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Por Zeca Oliveira (@gotoguy_)
No ano passado, Glen Rice Jr. fez um trajeto tortuoso para chegar à NBA. Dispensado pela equipe da Universidade Georgia Tech por conta de uma série de problemas de conduta, o ala-armador resolveu deixar a faculdade no terceiro ano de estudos para jogar profissionalmente na D-League. Na época, o jovem não parecia ter perspectivas otimistas na carreira e não poderia estar menos cogitado para ser escolhido no draft. No entanto, após um início lento, ele tornou-se um dos principais jogadores do Rio Grande Valley Vipers e foi campeão da liga sendo MVP das finais. Assim, saiu da quase obscuridade entre os universitários para ser quase uma escolha de primeira rodada no recrutamento de 2013. Realizou seu sonho.
Situação muito semelhante está sendo protagonizada agora, um ano depois de Rice, pelo ala-armador P.J. Hairston. Ex-aluno da Universidade da Carolina do Norte, ele foi impedido de atuar pela NCAA por causa de problemas com a lei e de disciplina. Na última offseason, o prospecto de 21 anos foi flagrado pela polícia dirigindo um carro que estava ligado a um criminoso e teria recebido benefícios proibidos para um jogador amador (leia-se, dinheiro e outros bens materiais). Estas são dois dos exemplos das besteiras que ele vinha fazendo em sua carreira universitária.
Para não deixar o sonho de jogar na NBA ficar mais distante, Hairston decidiu partir para a D-League (assinou com o Texas Legends, do treinador Eduardo Najera e do pivô Fab Melo) com o objetivo de continuar diante dos olheiros de franquias e ser selecionado no próximo draft. O resultado? Ele vem atuando de forma espetacular e mantém ótimas chances de chegar à melhor liga do mundo. Em dez partidas, o ala-armador acumula médias de 26.3 pontos, 4.5 rebotes, 2.3 roubos de bola e 38.8% de aproveitamento nos arremessos de longa distância. Isso sem contar que já teve duas partidas de 40 pontos em tão pouco tempo como profissional – na vitória sobre o Valley Vipers (40) e na derrota contra o Reno Bighorns (45).
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Tenho certeza que muitos aqui, assim como eu, também acham que a NCAA exagera nas punições e interfere demais na vida pessoal dos estudantes-atletas às vezes (e, para quem não faz ideia do que estou falando, recomendo assistir ao filme “Um Sonho Possível”). Enfim, eu discordo de muitas das atitudes da NCAA e fico preocupado quando outra liga abre as portas para os jogadores que foram suspensos do basquete universitário. Jogar na D-League ainda não é algo benéfico aos prospectos, sobretudo pensando na projeção lá em junho – os universitários têm ampla vantagem aos olhos dos recrutadores –, mas o simples fato de ser uma solução para os alunos indisciplinados que desejam escapar das regras da NCAA e chegar à NBA já é algo que muda um pouco o panorama geral.
Eu não tenho nada contra Hairston. Na verdade, se querem saber mesmo, ele é um dos meus maiores ídolos no basquete hoje: está se comportando bem ultimamente e fazendo curso à distância para se formar antes mesmo do recrutamento. Eu não gostaria, porém, de vê-lo sendo selecionado em uma escolha muito alta para – indiretamente – evitar que o artifício de usar a D-League como “ponte” para a NBA torne-se uma prática corriqueira.
Nota do editor: Atualmente, Hairston é considerado uma provável escolha de primeira rodada. Rice Jr. também era antes do draft do ano passado, mas acabou caindo até a 35ª posição e está no elenco do Washington Wizards.
Para mais de Zeca Oliveira sobre basquete universitário e NBA visite o blog Go-to Guy Brasil
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