O enigma de Cousins

Ricardo Romanelli apresenta possibilidades de troca envolvendo o polêmico pivô

Fonte: Ricardo Romanelli apresenta possibilidades de troca envolvendo o polêmico pivô

Não é de hoje que Demarcus Cousins é um dos principais enigmas que intriga executivos ao redor da NBA. Ao mesmo tempo em que é, possivelmente, o pivô com melhor repertório ofensivo da liga, também é uma das personalidades mais complexas e explosivas que os vestiários da NBA atualmente abrigam.

Com médias acima de 28 pontos e dez rebotes, Cousins é um pivô como poucos na era do small ball. Aos 26 anos de idade e fazendo a sétima campanha na NBA, deveria estar já num estágio onde não pairam dúvidas sobre sua habilidade e capacidade de ser o ponto focal de um time campeão. Justamente por isso não ter acontecido é que ele virou o grande enigma da liga.

Os problemas começaram logo na segunda temporada. Depois de uma bela temporada de estréia, Cousins começou a se desentender com o então técnico do Sacramento Kings, Paul Westphal, que disparou contra o pivô, afirmando que ele não estava disposto a embarcar no mesmo sentido que a filosofia da equipe. Na seqüência, noticiou-se que Cousins desejava ser trocado, e pouco tempo depois Westphal foi substituído. Até o final de seu terceiro ano, o pivô se envolveu em mais polêmicas. Foi suspenso por confrontar o comentarista Sean Elliot de maneira hostil, e em dezembro de 2012 foi suspenso por tempo indeterminado pelo Kings por “conduta não-profissional e prejudicial à equipe”. A suspensão durou dois dias.

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Nos três anos seguintes ele se envolveu em menos confusões que resultaram em suspensões, mas apesar da melhor produção em quadra, a eletricidade e tensão continuavam a mandar no vestiário do Kings. O técnico George Karl chegou e foi demitido sem conseguir estabelecer uma boa relação com o pivô. Diversos atletas passaram pelo elenco do Kings nesses anos, e o GM Vlade Divac não conseguiu montar um time vencedor, que apagaria todas as dúvidas e ressentimentos entre pivô e franquia.

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Agora, o Kings está numa encruzilhada. Cousins está tendo a melhor temporada da carreira, e tem construído uma excelente relação com Dave Joerger, que também é um dos poucos técnicos na liga que ainda preza o basquete jogado através dos pivôs em detrimento do small ball, o que faz dele o treinador perfeito para Coustins. Por outro lado, o time está muito atrás na tabela para sonhar com uma vaga nos playoffs, e alcançar equipes como Portland, Utah ou Oklahoma City parece ser um sonho impossível no momento.

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No começo do ano, Cousins chegou a ser especulado no Cleveland Cavaliers, no San Antonio Spurs e no Golden State Warriors. No Cavs, o pacote seria montado em torno de Kevin Love. Aí Love resolveu ter a melhor temporada com a camisa do Cavs, e duvido muito que após esta subida de produção do ala-pivô a equipe de Cleveland queira mexer com o entrosamento de seu time campeão. No Warriors, a mesma máxima procede, sem contar que um pivô dominante como Cousins alteraria toda a dinâmica da equipe.

O Spurs, por outro lado, poderia ser uma situação interessante. Um técnico como Gregg Popovich, um sistema forte como o do Spurs, e um time que historicamente tem sucesso com grandes pivôs poderia ser a situação ideal para Cousins. Um bom comandante consegue controlar qualquer personalidade difícil no vestiário. É só lembrar o trabalho que Phil Jackson fez com Dennis Rodman e Metta World Peace (na época, Ron Artest). Chegaram a especular que o pivô poderia ir para o L.A Clippers em troca de Blake Griffin, mas com o excelente começo do Clippers e polêmicas passadas envolvendo Cousins e o armador Chris Paul, nada deve acontecer.

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E é aí que as opções começam a ficar difíceis para o GM Vlade Divac. Se nas equipes com os melhores atletas da liga uma negociação é difícil, o que o Kings poderia conseguir com outros times? Pouco. Trocar Cousins neste momento com certeza traria ao Kings poucos ativos comparáveis. É por isso que, apesar de toda a especulação, acho difícil que ele seja negociado agora. Além da atual, ele tem mais uma temporada em seu contrato. Acreditaria mais numa troca dele na offseason, caso até lá os problemas continuem e o Kings não consiga melhorar o elenco em torno dele.

Apesar disso, em breve (15 de dezembro) os jogadores que assinaram contrato na offseason já podem ser trocados, e isso sempre deixa o mercado de trocas mais movimentado.

Por fim, apesar das especulações, acredito que a gravidade dos problemas de Cousins não é tão grande como se alardeia, e que isso seja apenas um esforço de executivos de outras equipes para denegrir a imagem do pivô e com isso baixar seu valor de mercado para uma futura negociação. Ele é o tipo de atleta que toda equipe com um técnico forte e que precisa de uma estrela para liderar o time deseja.

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Recentemente, Cousins falou que adoraria jogar com John Wall e Eric Bledsoe, seus ex-companheiros no basquete universitário. Os dois armadores, especialmente Wall, estão em situações ruins sem muita perspectiva de futuro. Quem sabe, num futuro próximo, numa NBA onde a autodeterminação de jogadores fez nascer uma liga de panelas e conchavos, não tenhamos um novo supertime?

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