O quão válido é o tank do Oklahoma City Thunder?

Time acumula escolhas de draft a cada ano, mas não sai do lugar

Oklahoma City Thunder tank Fonte: JORDAN JOHNSON / AFP

Pra quem acompanhou a NBA na década passada, era frequente enxergarmos o Oklahoma City Thunder como um dos favoritos ao título anualmente, mas não consegue sair do tank na atualidade. De 2010 a 2019, a franquia foi aos playoffs em nove de dez oportunidades, ficando de fora somente na temporada 2014/15. Na época, o então astro da equipe Kevin Durant jogou somente 27 jogos, convivendo com inúmeras lesões. São poucas as franquias que, nesse espaço de tempo, tiveram mais talento que o Thunder.

Estamos falando de uma franquia que teve, no referido período, astros como Kevin Durant, Russell Westbrook, James Harden, Paul George e Carmelo Anthony, ainda que nem todos simultaneamente. O teto da franquia foi a derrota, para o San Antonio Spurs, nas finais da NBA em 2011/12. A decisão equivocada do GM Sam Presti, que decidiu não pagar o que James Harden pediu, pode ter evitado uma equipe multicampeã, mas esse não é o foco do presente artigo.

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Os anos de sucesso, sob a liderança de Kevin Durant (até a temporada 2015/16) e Russell Westbrook (presente em todo período citado), faziam parecer que o Thunder esteve sempre à uma peça de ser campeão, até que tudo implodiu..

O fim da era Westbrook e o início do tank no Oklahoma City Thunder

No dia 10 de julho de 2019 caiu como uma bomba na comunidade de basquete. Os insiders noticiavam que o Thunder estava trocando o ala Paul George para os Los Angeles Clippers.

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George vinha de uma temporada de altíssimo nível e já havia, em mais de uma oportunidade, falado que seu futuro era com o Thunder. Apesar de uma grande existência de rumores ligando o atleta ao Los Angeles Lakers. A troca para o rival dos Lakers rendeu diversas escolhas de draft ao OKC, além de Danilo Gallinari e o jovem Shai Gilgeous-Alexander, que é o destaque da franquia atualmente.

O foco nas escolhas de draft deixou bem claro o intuito de Sam Presti, general manager do Oklahoma City Thunder: acumular picks e mergulhar no tank. O tank, em um breve resumo, é uma estratégia que franquias da NBA utilizam para focar em escolhas altas do draft, fazendo times pouco competitivos e focando no desenvolvimento de jovens jogadores.

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A troca de Paul George não foi a única, menos de uma semana depois, o maior jogador da história do Oklahoma City Thunder, Russell Westbrook, foi trocado. Um dos maiores fenômenos de polarização na NBA nesse século, Brodie teve uma belíssima passagem pela franquia que o draftou e, com o iminente tank, foi trocado para o Houston Rockets por duas escolhas de primeira rodada protegidas, duas escolhas de segunda rodada e o armador Chris Paul.

Apesar de ter começado uma grande reconstrução, com a troca dos seus dois principais jogadores, o Thunder seguiu marcando presença nos playoffs. Em uma temporada atípica pelo início da pandemia, a franquia ficou em quinto lugar na conferência e, na “bolha” da Disney, foi eliminada pelo Houston Rockets, de Harden e Westbrook, na primeira rodada dos playoffs, em uma ótima série que chegou à sete jogos.

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Dos playoffs aos últimos lugares do Oeste

Ainda que a campanha, sob o comando de Chris Paul, tenha sido fenomenal, o objetivo do Thunder claramente não era mais uma ida aos playoffs, com a franquia trocando, novamente, seus destaques. Após uma temporada de retomada ao mais alto nível, Chris Paul foi trocado para o Phoenix Suns, em troca de uma escolha de primeira rodada, além de alguns jogadores, e Danilo Gallinari foi para o Atlanta Hawks em uma sign and trade que rendeu uma escolha de segunda rodada ao Thunder. E esse se tornou um padrão da franquia: diversos movimentos visando acumular escolhas futuras de draft.

Com todos esses movimentos de saída dos bons jogadores que restavam no elenco, a temporada 2020/21 trouxe a nova tônica do Oklahoma City Thunder: poucas vitórias, derrotas muitas vezes acachapantes e dono de uma “tonelada” de escolhas de draft. A temporada 2021/22 não foi diferente. Se na temporada anterior foram 22 vitórias, nesta foram 24, tendo a segunda pior campanha da conferência nos dois anos. Vendo tudo isto, vem a seguinte pergunta:

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O tank do Oklahoma City Thunder é realmente bom?

Há quem leia esse questionamento e pense que a postura da franquia é ótima, visto que o Thunder acumula picks e jovens. Para deixar cristalino, o Thunder é dono de 38 picks até 2029, sendo 19 de primeira rodada. Em um recorte menor, são oito escolhas de primeira rodada nos próximos 3 drafts da NBA. Ao lermos números tão exorbitantes, conclui-se que o trabalho está sendo muito bem feito, não?!

Pois bem, em três anos de tank, dois desses com campanhas negativas, o Thunder ainda não conseguiu, via draft, jogadores confiáveis. O melhor jogador da franquia hoje é o ótimo guard Shai Gilgeous-Alexander, que tem ótimos números nos últimos anos. Contudo, é sempre importante analisar o contexto: ainda que o nível do armador seja elevado, a exigência de onde ele joga é baixíssima. Shai não tem obrigação de vencer e isso, consequentemente, deixa o jogo muito mais fluído para o armador.

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É distinto quando comparamos com um jogador de idade similar, mas que entra em quadra com a necessidade de vencer, como é o caso de Donovan Mitchell, recentemente trocado ao Cleveland Cavaliers. Os números são parecidos, mas as exigências completamente diferentes.

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Quanto aos jogadores escolhidos via draft, é consenso que o pivô Chet Holmgren tem o maior potencial entre todos. Porém, o jovem se lesionou no mês passado e não jogará na próxima temporada da NBA. Holmgren é talentosíssimo, mas o seu físico foi, desde cedo, uma preocupação para todos, com diversos questionamentos sobre a adaptação deste ao jogo mais físico da NBA. A ausência de Chet frustra os planos da franquia, que visava uma temporada de adequação do jogador, sem a exigência por vitórias, além de ligar um sinal de alerta sobre as questões físicas do atleta.

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Dentre o restante do elenco da franquia, o ala-armador Josh Giddey é um dos mais promissores. No entanto, apesar do hype e de bons momentos na temporada, o jogador ainda não mostrou o potencial de ser um titular sólido na liga. Digo isto por ter se mostrado, até agora, um defensor muito abaixo da crítica e um pontuador ineficiente em todos os aspectos. Sua capacidade de armação é acima da média, de fato, mas isso pode não ser o suficiente para uma equipe vencedora.

O quão valiosas são escolhas de draft?

Dentro desse cenário, voltamos para as escolhas de draft. O acúmulo delas não é algo negativo, longe disso. Mas o draft não é garantia de sucesso, anualmente diversos jogadores chegam com muita expectativa na NBA, via draft, e acabam decepcionando. Muitas das escolhas do Thunder são escolhas protegidas, e a probabilidade de conseguir um grande jogador com escolhas mais baixas não é grande. A cada classe do recrutamento da NBA, menos da metade dos jogadores se confirmam como sólidos, e boa parte destes saem já na loteria.

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Não me entenda mal, mas para uma franquia que o foco está no tank, não é um bom sinal um elenco que não possui mais de três jogadores com um potencial realmente alto. Para efeitos de comparação, equipes que também estão no mesmo contexto de tank, como o Detroit Pistons, já aparentam ter condições de, em breve, competir por vagas em nos playoffs. O Memphis Grizzlies, por exemplo, também passou por uma reconstrução há pouco tempo. Adivinha só? Apesar de tudo, já está num patamar muito acima do Oklahoma City Thunder.

O Thunder nunca foi uma franquia capaz de atrair jogadores na agência livre, muito por ser parte de um mercado pequeno. Além disso, a mentalidade perdedora dos últimos anos pode ser mais um ponto negativo na busca por bons jogadores. As escolhas de draft de fato são importantíssimas como ativos em trocas, mas em uma NBA cada vez mais refém dos jogadores, a franquia pode ser um destino pouco considerado pelos grandes jogadores da liga.

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O Oklahoma City Thunder deve seguir no tank?

O Thunder tem totais condições de voltar a ser competitivo em um curto espaço de tempo. Entretanto, esse acúmulo de escolhas de draft deve ser utilizado pela franquia para melhorar o atual elenco. A mudança de mentalidade é algo importantíssimo em uma reconstrução. No entanto, nada impede que as sucessivas temporadas negativas façam com que Shai Gilgeous-Alexander, destaque da franquia, peça para sair.

É comum vermos na NBA as estrelas darem ultimatos em suas franquias por uma mudança de atitude. Há poucos anos, Devin Booker, de acordo com relatos da imprensa americana, estava extremamente insatisfeito com os caminhos que o Phoenix Suns levava, até o momento em que a franquia buscou Chris Paul e mudou seus rumos.

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A eterna espera por um salvador vindo do draft nem sempre resulta no esperado, além de competência na escolha, a franquia ainda precisa de sorte pra sair com uma das três primeiras escolhas. Portanto, o Thunder deve ter cuidado para não ficar no limbo. Não é todo draft que possui talentos geracionais e ficar refém, exclusivamente, do recrutamento não é um bom sinal para a franquia.

Porém, ao contrário do que outras franquias sofrem, o OKC tem assets valiosos em mãos para mudar o contexto e voltar a buscar vitórias. Se o farão nessa temporada? Então, tenho certeza que não. Mas a próxima temporada, com o retorno de Chet Holmgren e um Shai Gilgeous-Alexander cada vez melhor, será o momento chave para o Oklahoma City Thunder dar a virada de chave ou mergulhar no limbo.

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Por Julio Luizelli

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