Prestes a Explodir (Edição Disney) – Markelle Fultz

Nesta série especial em três partes, Lucas Torres apresenta jogadores que estão preparados para dar o “próximo salto” na carreira durante o retorno da temporada da NBA

Há apenas 20 dias do reinício da liga, depois de mais de três meses de paralisação dos jogos, nós fomos em busca de nomes que consideramos estarem prontos para apresentarem uma evolução importante durante os jogos realizados na “bolha” montada no complexo da Disney, em Orlando. Foi assim que nasceu as três edições da série Prestes a Explodir – Edição Disney: queremos identificar e analisar sinais encorajadores dados por alguns atletas em partidas que antecederam a parada por conta do novo coronavírus.

Vamos começar pelo armador Markelle Fultz, dos donos da casa Orlando Magic. Vamos ver, então, o que ele produziu de animador nos jogos da temporada pré-suspensão:

– Distribuiu 3.8 assistências para cada desperdício de bola cometido. Nenhum outro jogador da NBA teve tamanha eficiência ao balancear a criação de jogadas para companheiros com o cuidado com as posses quanto Fultz nas últimas 12 partidas da temporada. Dono de média de 7.0 assistências para 1.8 erros de ataque no período, o “terceiro-anista” – de pouquíssimos minutos em seus dois primeiros anos, lembre-se – deu todos os indícios de ter encontrado sua zona de conforto e ritmo na liga;

– Exemplificou todos os benefícios que a capacidade de entrar no garrafão adversário com frequência a partir de infiltrações é capaz de oferecer. A despeito de ainda não ser uma ameaça em arremessos de três pontos, o jogador de 22 anos tem se consolidado como um dos melhores infiltradores da liga com sua combinação de tremenda condição atlética, ótimo controle de bola (destaque para as variações de velocidade) e vantagem de força sobre a maioria dos matchups para criar espaço mesmo contra coberturas mais conservadoras em pick-and-rolls.

– Até aqui, ele possui média de 12 infiltrações na temporada – mesmo número de Ben Simmons, mesmo atuando 7.5 minutos a menos por partida que o craque do Philadelphia 76ers. Tal capacidade de chegar até o aro, combinada com a envergadura de 2,06m e a habilidade de finalizar com ambas as mãos, permitiu que Fultz convertesse 62.3% de suas 4.4 tentativas na área restrita no acumulado da temporada e excelentes 67.3% de 4.6 tentativas nos últimos 12 jogos.

Ok, mas porque ele vai explodir na Disney?

Embora tenha sido capaz de colocar pressão no aro do adversário desde o início da temporada, foi nos últimos 12 jogos que Fultz mostrou ter total controle de seu jogo para punir qualquer comportamento da defesa nesses cenários. Ele tem jogado no seu ritmo. E nenhuma pressão defensiva parece ter sido capaz de fazê-lo “acelerar” mais do que ele deseja.

Essa habilidade de atuar sob controle a partir das infiltrações tem rapidamente transformado o armador em um dos melhores atletas da liga em situações de drive and kick e drive and dish, lembrando Derrick Rose em seu auge, no Chicago Bulls.

A capacidade de Fultz engajar múltiplos defensores em suas infiltrações ainda impacta diretamente a qualidade dos arremessos criados para seus companheiros. Repare nesse levantamento, que compara o aproveitamento das oportunidades de quadra dos principais pontuadores do elenco vindas de suas mãos e do outro armador da rotação de Orlando, o veterano D.J. Augustin.

Outro fator que nos dá confiança de que Fultz será capaz de “fazer barulho” no retorno da NBA é sua significativa evolução nos pull ups de meia distância – antídoto fundamental em seu repertório nos playoffs, em um matchup provável contra o Toronto Raptors. O time canadense é um dos mais eficientes da liga na utilização de drop coverages – ou seja, em manter o pivô em posição mais profunda no garrafão, oferecendo o arremesso próximo da linha do lance livre.