers em 2017/18 foi um dos mais bem construídos que o time teve ao redor de Joel Embiid e Ben Simmons. Arremessadores veteranos como Redick, Marco Bellinelli e Ilyasova. Além disso, nomes como Covington, Saric e McConnell. Porém, eles não queriam deixar que boas oportunidades fossem perdidas. E o nome que estava no mercado, após crise com o Minnesota Timberwolves, era Jimmy Butler.
O 76ers conseguiu adquirir o astro sem abrir mão de uma escolha de primeira rodada sequer. Cedendo Robert Covington, Dario Saric e Jerryd Bayless ao Timberwolves. Ponto para Brand, que já estava no cargo. Mas o encaixe não era bom. Isso porque eram três jogadores que não tinham a bola tripla como primeira opção ofensiva. JJ Redick ficou sobrecarregado, mas a equipe, ainda assim, conseguiu ser a oitava eficiência ofensiva da temporada.
No entanto, a troca por Tobias Harris, fechada na trade deadline, foi o cataclisma para Jimmy Butler no Sixers. O time era unido, brigou pelo título, e ficou a uma bola de eliminar o futuro campeão Toronto Raptors. Mas as renovações máximas de Embiid, Simmons e do próprio Harris, impossibilitaram que Butler ficasse na equipe. Uma sign and trade foi fechada no mercado seguinte, o levando ao Miami Heat, onde já disputou duas finais de NBA.
Encaixe problemático com Al Horford
Trocando Butler, o Philadelphia 76ers de Joel Embiid e Ben Simmons, vinha com mais novidades para a temporada 2019/20. Josh Richardson chegou como parte da troca de Butler, substituindo JJ Redick, que fechou com o New Orleans Pelicans.
O contrato máximo para Tobias Harris é assustador até hoje. Para fechar, a franquia juntou mais um pivô ao seu princiapal astro. Embiid teria a companhia de Al Horford no garrafão para a temporada.
O motivo era interessante, de fato. Horford era o melhor defensor de Embiid na NBA ao lado de Marc Gasol. Além disso, jogava no Boston Celtics. Brand enfraqueceu um rival direto, adicionando um pivô de reconhecida versatilidade. Porém tudo passou longe de funcionar. Os números do 76ers não eram tão ruins em comparação à liga em termos ofensivos, mas havia uma dificuldade de encontrar bons arremessos de três.
Uma inconsistência histórica em uma campanha muito forte em casa, e risível como visitante. Outros jovens jogadores passaram a ganhar espaço por conta do arremesso triplo, como Shake Milton e o já citado Korkmaz. Mas uma lesão de Ben Simmons, que não jogou durante a “bolha” da NBA, fez com que o Philadelphia 76ers, de Joel Embiid, não vencesse uma série de playoffs pela única vez nos últimos seis anos.
A derrota foi, claro, para o Boston Celtics. Varrida na primeira rodada, contra Al Horford, contra o freguês preferido da franquia verde nos últimos anos.
Era Daryl Morey, recuperação breve
Daryl Morey falhou em Houston, mas sua capacidade de trocas que renovaram a janela de título da equipe foi louvável. A chegada de James Harden, que ganhou Dwight Howard, Chris Paul e Russell Westbrook como companhias para tentar um campeonato, o credenciaram ao 76ers. Até por que, seria necessária muita criatividade para o momento da franquia.
O fracasso completo da equipe em 2019/20 caiu como uma bomba. Al Horford ganhava US$26 milhões com um contrato de longo prazo. Contrato máximo para Tobias Harris, Embiid e Simmons. Quase nenhuma flexibilidade para que um executivo trabalhasse. Morey, ainda assim, conseguiu.
Ele transformou Al Horford em Danny Green, ala fora da bola que era exatamente o que eles procuravam desde Robert Covington. Aproveitaram a brecha que o Los Angeles Lakers deu, trocado o ala muito criticado e subestimado no ano do último título da franquia por Dennis Schroder, que estava em Oklahoma.
Morey também draftou Tyrese Maxey, fora das 20 primeiras escolhas. Hoje, é um dos caras da franquia. Paul Reed foi a escolha 58 do mesmo recrutamento. Josh Richardson foi trocado pelo especialista de bolas de três, Seth Curry, movimento super necessário para o time naquele momento. Assim, eles conseguiram sair do buraco.
Contratação de Doc Rivers reforçou velhos erros
Uma das grandes críticas ao trabalho de Brett Brown, era justamente a falta de inventividade ofensiva. Você não resolve isso contratando Doc Rivers. Morey pecou na escolha do treinador de seu novo projeto, após o veterano perder de forma vexatória com um Clippers repleto de opções em 2020. Não que tenha sido só isso para o fracasso recente. Mas a necessidade de mudança se viu em um elenco mais coeso, mas não em filosofia.
A liderança do Leste em 2020/21 nunca trouxe real confiança, em um time sólido, mas que empacava nas grandes horas. A derrota para o Atlanta Hawks, que levou ao fim da era Ben Simmons, veio com receitas já conhecidas do veterano treinador – e também da franquia.
Acima de tudo, o 76ers era o favorito pra série. No entanto, as próprias incapacidades ofensivas contra uma defesa nada mais do que decente, nem te lembram direito que Danny Green esteve fora dos confrontos. A forma como a derrota aconteceu, em casa, e com a sensação de que poderia vir muito antes, gerou enfim a sensação que era questionada por muitos desde que o “Processo” levou a vitórias.
Não seria possível vencer um campeonato com Embiid e Simmons juntos. Pelo menos, não naquelas circunstâncias.
Troca de Simmons trouxe Harden, mas podia ser mais
Quando a enorme novela de Simmons começou em 2021/22, vários rumores se desenharam sobre a troca que inevitavelmente rolaria. Um dos mais reais, relatava o interesse do Sacramento Kings no australiano. A franquia da Califórnia vivia seu longo jejum de playoffs e estava interessada em um grande movimento. Afinal, eles até mesmo abriram mão de Tyrese Haliburton por Domantas Sabonis.
Keith Pompey, do jornal Philadelphia Inquirer, disse na época que uma troca poderia envolver até mesmo De’Aaron Fox. O jornalista, porém, citou que o 76ers nunca esteve interessado no jovem armador e que, se o cenário acontecesse, dependeria de um terceiro time. Você que assistiu a temporada 2022/23, sabe que Harden pediu troca. Falar agora é fácil, mas imagina se Fox tivesse virado jogador do Sixers…
E por fim, James Harden foi o melhor parceiro ofensivo da carreira de Joel Embiid no Philadelphia 76ers. O astro, aliás, foi fundamental para permitir que Morey trabalhasse com mais profundidade financeira para alcançar reforços para a temporada 2022/23. Nomes como De’Anthony Melton, PJ Tucker, a renovação de Georges Niang. A boa vontade do armador foi fundamental naquele momento.
Porém o conhecemos. Agora, seu outro lado está em ação. O de jogador que mais solicitou trocas neste século na NBA. É realmente uma montanha russa de emoções.
Um resumo sobre bater na trave
Estar na posição que o 76ers ostenta nos últimos anos é realmente um incômodo. É uma torcida exigente e um time que completou, em 2023, 40 anos sem taças. Mas é, no mínimo, preguiçoso que o “Processo” seja o único culpado. Essa longa retrospectiva, com mais erros do que acertos de vários nomes diferentes, nos mostra que os contextos de uma franquia da NBA são muito maiores do que pensamos.
É o Philadelphia dos “quases” como a bola clássica de Kawhi Leonard para fechar a série entre Raptors e 76ers em 2019 não nos deixa esquecer. E os capítulos desta offseason para 2023/24 também mantém aceso esse sentimento.
O upgrade no cargo de treinador, enfim chegou. Nick Nurse é ótimo, apesar do último ano em Toronto. Da última vez que ele teve um talento do calibre de Joel Embiid, o técnico foi campeão da NBA. Os movimentos no mercado, no entanto, não acompanham, e a “troca” de James Harden segue sendo pra mim, a mais travada do mercado. Afinal, é muito mais difícil agradar alguém que não está reconstruindo, como o Sixers.
Por quanto tempo será que Joel Embiid aguentará ser o único homem do Processo do Philadelphia 76ers? E além disso, o que mais eles podem fazer para ajudar o pivô na situação atual? As respostas não parecem estar próximas enquanto o 76ers também não parece estar chegando mais perto de seu objetivo.
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