O Neandertal

A direção do Cleveland Cavaliers deve estar respirando aliviada. Após um começo de temporada irregular, o calouro que foi aposta começou a corresponder em quadra, arrumando uma vaga no quinteto titular. Pena que o jogador em questão não é Anthony Bennett, primeira escolha do draft. Ou mesmo Sergey Karasev, 19ª selecionado no último recrutamento. O calouro […]

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A direção do Cleveland Cavaliers deve estar respirando aliviada. Após um começo de temporada irregular, o calouro que foi aposta começou a corresponder em quadra, arrumando uma vaga no quinteto titular. Pena que o jogador em questão não é Anthony Bennett, primeira escolha do draft. Ou mesmo Sergey Karasev, 19ª selecionado no último recrutamento.

O calouro de que estou falando é Matthew Dellavedova.

O australiano passou batido no draft, após se formar na Faculdade de Saint Mary, na Califórnia, com os recordes do time em pontos, assistências, jogos disputados, arremessos de três pontos e percentagem de acerto nos lances livres (ele quebrou todos os recordes que seu conterrâneo, Patrick Mills, havia estabelecido pela instituição). Os olheiros questionavam sua capacidade de defender os armadores mais rápidos e mais fortes que povoam a NBA.

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Porém, quem  o acompanhava atuando pela seleção da Austrália podia perceber que ele poderia sim atuar na liga norte-americana. Ele foi o jogador mais jovem a atuar pelo país no Campeonato da Oceania, em 2009, e se destacou nos Jogos Olímpicos de Londres, jogando ao lado de Mills.

Ele chegou até a ser tema de um documentário da ESPN: 

http://www.youtube.com/watch?v=z6htYZqbqP0

O treinador da seleção Brett Brown, agora à frente do Philadelphia 76ers, definiu Dellavedova como um “Neandertal”. Ele foca no que é preciso fazer de melhor para o seu time e faz isso em quadra. Não importa se é organizar o jogo, defender o melhor jogador de perímetro do adversário ou pontuar quando necessário.

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Em Londres, a qualidade dele na defesa e para organizar o jogo transformaram Mills em um scorer – como Allen Iverson em seu auge no Sixers. Agora, quem se beneficia disso é outro armador rápido, ágil e pontuador: Kyrie Irving (que também é australiano, diga-se de passagem).

“Pela primeira vez em três anos na NBA eu posso jogar de forma realmente confortável”, afirmou Irving durante a pré-temporada. “Eu conheço todas as posições em quadra, especialmente a de  Shooting Guard. Isso me permite não gastar tanta energia conduzindo a bola no topo do garrafão. Posso me aproveitar melhor dos bloqueios, e estamos praticando isso todos os dias nos treinamentos. Jogando na posição 2, eu crio mais espaço para os pivôs e para os arremessadores.”

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Agora, com Dellavedova no quinteto titular, é justamente isso que está acontecendo.

O ponto de virada do armador aconteceu nas duas partidas consecutivas entre Cavs e Washington Wizards. Na primeira, uma vitória na prorrogação, ele jogou por 30 minutos, e apesar de ser discreto no lado ofensivo, seus esforços defensivos foram reconhecidos por Irving e por Mike Brown. Já no segundo, ele atuou por 26 minutos e acertou três arremessos de três pontos, além de dar três assistências, e mais uma vez sua defesa se destacou, apesar da derrota.

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Confira vídeos com os melhores momentos de Dellavedova nesses jogos:

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Após os jogos contra a franquia da capital, ele se tornou titular, o que leva a um questionamento: o que os dirigentes do Cavs fazem na hora de observar os prospectos que ele selecionará no draft? 

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Dellavedova tomou o posto de titular de Dion Waiters, que foi a contestada quarta escolha geral do recrutamento de 2012, e agora está jogando mais tempo que ele. Waiters, que não era titular nem na universidade, já mostrou que rende mais quando sai do banco de reservas.

Mas… como você gasta uma quarta escolha em draft em um reserva? Principalmente quando os concorrentes para a posição eram C.J. Miles, Alonzo Gee e Shaun Livingston? E se o Cavs tivesse escolhido Harrison Barnes, por exemplo?

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Por fim: Anthony Bennett.

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Sei que é cedo pra criticar o ala-pivô, que assim como Boris Diaw, Zach Randolph e Glen Davis, é a prova viva de que não preciso fazer regime para jogar basquete. Ainda assim, 2.0 pontos e 2.7 rebotes em 11.1 minutos são, no mínimo, frustrantes.

Afinal de contas, Victor Oladipo, Michael Carter-Williams, Kelly Olynyk e Tim Hardaway Jr., por exemplo, já estão se destacando. Isso porque Trey Burke só estreou recentemente e Otto Porter e C.J. McCollum ainda não se recuperaram de contusões. E Nerlens Noel?

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Eu estou orando para todos os deuses para que Bennett  comece a jogar um basquete decente e faça com que me arrependa de escrever isso sobre ele ao fim da temporada. Talvez a lesão que ele teve no ombro fosse mais séria do que pareceu, ao fim das contas. Ou então ele precisasse de um trabalho psicológico melhor após ser a primeira escolha do draft.

Enquanto o Cavs vai parecendo não saber o que fazer com suas escolhas de draft, ou então sem saber como desenvolvê-las (com exceção de Kyrie Irving, talvez) Dellavedova, o Neandertal, está aí se firmando, apesar de ter sido undrafted.

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Coisas da NBA.

Outra escolha contestável do Cavs no Draft (vários especialistas apontam que Jonas Valanciunas seria uma melhor escolha), Tristan Thompson vem se desenvolvendo cada vez mais. Na temporada, ele é o único jogador do time, junto com Irving, a ser titular em todas as partidas, e tem boas médias de 11.1 pontos e 9.4 rebotes. Olho nele.

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