O Jogo em Números – Quem são os pivôs que mais ‘seguram’ posses?

Ricardo Stabolito Jr. analisa atletas de garrafão que mais tempo ficam com a bola nas mãos a cada toque nessa temporada

Fonte: Ricardo Stabolito Jr. analisa atletas de garrafão que mais tempo ficam com a bola nas mãos a cada toque nessa temporada

A NBA – e o basquete, como um todo – viveu transformações nos últimos 30 anos que levaram o jogo a ser cada vez mais orientado para o perímetro e distanciar-se progressivamente do garrafão. Se os pivôs eram os donos originais da bola, isso já mudou de forma acelerada nesse século. Assistir a certos times da atualidade é ver os atletas de garrafão converterem-se em peças quase dispensáveis do esporte.

Como reflexo disso, as posses tendem a ficar menos e menos tempo com jogadores de garrafão – a bola chega menos e, quando chega, não permanece em suas mãos. A bola fica nas mãos dos criadores de perímetro, como evidencia a média de tempo de posse por toque: craques como Trae Young, Damian Lillard e James Harden lideram o quesito ficando mais de seis segundos com a bola nas mãos por toque – ou seja, mais de ¼ do total que um time pode tê-la.

Veremos hoje, aqui, que isso é muito (muito mesmo) mais tempo do que qualquer atleta de garrafão – pivô ou ala-pivô – registra atualmente. Mas essa observação não é o mais importante ou interessante: o que desejamos ver, especificamente, é quem são os “grandalhões” que, mesmo nesse novo panorama, ainda “seguram” posses e buscar compreender a situação de cada um.

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Na tabela a seguir, estão os dez jogadores de garrafão (pivôs ou alas-pivôs) – entre aqueles que têm espaço regular nas rotações de suas equipes – que possuem maior média de tempo retido a cada posse de bola na atual temporada e os números que registram:

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Jogador

Tempo médio (seg.)
Julius Randle (Knicks)

2.76

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Blake Griffin (Pistons)

2.74
Bam Adebayo (Heat)

2.72

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Draymond Green (Warriors)

2.64
Nikola Jokic (Nuggets)

2.38

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Anthony Davis (Lakers)

2.33
Andre Drummond (Cavaliers)

2.33

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Montrezl Harrell (Clippers)

2.28
Joel Embiid (Sixers)

2.23

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Paul Millsap (Nuggets)

2.21

 

É preciso apontar, antes de tudo, que ainda existem razões plausíveis para pivôs da atualidade terem tempo considerável com a posse da bola. Hoje, por exemplo, há jogadores de garrafão que são armadores de fato de seus times (point forwards e point centers se popularizaram, dentro do possível) e até criadores de arremesso saindo do drible (Karl-Anthony Towns, notadamente).

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Até por isso, vamos trazer mais três informações sobre esses jogadores que podem ajudar a contextualizar esse cenário de análise: as médias de passes e assistências distribuídas por partida, além da porcentagem de seus arremessos que acontecem após três ou mais dribles, nessa temporada.

Jogadores

Passes por jogo Assistências por jogo 3+ dribles (%)
Julius Randle (Knicks) 46.1 3.1

31.9

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Blake Griffin (Pistons)

41.6 3.2 37.2
Bam Adebayo (Heat) 47.9 5.1

18.7

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Draymond Green (Warriors)

58.3 6.2 14.9
Nikola Jokic (Nuggets) 75.3 6.9

17.3

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Anthony Davis (Lakers)

38.8 3.1 15.6
Andre Drummond (Cavaliers) 43.0 2.7

19.2

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Montrezl Harrell (Clippers)

32.1 1.7 23.1
Joel Embiid (Sixers) 46.5 3.1

15.0

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Paul Millsap (Nuggets)

21.3 1.6

19.9

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Existe um jogador que eu retiraria imediatamente da análise: Blake Griffin, que só disputou 18 partidas da temporada e estava em condições físicas absolutamente deploráveis, embora não quisesse admitir. Só veja a diferença entre os números que listei nas duas tabelas anteriores e seus índices da temporada anterior para entender como houve uma piora fora da curva natural.

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Jogador (2018-19)

Tempo médio (seg.) Passes por jogo Assistências por jogo 3+ dribles (%)
Blake Griffin 3.26 (-0.52) 61.0 (-19.4) 5.4 (-2.2)

48.1 (-10.9)

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Griffin, em condições físicas ideais, iria estar ao lado de Jokic, Green e Adebayo em um grupo específico dentro dessa avaliação: são jogadores de garrafão que, como citados anteriormente, funcionam como verdadeiros armadores em seus times – e, não à toa, possuem as maiores médias de passes e assistências distribuídas nessa temporada. São pivôs que revelam-se playmakers primários ou secundários.

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Embiid e Davis também fazem parte de um grupo específico por serem referências ofensivas de suas equipes. Eles não são os principais criadores da equipe ou quem iniciará o ataque com a bola nas mãos, mas é importante que posses passem por suas mãos para que a defesa seja pressionada – e, para isso, precisam segurá-la por algum tempo. Suas 3.1 assistências por jogo, por sinal, é um bom índice.

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A presença de Randle, em especial, como jogador com mais segundos de retenção por toque e único atleta além de Griffin com mais do que 25% de seus arremessos tentados após mínimo de três dribles é negativa. Embora ele seja um scorer capaz no post e passador competente, infelizmente, em linhas gerais, esses números só servem para confirmar sua crescente fama como um black hole.

Dá para perceber, pelos números, porque rumores circulam que companheiros de Lakers antes e Knicks hoje não estão satisfeitos com a forma como ele estaria “segurando” demais a bola.

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Drummond poderia entrar em uma análise parecida, na verdade, pois sempre foi criticado nos bastidores da liga por uma insistência em querer fazer o que nunca soube: ser um pontuador no post, retendo a bola para tentar criar jogadas com altíssimo índice de turnovers. Mas, nos últimos anos, esse panorama mudou um pouco e há dois pontos para justificar (levemente) a presença nessa lista:

– Drummond melhorou sensivelmente como passador e o Pistons – onde passou a maior parte da temporada – precisou explorar essa virtude de seu jogo de forma quase desesperada na ausência de um Griffin saudável, em especial, no início da temporada;

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– Ele é o melhor reboteiro da liga, com muito volume nos dois lados da quadra, o que coloca posses em suas mãos que precisam ser “asseguradas e protegidas” antes de poderem receber uma sequência.

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Millsap e Harrell, por fim, são duas das presenças mais interessantes e inesperadas dessa lista. Ambos são os atletas com menor índice de passes e assistências entre todos os listados, além de estarem entre aqueles que mais possuem arremessos com três ou mais dribles tentados no seu volume ofensivo.

Harrell é um dos melhores finalizadores em pick-and-rolls da liga e, sinceramente, não esperava vê-lo aqui – a frente de caras como Karl-Anthony Towns, LaMarcus Aldridge, Kevin Love e Domantas Sabonis. Uma possível explicação para marcar presença é que, por ser um pivô muito mais ágil e rápido do que os adversários, parte de seu jogo ofensivo também se constitui de atacar atletas mais pesados. Ele também costuma precisar de muito tempo para preparar condições

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Veterano em final de carreira, Millsap faz uma temporada bastante adequada em Denver e tem sido elogiado localmente por suas atuações. É outro atleta que não faz muito sentido estar aqui. Minha teoria: a sua presença aqui pode estar muito ligada a ser parte de um time que troca muitos passes. Mais do que ser um mero espaçador de quadra, ele tem oportunidade de atacar vários closeouts atrasados e mal posicionados por conta da movimentação de bola rápida de Denver.

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