Campanha na última temporada: 25-57, 13º colocado na conferência Leste
Playoffs: Não se classificou
Técnico: Scott Skiles (primeira temporada)
Gerente-geral: Rob Hennigan (quarta temporada)
Destaques: Nikola Vucevic, Victor Oladipo e Tobias Harris
Time-base: Nikola Vucevic – Tobias Harris – Evan Fournier – Victor Oladipo – Elfrid Payton
Elenco
4 – Elfrid Payton (armador)
32 – C.J. Watson (armador)
13 – Shabazz Napier (armador)
5 – Victor Oladipo (ala-armador)
10 – Evan Fournier (ala-armador)
12 – Tobias Harris (ala)
23 – Mario Hezonja (ala)
11 – Devyn Marble (ala)
00 – Aaron Gordon (ala-pivô)
8 – Channing Frye (ala-pivô)
14 – Jason Smith (ala-pivô)
44 – Andrew Nicholson (ala-pivô)
9 – Nikola Vucevic (pivô)
3 – Dewayne Dedmon (pivô)
Quem chegou: C.J. Watson, Shabazz Napier, Mario Hezonja (draft) e Jason Smith.
Quem saiu: Luke Ridnour, Willie Green, Ben Gordon, Maurice Harkless e Kyle O’Quinn.
Revisão
A última temporada começou com relativa expectativa e tornou-se uma enorme frustração para o Orlando Magic. Ninguém esperava que a franquia chegasse aos playoffs, mas conquistar só 25 vitórias em uma frágil conferência Leste e passar longe de brigar por classificação em uma tabela que premiou dois times com campanhas negativas foi um resultado decepcionante até para um grupo jovem e sem pretensões imediatas. Talvez, o pior seja notar que o número de vitórias e derrotas refletiu com perfeição o rendimento do plantel e a “derrocada tática” sofrida nos últimos anos.
Embora tivesse um dos elencos mais jovens e atléticos da NBA, o Magic foi um time lento em suas ações e registrou apenas o 18º ritmo mais rápido da última temporada. Atuando com tal lentidão, a carência de arremessadores e baixa capacidade de gerar pontos fáceis no ataque ficou exposta a cada jogo. E, exposta ofensivamente, virou presa fácil na transição defensiva também. A equipe da Flórida foi, ao lado de New York Knicks e Minnesota Timberwolves (as duas piores campanhas da liga), a única a ficar entre os seis piores em eficiência tanto ofensiva, quanto defensiva.
A demissão do técnico Jacque Vaughn, em fevereiro, acabou sendo um produto natural dos resultados ruins e basquete pouquíssimo produtivo apresentado em Orlando recentemente. Porém, mais do que isso, sua saída pode ser justificada pela total identidade do time neste momento. Passados três anos da troca do astro Dwight Howard, o Magic continua a ser um grupo com potencial, mas sem “cara” e estilos definitivos. É essa identidade que a franquia busca ao contratar o experiente Scott Skiles e não efetivar o assistente James Borrego no comando.
O perímetro
O perímetro do Magic teve enormes problemas na temporada passada gerando boas ações ofensivas em meia quadra e com sua falta crônica de arremessador. Embora uma solução absoluta não tenha chegado, parece bastante claro que a franquia notou as deficiências e buscou reforços para amenizar a situação imediatamente. É claro que o principal fator de evolução em Orlando sempre será o desenvolvimento de seus jovens talentos, mas o time começará a campanha com armação mais sólida e, pelo menos, uma nova alternativa de arremessador no elenco.
Ainda sem presença confirmada na estreia da equipe, Elfrid Payton é o titular inquestionável da posição um e o armador do futuro do Magic. Seus reservas, porém, melhoraram bastante em relação ao primeiro semestre. Os dirigentes da Flórida foram buscar dois armadores de bom arremesso (apesar de não serem especialistas) capazes de criarem ataque tanto passando a bola, quanto com a subestimada capacidade de criar o próprio arremesso em C.J. Watson e Shabazz Napier. Veterano, Watson deverá ser o reserva imediato de Payton. Napier tende a ter menos oportunidades.
Uma possibilidade de aproveitar mais Napier e Watson seria Skiles utilizar formações com dois armadores – algo que já mostrou estar disposto a fazer em times pelos quais passou. Mas, no Magic, ele encontrará dificuldades para implementar isso: o péssimo arremesso de Payton tira o equilíbrio ofensivo da equipe ao tirar a bola de suas mãos, já há várias opções razoáveis de secondary ball handlers (Oladipo, Fournier, Gordon) no grupo e Victor Oladipo não enfrenta problemas em “deslizar” de sua posição natural e defender armadores de ofício.
Oladipo, por sinal, é o ala-armador titular do time e caminha para ser um dos melhores atletas ataque-defesa (two-way) da liga. Seu arremesso vem se tornando cada vez mais regular e a temporada de calouro atuando como armador tornou-o um jogador mais completo com a bola nas mãos. Seu reserva imediato tenderia a ser Evan Fournier, mas ele atuou improvisado na ala durante a pré-temporada – o que faz sentido, por seu arremesso e capacidade para criar saindo do drible acima da média em relação com o restante do elenco. A ausência do francês na reserva não chega a ser um problema tão sério porque Oladipo tem condições e gás para atuar 35 minutos todas as noites.
Na teoria, Tobias Harris seria o ala titular do Magic em situação ideal e a tendência é que, com um dos alas-pivôs do elenco eventualmente se consolidando durante a temporada, ele saia da posição quatro para assumir a ala. Versátil, o jogador de 22 anos tem a capacidade de cumprir múltiplas funções e, enquanto não tiver uma ideia sólida do elenco, Skiles deve se aproveitar disso. Mario Hezonja foi selecionado na quinta posição do draft deste ano e, potencialmente, seria o melhor arremessador e criador de chute saindo do drible da equipe. Há uma grande expectativa em torno de seu nome e ele deverá receber tempo de quadra crescente ao longo da campanha – até porque possui duas qualidades que o time precisa com urgência. Devyn Marble é um especialista defensivo que pode receber minutos contra matchups específicos, mas, quase nulo ofensivamente, não deve compor a rotação de imediato.
O garrafão
As duas posições “altas” da equipe estão em condições absolutamente diferentes. A rotação de pivôs do Magic está muito bem resolvida com Nikola Vucevic como titular absoluto e Dewayne Dedmon consolidando-se como reserva imediato. O primeiro é um dos nomes indiscutíveis de Orlando: não somente o melhor reboteiro do time, mas também um dos melhores pontuadores de costas para a cesta da NBA – um legítimo diferencial, se bem explorado. O europeu pode ser um duplo-duplo automático a cada noite para a equipe e esteve entre os seis jogadores da campanha passada a registrarem mínimo de 16 pontos e dez rebotes em média. Dedmon, por sua vez, é um “achado” da franquia que traz um perfil muito diferente: atlético protetor de aro que corre a quadra e faz o chamado trabalho sujo. São opostos: inspiração e transpiração.
Entre os alas-pivôs, o técnico Scott Skiles já tem uma situação bem mais aberta e uma gama de opções para montar seu time. É provável que, a julgar pela pré-temporada, Tobias Harris comece a campanha atuando na posição. O ala é uma opção compreensível na posição por oferecer maior versatilidade ofensiva (ataca com a bola nas mãos e arremessa) e defensiva (capaz de marcar formações mais baixas e tradicionais). Aaron Gordon confere capacidade semelhante ao time, podendo até formar dupla com Harris e alternar-se nas alas – algo que, eventualmente, o treinador deverá testar, mas possui menos experiência e atuou menos na offseason.
O veterano Channing Frye é a opção do time para espaçar a quadra até a linha de três pontos: trata-se de um dos melhores alas-pivôs arremessadores da NBA e, operando no pick and pop como fazia no Phoenix Suns até 2014, abre as defesas adversárias por sempre exigir que os defensores saiam do garrafão para fecharem seu chute. Em um elenco com sérios problemas de espaçamento no perímetro, utilizá-lo é uma forma das melhores formas possíveis de criar linhas de ataque e descongestionar a área pintada para os infiltradores. O recém-contratado Jason Smith traz virtude parecida, mas sem tanto alcance no arremesso. As defesas da NBA nunca se sentiram tão confortáveis para conceder tiros de média distância aos oponentes e, com o novo reforço, eles têm alguém que pode aproveitar-se dessa postura.
Por fim, Andrew Nicholson é o jogador de garrafão mais clássico da possível rotação: busca posicionamento próximo da cesta, usando seu ótimo trabalho de pernas e arsenal de costas para a cesta para causar impacto. Em uma liga cada vez mais orientada para formações mais baixas e espaçadas, ele é quem vem perdendo mais espaço no time nas últimas temporadas. Perde pontos também porque dificilmente poderá compor uma dupla com Vucevic, por seus pontos fortes e fracos parecidos.
Análise geral
A próxima temporada começa um novo ciclo de empolgação em torno do Magic. É consenso que o momento de dar um passo a frente e colocar-se na disputa por uma vaga nos playoffs chegou. A chegada do novato Mario Hezonja finalmente adiciona um arremessador de longa distância ao núcleo de jovens talentosos de Orlando, enquanto a contratação de experientes atletas como C.J. Watson e Jason Smith também traz acréscimos técnicos pontuais que não víamos na política de contratações de anos passados (Ben Gordon, Willie Green). Dá para perceber, mesmo que sem desespero, um senso de urgência na franquia.
A maior diferença na equipe aconteceu no banco de reservas: a chegada de Scott Skiles soa perfeita para o momento e pretensões do Magic, além de constituir um óbvio upgrade sobre Jacque Vaughn. Experiente, o novo treinador possui histórico de tornar elencos jovens em competitivos implantando forte mentalidade defensiva (perfeito para um material humano de vitalidade e condição atlética). O ex-armador tem tudo para fazer algo importante que o ex-técnico nunca chegou perto de alcançar em Orlando: ensinar esse time a vencer partidas e criar uma identidade dentro de quadra.
O Magic pode até não estar pronto para chegar aos playoffs e a competição do Leste tende a aumentar na temporada que se aproxima. Isso é aceitável. Mas, três temporadas e diversas escolhas de draft depois da saída de Dwight Howard, a equipe precisa dar uma resposta em quadra e exibir na prática aquele potencial ao qual só nos referimos na teoria, até agora. Já não dá mais para aceitar com naturalidade campanhas de 25 vitórias citando um futuro que está cada vez mais próximo. É hora de avançar, dar um passo a frente, mesmo que ele não chegue a ser uma classificação.
Previsão: 12º colocado na conferência Leste