Os underdogs

A NBA possui uma particularidade perante os outros esportes quando se fala em favoritismo. Antes do início de uma temporada, você consegue prever quais serão os times candidatos ao título e raramente foge disso. A zebra, por mais que ela esteja em uma final, jamais pode ser considerada totalmente como um espanto, exceto em casos […]

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A NBA possui uma particularidade perante os outros esportes quando se fala em favoritismo. Antes do início de uma temporada, você consegue prever quais serão os times candidatos ao título e raramente foge disso. A zebra, por mais que ela esteja em uma final, jamais pode ser considerada totalmente como um espanto, exceto em casos especiais, quando jogadores principais de uma determinada equipe não estiveram bem (fisicamente e tecnicamente), como no caso do Chicago Bulls deste ano.

Mas quando pediam para falarmos quais eram os principais candidatos, eu sempre citei especialmente cinco times: Miami Heat, Boston Celtics, Oklahoma City Thunder, San Antonio Spurs e Dallas Mavericks. Por mais que eu soubesse o quão talentoso Derrick Rose é, e com um grupo bastante respeitável que o técnico Tom Thibodeau possui nas mãos, nunca considerei o Bulls com chances reais de título. Sempre achei que faltava algo. Por conta de contusões de Luol Deng, Joakim Noah e do próprio Rose, além da queda técnica de Carlos Boozer, o time sucumbiu diante de um conjunto aparentemente sem estrelas e pouco acreditado, o Philadelphia 76ers.

Porém, o Sixers apareceu bem desde o início do ano, com um banco de jogadores intensos, um técnico experiente e uma grande capacidade defensiva. Mais ou menos foi assim com o Indiana Pacers, exceto pelo fato de que o treinador não tinha larga bagagem no seu currículo.

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Quando falava do Heat, eu confiava justamente no trio formado por LeBron James, Dwyane Wade, e Chris Bosh. Como sempre, pegava no pé por coisas básicas, como um pivô, um armador, e jogadores que viessem do banco. Técnico, eu acreditava que pudesse acontecer algo semelhante a 2005-06, quando Stan Van Gundy foi demitido no meio do caminho e Pat Riley assumiu. Não foi bem assim. Erik Spoelstra segue com o seu cargo, e o Heat continua extremamente dependente de seus astros.

O Celtics teve muito azar na temporada. De cara, perdeu o ala-pivô Jeff Green por conta de problemas no coração. Aos poucos, o time foi esfacelando-se, e ficou sem Jermaine O’Neal, Chris Wilcox, e por fim, Avery Bradley. Foram três jogadores de garrafão e o técnico Doc Rivers teve que reinventar a roda. Aos 36 anos, Kevin Garnett, que sempre se recusou jogar de pivô, viu-se em uma situação única: não tinha outra opção e foi bater de frente contra os caras maiores e mais pesados da Liga. Brandon Bass, que chegou em uma troca por Glen Davis, virou titular. Greg Stiemsma, um pivô branquelo, com toda a pinta de initimidador nas horas vagas, rendeu acima do esperado.

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Bradley surgiu em um desespero quando Rajon Rondo e Keyon Dooling estavam contundidos, e teve partidas apagadíssimas na armação. No entanto, sua defesa era admirável e foi aos poucos ganhando espaço, mas em sua posição de origem, como ala-armador. Ninguém esperava que ele fosse se machucar e ficar de fora dos momentos decisivos. Rivers optou pelo básico: trouxe novamente o veterano Ray Allen para o quinteto titular. Tem dado certo.

E o Oeste?

Quem não contava com o Mavericks sendo protagonista depois de ser campeão? O problema é que muitos coadjuvantes saíram e os que chegaram não renderam a mesma coisa. Perder Tyson Chandler para o New York Knicks não estava exatamente nos planos, mas era esperado que Lamar Odom repetisse suas grandes campanhas de Los Angeles Lakers. Foi um fiasco. Caron Butler e J.J. Barea tomaram outros rumos, e o Mavs trouxe Vince Carter. Entretanto, chegou um Carter bem diferente do que foi em toda a sua carreira, priorizando o arremesso de longa distância. Também não rendeu. Dirk Nowitzki teve uma contusão no joelho que o importunou durante todo o ano, e Jason Kidd parece que sentiu a idade.

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Mas falar de idade, é claro que vão lembrar do Spurs. Particularmente, achava que o time texano era bem mais que um rótulo. Chegou à final de conferência e venceu seus dois primeiros jogos, alcançando incríveis 20 triunfos consecutivos, incluindo a parte final da fase regular. Aí perdeu três partidas seguidas, e para o espanto de muita gente, pode ser eliminado nesta quarta-feira por um Thunder fanático pela defesa e execução perfeita de Kevin Durant e seus comandados.

A verdade é essa. Há uma semana, falava-se de uma final entre Heat e Spurs. Na sexta-feira, poderemos estar tratando de duas viradas espetaculares, com Celtics e Thunder disputando o título. Mas eles são underdogs?

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Underdog é uma expressão utilizada para times não favoritos, como fora o Detroit Pistons em 2003-04 em cima do Los Angeles Lakers de Shaquille O’Neal, Kobe Bryant, Karl Malone, Gary Payton e Phil Jackson. E o Pistons, naquela época, gostava de chegar em momentos decisivos como uma verdadeira zebra. Richard Hamilton certa vez disse que isso os motivava e que, assim, a pressão caía toda em cima de seus adversários.

O Thunder não chega a ser zebra, muito pelo contrário. É um time fantástico de se ver, muito pelo seu quinteto titular. Russell Westbrook, outrora tido como afobado, diminuiu sensivelmente o número de erros de ataque, o que já ajuda muito. Nos playoffs, ele possui 2.1 turnovers e 5.6 assistências, enquanto na temporada regular ele ficou com 3.6 erros para 5.5 passes decisivos. Seu arremesso (35.1% contra o Spurs) ainda está pecando, mas ele é um jogador de dois lados da quadra, roubando nove bolas nos últimos três jogos.

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Já o Celtics vem mantendo paradigmas. Afinal, o modelo que vem sendo seguido nos mata-matas é de um time com veteranos e bom garrafão. Não tem profundidade no elenco, mas é um conjunto, diferentemente de seu adversário na final do Leste, que conta com dois jogadores espetaculares e outros nem tanto.

Eu apostava em Heat contra Spurs. Esse era o meu palpite no início do ano. Mas para que Celtics e Thunder vençam o sexto jogo e se classifiquem em casa para as finais, terão de bater seus concorrentes em quatro oportunidades seguidas.

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Sabe quando foi a última vez que Heat ou Spurs perderam quatro consecutivas em playoffs? O time texano não sabe o que é isso desde a varrida para o Phoenix Suns em 2009-10, enquanto o da Flórida, desde 2006-07, quando também perdeu os quatro embates para o Bulls.

O jogo 7 para as duas finais das conferências é o underdog, mas nem tanto.

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