O inferno astral de Jayson Tatum

Após entrar no primeiro time ideal da NBA, astro teve muitos problemas nos playoffs

inferno astral Jayson Tatum Fonte: JESSE D. GARRABRANT/AFP

A temporada 2021-22 de Jayson Tatum terminou como começou: em um inferno astral. O astro foi questionado por Marcus Smart, o Boston Celtics naufragou e parecia que ficaria longe dos playoffs, mas as coisas mudaram no fim de dezembro. Desde então, o camia 0 entendeu o que o técnico Ime Udoka queria e tudo ficou melhor. Não em um nível OK, mas a ponto de comandar uma das maiores viradas dentro de uma mesma campanha em todos os tempos na NBA.

Tatum cresceu de produção quando procurou mais seus colegas ao invés de tentar lances isolados. Ele saiu de 3.7 assistências nos primeiros 33 jogos para 4.9 nos 43 seguintes. Seu aproveitamento nos arremessos de três também melhorou, saindo de incômodos 32.8% até dezembro para 37.2% desde então. Portanto, o Celtics evoluiu com ele. Enfim, ele era material de primeiro time ideal da liga.

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Mas chegaram os playoffs e ele não foi tão bem como esperava-se, embora a série contra o Brooklyn Nets tenha sido incrível. Primeiro, foi dele a cesta decisiva no primeiro jogo dos playoffs, que colocou pressão sobre o Nets a partir dali. Depois, a primeira rodada terminou com uma varrida em cima de um time que tinha Kevin Durant e Kyrie Irving.

Ombro

Pode ser desculpa ou não. Vai muito da interpretação, mas Jayson Tatum teve um índice de arremessos convertidos pior desde a lesão no ombro, na terceira partida das finais de conferência. Tatum caiu de produção e passou a individualizar ainda mais suas jogadas ofensivas.

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No jogo 4 contra o Miami Heat, ele estava ainda pior nos arremessos, com um acerto em sete tentativas. No entanto, o aproveitamento foi exatamente o mesmo do terceiro embate. Nas partidas seguintes diante do Heat, Tatum registrou 26.0 pontos, 10.3 rebotes e 6.3 assistências, mas com 4.7 erros de ataque.

Como o Celtics estava vencendo, passando de fase, ninguém colocou isso como um ponto de interrogação. Era ruim, mas não ao ponto de questionar seu desempenho ou qualquer coisa parecida.

Faixa de Kobe Bryant

Claro, quem analisa o jogo de basquete sob aspectos estatísticos e pelo comportamento de jogadores em quadra, viu que algo estava errado com Jayson Tatum, um inferno astral que estava em andamento.

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Mas veio a cortina de fumaça.

Tatum utilizou a faixa de Kobe Bryant no sétimo jogo das finais de conferência contra o Miami Heat. Até aí, tudo certo. Ele estava homenageando o seu ídolo, morto em janeiro de 2020. No entanto, isso serviu para que as críticas em cima dele se multiplicassem.

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Nem tanto pelo jogo, mas pela faixa de um ex-jogador do Los Angeles Lakers.

Para quem não sabe, o maior rival do Boston Celtics é, justamente, o Lakers.

Seja por tradição, por estarem empatados em títulos na NBA (17), por terem se enfrentado em 12 finais (nove vitórias de Boston), por Larry Bird x Magic Johnson ou pela reedição de decisões em 2008 e 2010. O torcedor do Celtics não suporta o Lakers e vice-versa.

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No fim das contas, a torcida pegou no pé do jogador certo, mas por motivos errados.

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Turnovers

Os erros de ataque se tornaram mais frequentes para Jayson Tatum. Enquanto ele jogou para o time, procurando seus companheiros, os turnovers estavam controlados. Mas quando ele quis decidir todas as jogadas entrando no garrafão adversário, pulando para a cesta e, por fim, passando a bola para o perímetro, tais falhas se repetiram em demasia.

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Eram sempre jogadas similares.

Tatum infiltra, encontra uma “parede” na marcação e passa a bola na mão do adversário sair em contra-ataque. Foi o que mais aconteceu, mas houve falha na saída de bola ou ela batendo na mão dele ou no pé e saindo. Enfim, um show de horrores.

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Contra o Golden State Warriors, entretanto, ele teve menos turnovers (3.8) do que diante do Miami Heat (4.7).

Mas sabe qual é a diferença? Quando o time vence, erros vão para debaixo do tapete. Aquela bandeja “fácil” em transição que ele errou contra o Heat teve peso muito menor do que na final da NBA.

Natural que seja assim, mas não deveria.

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Liderança questionada

A partir do momento em que o time perde, inicia-se uma caça aos culpados. E, claro, se o seu melhor jogador não está tendo uma performance de All-NBA, ele vira alvo muito fácil.

Então, começaram a questionar sua liderança, sua capacidade de fazer seus companheiros melhores. Além disso, disseram que ele era um jogador de temporada regular, mas não de playoffs, ignorando o fato de que, nos 50 jogos anteriores de mata-matas, Jayson Tatum teve 2.4 erros de ataque e, mesmo sem ser candidato real a título, jamais esteve em um “inferno astral” como agora.

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Amarelou, então?

Cada jogador tem uma forma de responder em adversidades. Enquanto alguns poucos conseguem se motivar e liderar seus times aos triunfos, outros sentem a pressão. E, se tem alguma coisa incomodando, com o ombro, por exemplo, a situação piora.

Não creio nessa de que ele amarelou ou que Jayson Tatum é jogador de temporada regular. Seus números na carreira não comprovam isso.

A comparação é só para mostrar que isso já aconteceu com outros jogadores, tá? Não tirem do contexto, não estou dizendo que ele é tão bom quanto.

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Michael Jordan, por anos, era questionado por não conseguir elevar o nível de competitividade de seus colegas no Chicago Bulls. Diziam, ainda, que ele não era capaz de ser campeão porque não tinha aquela marca, como Magic Johnson e Larry Bird tinham.

Então, calma aí. Pouca gente falou dos méritos defensivos de seus marcadores.

Ele é muito jovem, talentoso e terá outras oportunidades para voltar a disputar finais. Ligou um sinal de alerta, mas nada que ele não possa evoluir para os próximos anos.

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