Inegavelmente, o Portland Trail Blazers é a grande surpresa da NBA nesta temporada. São 11 vitórias, duas derrotas e a terceira melhor campanha da Liga. O time do Oregon, que se notabiliza pela eficiência no ataque, vem de nove triunfos consecutivos, incluindo um contra o San Antonio Spurs. O Blazers foi o único time que bateu o Spurs até o momento.
Antes do início da temporada regular, ninguém apostava nesse sucesso todo do Blazers. Os sites especializados em NBA, incluindo o Jumper Brasil, consideravam que o time de Portland brigaria por uma vaga nos playoffs, na sétima ou oitava posição.
No momento, o Blazers é o vice-líder do Oeste, desbancando favoritos como Oklahoma City Thunder, Golden State Warriors, Los Angeles Clippers e Houston Rockets. Nas linhas abaixo tentarei explicar os motivos do excelente começo da franquia de Portland.
Defesa no garrafão
Em primeiro lugar, vale dizer que, do quinteto titular da temporada passada, apenas o pivô J.J. Hickson deixou o time. Mais adiante falarei do quarteto Damian Lillard, Wesley Matthews, Nicolas Batum e LaMarcus Aldridge. Para a posição 5, a direção do Blazers trouxe o contestado Robin Lopez. O irmão gêmeo de Brook Lopez é muito limitado no ataque, mas ajuda demais na defesa do garrafão, coisa que Hickson nunca fez na NBA.
Pode parecer zueira, mas não é: a contratação de Lopez é um dos fatores para o sucesso do Blazers. Ele é o cara que faz o sempre importante “trabalho sujo” no garrafão. Vamos aos fatos. Em 2012/2013, a equipe de Portland foi a segunda que mais cedeu pontos na área próxima à cesta. Já nesta temporada, o Blazers é o oitavo time que mais levou cestas na área restrita.
Ponto para o GM Neil Olshey. Gastou pouco – Lopez vai ganhar 5,9 milhões de dólares nesta temporada e 6,1 na próxima – e trouxe uma peça para resolver uma das maiores carências do time.
Banco qualificado
Outro fator que vem contribuindo para a boa campanha do Blazers é o banco de reservas. Se na temporada passada, a equipe tinha nomes como Sasha Pavlovic, Luke Babbitt, Jared Jeffries e Ronnie Price, em 2013/2014, o time se reforçou com Mo Williams, Dorell Wright e Thomas Robinson, que seriam titulares em algumas equipes da Liga. E olha que o novato C.J. McCollum, que promete ter uma carreira sólida na NBA, ainda nem estreou.
Com um banco de reservas mais qualificado, o técnico Terry Stotts tem a possibilidade de dar mais descanso aos titulares. Na temporada passada, Lillard, Batum e Aldridge jogavam, em média, 38 minutos por partida. Matthews atuava por 35 minutos e Hickson outros 29. Desse quinteto, apenas o armador não se machucou em 2012/2013. Cansado, o time se arrastou ao final da temporada regular e ficou de fora dos playoffs. Ah, o quarteto de reservas citado no parágrafo anterior “contribuía” com míseros 10,4 pontos por jogo, o que comprova que o Blazers tinha o pior banco de reservas da NBA, talvez um dos mais medíocres da história da Liga.
Neste ano, o quinteto titular continua ficando muito tempo em quadra, mas em compensação, os reservas Williams, Wright, Robinson e Joel Freeland têm ajudado quando solicitados. Juntos, eles contribuem com 20 pontos por noite. O banco terá papel ainda mais importante ao longo da temporada, quando Stotts for poupar os titulares em algumas partidas e variar as formações em quadra.
Números do Blazers em 2013/2014
– Quinto em eficiência ofensiva (106.9 pontos)
– Nono melhor ataque (103.3 pontos)
– Sétimo em acertos de arremessos de quadra (38.9)
– Décimo segundo em aproveitamento nos arremessos de quadra (45.5%)
– Primeiro em acertos de arremessos de média distância (162, fator LaMarcus Aldridge)
– Quinto em aproveitamento nos arremessos de média distância (43.9%)
– Terceiro em acertos de bolas de três pontos (10.1)
– Terceiro em aproveitamento nas bolas de três pontos (41.9%)
– Oitavo time que menos comete turnovers (14.2)
– Nona melhor defesa (97.8 pontos)
Quarteto que faz a diferença
Agora vale destacar o talentoso quarteto Lillard, Matthews, Batum e Aldridge, que são muito eficientes no setor ofensivo. O primeiro é o responsável por armar as jogadas da equipe. Em seu segundo ano na Liga, Lillard está cometendo menos erros (diminuiu de 3.0 para 2.3) e arremessando melhor do perímetro (aproveitamento de 40.2% nas bolas de três pontos, contra 36.8% na temporada passada). Ganhador do prêmio de melhor novato de 2012/2013, ele continua sendo mais um scorer do que um playmaker, tanto que é o segundo cestinha do time, o que deixa o ataque do Blazers ainda mais mortal.
Matthews vem fazendo sua melhor temporada em cinco anos de NBA. Além de ser o terceiro cestinha do Blazers, ele está arrebentando nos arremessos de longa distância. Até a temporada passada, Matthews tinha um aproveitamento de 39% nas bolas de três pontos. Neste ano, ele vem acertando 50% dos arremessos do perímetro, o que é um aproveitamento espetacular.
O francês Batum, de 25 anos, é um jogador que faz de tudo um pouco em quadra. Ele contribui em praticamente todas as áreas. Defende bem o perímetro, pega muitos rebotes, distribui um número considerável de assistências e ainda acerta mais de 41% dos arremessos de longa distância. Assim como Matthews, ele está no auge da carreira.
Fechando o Big Four do Blazers, temos LaMarcus Aldridge. Principal cestinha da equipe, o ala-pivô viu seu nome envolvido em alguns rumores na última offseason. A imprensa de Portland dizia que ele estaria insatisfeito e queria ser trocado, o que Aldridge sempre negou. Se Lillard, Matthews e Batum vêm sendo mortais no perímetro, o camisa 12 do Blazers é a referência ofensiva no garrafão. Aldridge vem fazendo sua melhor temporada em oito anos na Liga e é um dos melhores alas-pivôs da NBA (hoje, só vejo Kevin Love à sua frente).
Números do Big Four do Blazers em 2013/2014
Damian Lillard: 19.9 pontos, 4.5 rebotes, 5.8 assistências e 40.2% nas bolas de três pontos
Wesley Matthews: 16.8 pontos, 4.8 rebotes, 54.8% nos arremessos de quadra e 50.0% nas bolas de três pontos
Nicolas Batum: 13.3 pontos, 6.6 rebotes, 5.0 assistências e 41.1% nas bolas de três pontos
LaMarcus Aldridge: 21.7 pontos, 8.8 rebotes, 2.3 assistências, 1.2 roubo de bola, 0.8 toco e 46.2% nos arremessos de quadra
Enfim, o GM Neil Olshey talvez seja o grande responsável pela ótimo início de temporada do Blazers. Sem cometer loucuras financeiras, ele foi ao mercado e fez contratações pontuais. Com a base mantida e o banco de reservas mais encorpado, a franquia de Portland tem tudo para continuar fazendo um bom papel em 2013/2014.
Obviamente, o sucesso do Blazers vai depender da saúde dos jogadores. A franquia, historicamente, é “zicada” por lesões. Greg Oden e Brandon Roy são alguns exemplos. Tomara mesmo que o elenco se mantenha saudável e que os torcedores voltem a ver o time de Portland brigando nas cabeças e, quem sabe, sonhar com algo a mais nos playoffs.