Os erros históricos do New York Knicks – Parte 2

Renan Ronchi segue falando sobre os problemas da franquia de Nova York

Fonte: Renan Ronchi segue falando sobre os problemas da franquia de Nova York

No primeiro texto dessa série especial de artigos que tenta mostrar todos os erros que levaram o New York Knicks à um hiato de 42 anos (e contando) sem títulos, falamos de como a franquia recusou Julius Erving do New York Nets em troca de uma multa financeira e como isso gerou quase uma década de resultados terríveis dentro de quadra. A sorte do Knicks mudou na temporada 1984/85. Após uma campanha de 24 vitórias e 58 derrotas, o time de New York tinha 13% de chances de conseguir a primeira escolha do draft, número menor do que Indiana Pacers e Golden State Warriors. Mas a sorte finalmente sorriu para a franquia, que prontamente draftou o pivô jamaicano Patrick Ewing.

O desenvolvimento de Patrick Ewing

Sob o comando de Ewing, o respeito voltou para o Knicks. Foram quinze anos de ótimas campanhas, bons times, ginásio abarrotado de pessoas, grandes jogos (especialmente contra Chicago Bulls e Indiana Pacers) e duas aparições em finais.

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Ainda assim, o anel não veio. É verdade que Michael Jordan impediu que grandes equipes conquistassem um título nos anos 90. Mas se pararmos para pensar nos grandes pivôs da história do basquetebol Ewing é um dos únicos que nunca conseguiu ser campeão. Por que Hakeem Olajuwon, David Robinson e Shaquille O’Neal fizeram bom proveito dos anos sem MJ e Patrick não teve a mesma sorte? Podemos simplesmente dizer que o time construído em volta dele não era tão bom quanto o elenco de apoio dos três citados. Mas alguns especialistas afirmam que a questão não é tão simples a esse ponto.

Quanto Patrick Ewing chegou à NBA, ele era uma espécie de clone do Bill Russell – grande reboteiro e logo de cara um dos melhores defensores da liga, mas extremamente limitado na parte ofensiva. Alguns jornalistas de New York que cobriram toda sua trajetória possuem uma tese de que o Knicks desenvolveu de forma equivocada o estilo de jogo do pivô e o time que foi montado à sua volta. Deveriam ter refinado as habilidades defensivas do pivô, transformando-o em um dos melhores defensores de todos os tempos, ao mesmo tempo em que o cercavam de excelentes pontuadores que comandariam o ataque com Ewing facilitando o trabalho de seus companheiros de equipe. Mas não foi isso que aconteceu. O Knicks queria que Pat fosse um novo Wilt Chanberlain. E, embora não fosse sua praia, Ewing respondeu à altura.

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Como toda lenda, a competitividade do pivô era feroz. Ewing trabalhou duro como ninguém em seus primeiros anos de liga e desenvolveu um grande arsenal ofensivo. Patrick provavelmente foi o pivô com o melhor jumper da história do basquete. Com o jamaicano dominando o ataque, o time de New York passou a cercar o jogador de atletas ‘uni-dimensionais’, ou seja, com características específicas e que não demandavam muito a bola no ataque. Casos de John Stark e Anthony Mason. Também trouxeram experiência com jogadores que já haviam passado o auge de suas carreiras mas ainda podiam render, como Derek Harper, Rolando Blackman, Xavier McDaniel e Larry Johnson. Nem todos os descritos acima jogaram na mesma época, afinal estamos falando de mais de dez anos de Knicks. Mas o processo foi semelhante em todos os casos.

Patrick Ewing foi um dos melhores pivôs da história da NBA, portanto mesmo com essas dificuldades o Knicks foi um dos protagonistas da liga em sua época. Mas o time nunca era tão bom quanto outras potências. A parte ofensiva da franquia nunca foi um grande destaque na liga, pois era altamente dependente de Ewing, que algumas vezes simplesmente não era suficiente para carregar o time. Os rebotes ofensivos eram uma dificuldade constante, pois devido ao seu ótimo jumper Ewing passou a ficar mais tempo do que devia longe da cesta. E a defesa no garrafão não era tão boa quanto poderia ser, pois Ewing já não era mais uma referência naquilo que o transformou em uma lenda em Georgetown.

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É claro que de forma alguma este time era ruim. Apenas não era tão bom quanto poderia ser. Em 1994 a equipe teve duas grandes séries de sete jogos contra Bulls e Pacers e finalmente havia vencido o leste. Nas finais, também levaram o time de Hakeem Olajuwon à sete jogos, sendo que Anthony Mason era o jogador que mais dava trabalho ao ‘The Dream’ na defesa. No jogo 7, porém, John Starks teve a pior partida de sua vida (e provavelmente a pior atuação da história de um sétimo jogo). Conseguiu fazer 0-10 nos arremessos no último quarto e Ewing foi incapaz de carregar sozinho o ataque do New York Knicks. O Houston Rockets se sagrou campeão.

Dois anos depois, Pat Riley saiu do comando do New York Knicks e Don Nelson assumiu as rédeas da equipe. Nelson entendeu que mudanças eram necessárias, mas as executou de forma totalmente errôneas. Colocou Anthony Mason para jogar de ‘point forward’, mas já era tarde para esse tipo de mudanças. Ewing não aceitaria ter seus minutos e participação no ataque reduzidos. Don Nelson e Anthony Mason não duraram muito tempo mais.

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Em 1998, o Knicks adquiriu Latrel Sprewell. Junto com Allan Houston, a franquia finalmente tinha uma grande dupla de pontuadores para dividir o ataque com Ewing. Já em fim de carreira, Patrick se lesionou naquele ano e jogou apenas 38 jogos na temporada. Sob o comando de Houston, Sprewell e um jovem Marcus Camby, o time de forma bem improvável conseguiu pela segunda vez vencer o leste e chegar às finais da NBA. Mas não seria suficiente para impedir as torres gêmeas. Tim Duncan e David Robinson venceriam a série em cinco jogos e o Spurs conquistaria o primeiro título de sua história.

Em 20 de setembro de 2000, uma troca envolvendo quatro equipes, 14 jogadores e três escolhas de draft marcaria o fim da era Patrick Ewing para o Knicks, que chegou à marca de 27 anos sem ser campeão. A NBA possui tantos caminhos sinuosos e bifurcações que é impossível cravar que o time de New York teria se sagrado campeão se tivesse optado por um caminho diferente. Mas mal sabiam os torcedores da franquia que anos muito piores estariam por vir.

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(continua no próximo artigo)

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