O Brooklyn Nets é um dos times com mais talentos individuais na temporada, mas existem alguns aspectos que deixam dúvidas. É possível o Nets ser campeão sem defender na atual campanha da NBA? Claro que, pela amostragem, é difícil dizer, com clareza, o impacto real que o trio formado por Kevin Durant, James Harden e Kyrie Irving podem causar a um adversário nos playoffs, mas o histórico da liga não é lá dos mais favoráveis.
Durant, Harden e Irving atuaram juntos em apenas sete partidas pelo Nets. Seja por lesões ou pelos protocolos de COVID-19, o técnico Steve Nash praticamente não conseguiu juntar seus astros na primeira temporada. Foram cinco vitórias e duas derrotas. Eles não jogam juntos desde o dia 13 de fevereiro. Agora, algo para preocupar: perdeu para Cleveland Cavaliers e Toronto Raptors, que não vão aos playoffs.
20 de janeiro – Nets 135 x 147 Cavs*
23 de janeiro – Nets 128 x 124 Heat
25 de janeiro – Nets 98 x 85 Heat
27 de janeiro – Nets 132 x 128 Hawks
02 de fevereiro – Nets 124 x 120 Clippers
05 de fevereiro – Nets 117 x 123 Raptors
13 de fevereiro – Nets 134 x 117 Warriors
*Vencedor em caps
Como informado acima, a amostragem quase não existe e, restando seis jogos para o fim da fase regular, dificilmente os três vão atuar juntos antes dos playoffs, já que Harden ainda se recupera de lesão na coxa e, claramente, a comissão técnica não quer acelerar seu retorno às quadras, mesmo que isso faça com que o Nets não fique em primeiro no Leste. É mais importante ter o jogador saudável para a próxima fase do que arriscar uma volta para ter mando de quadra até o fim da conferência.
A chegada de Harden fez com que o time abrisse mão de Caris LeVert e Jarrett Allen, além de Taurean Prince. O Nets perdeu poder de marcação. Depois, assinou com os dispensados Blake Griffin e LaMarcus Aldridge. O problema é que Aldridge, projetado para ser o pivô titular nos playoffs, atuou em apenas cinco jogos e aposentou-se, após um problema no coração.
Hoje, o Nets vem de três derrotas consecutivas, sendo duas delas no confronto direto para o Milwaukee Bucks, sofrendo, em média, 42.5 pontos de Giannis Antetokounmpo. Tudo bem que Harden não atuou, mas imagine uma série entre os dois times nos playoffs…
Uma das maiores vontades de Nash e de diversos técnicos na NBA é de jogar sem pivô. Ele chegou a utilizar formações sem um jogador da posição em diversos momentos, mas aqui vai um detalhe: quando DeAndre Jordan atuou por 20 minutos ou mais, o time venceu 25 dos 34 jogos (73.5%). O aproveitamento cai quando o jovem Nicolas Claxton faz o mesmo (63.6%).
Não estou defendendo Jordan em quadra. Não é isso. Defendo um pivô experiente na posição. Griffin pouco atuou ali por toda a carreira, mas vem sendo útil. Claxton é muito promissor, mas pouco experimentado. São apenas 41 jogos na liga em dois anos. Não será nos playoffs que Nash vai utilizar o atleta para marcar um jogador como Antetokounmpo, por exemplo. Ou vai?
Nash precisa encontrar um Bam Adebayo em seu elenco. O pivô do Miami Heat “segura” Antetokounmpo a 21.3 pontos e 49.4% de aproveitamento. Desde o início do confronto, o atleta do Bucks faz, na NBA, 28.0 pontos e 55.5%. Será que Claxton pode ser essa resposta? Por mais que Jeff Green, Blake Griffin, Jordan e Durant tenham tentado, nos dois jogos contra o time de Milwaukee, o atual duas vezes MVP não teve quem o parasse.
A defesa é um problema.
Na liga, o Nets é o nono que mais sofre pontos, tem a quarta pior eficiência defensiva, é o quinto que menos pressiona o adversário a cometer erros de ataque, o nono que mais permite cestas de três convertidas e o quarto que menos rouba bolas.
Claro que imaginamos que, nos playoffs, jogadores como Irving e Harden vão se esforçar mais defensivamente. Não dá para esperar muito de Durant, por conta da lesão que sofreu no tendão de Aquiles, saindo para fazer coberturas o tempo todo. A resposta do técnico, então, pode estar em Bruce Brown. Sem Spencer Dinwiddie, lesionado no início da atual campanha, Nash deu minutos a Brown, que o ajudou imediatamente.
Mas com um time saudável, quanto tempo de quadra Brown teria? Especialmente nos playoffs, com Joe Harris, Harden e Irving no quinteto titular e Landry Shamet vindo do banco, o técnico vai precisar se virar para dar espaço a ele. Existe, ainda, a possibilidade de Dinwiddie retornar na pós-temporada. Aí que eu quero ver.
Porém, deixando de lado a parte defensiva um pouco, o aspecto Harden. A importância do astro no Nets é algo incrível. Com ele, o time possui 27 vitórias e sete derrotas (79.4% de aproveitamento). Sem ele, nove vitórias e dez derrotas (47.4%). Nada ou ninguém faz tanta falta ao Brooklyn quanto o camisa 13.
Quando ele joga, Irving vira ala-armador, fazendo uso de um de seus melhores artifícios, o arremesso de três. Enquanto isso, Harden fica mais com a bola nas mãos e carrega parte da responsabilidade para si. Parece individualismo, mas as 11 assistências por partida desmentem qualquer tese. Ele organiza melhor o time e deixa seus adversários preocupados com o que ele vai fazer: arremessar de três com aquele step back, passar ou infiltrar. Um jogador deste nível é imprevisível.
Vamos imaginar o seguinte: Harden (25.4 pontos), Durant (28.3), Irving (27.0) fazem qualquer oponente se intimidar. Mas eles vão conseguir arremessar o quanto fizeram durante a fase regular? Somados, eles arriscam 55.6 vezes por partida. Mas em um time que vive de isolation e arremessa 87.7 vezes por jogo, sobraria algo como 32 lances para o resto da equipe. Joe Harris, Jeff Green, Blake Griffin e Landry Shamet tentam 32.6 por jogo. Nos playoffs, a tendência é ver esse número de arremessos (87.7) cair, mas será que os astros vão querer diminuir?
Esse tipo de ajuste que Nash vai precisar entender. Se vai ser campeão, o papo é outro. É difícil enxergar o Nets longe da briga, mas, ao mesmo tempo, como vai fazer isso sem uma defesa forte? Agora, se vencer, será que outros times vão querer repetir a fórmula?
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