O dia em que Shaquille O’Neal começou a odiar Dennis Rodman

Ambos no Hall da Fama, ex-jogadores não se suportavam

Shaquille O'Neal Dennis Rodman Fonte: MIKE NELSON / AFP

Shaquille O’Neal e Dennis Rodman são alguns dos grandes astros da NBA nos anos 90. No entanto, até pelo estilo de jogo de ambos, eles se odiavam. Havia um nível de respeito, mas nunca gostaram um do outro. Apesar de inúmeras batalhas intensas, eles ainda jogaram juntos no Los Angeles Lakers. Aliás, Shaq foi o motivo de Rodman ir embora após apenas 22 jogos.

Mas vamos entender o que aconteceu antes disso.

Quando Shaquille O’Neal iniciou sua carreira no Orlando Magic, Dennis Rodman vivia momentos incertos na carreira. Embora ainda fosse o melhor da liga no quesito rebotes em 1991/92, o Detroit Pistons duas vezes campeão se desfazia.

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Então, sua cabeça estava em lugares não muito bons, como ele conta em seu livro “Bad As I Wanna Be”. Em uma noite, Rodman pegou sua caminhonete e parou no estacionamento do antigo ginásio The Palace of Auburn Hills. Ele tinha um rifle no banco do carona, mas acabou dormindo ouvindo Pearl Jam (Eddie Vedder, vocalista da banda, é amigo do ex-jogador até hoje). Pouco depois, policiais o acordaram.

Dennis Rodman já era duas vezes campeão, duas vezes eleito o melhor defensor da NBA, enquanto Shaquille O’Neal apenas fazia sua temporada de estreia. Mas as duras batalhas entre eles estavam longe de começar.

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Ao fim da temporada 1992/93, Rodman era o líder da NBA em rebotes, com impressionantes 18.3 por jogo (seu recorde foi na campanha anterior, com 18.7). Por outro lado, O’Neal vencia o prêmio de calouro do ano e já era All-Star, produzindo 23.4 pontos, 13.9 rebotes e 3.5 bloqueios. Então, eles começaram a se encontrar em jogos aqui e ali. Até então, nada demais além de troca de empurrões. Coisa de jogo.

Mas Rodman foi para o San Antonio Spurs em troca e tudo parecia melhorar.

Apenas parecia.

Lá, ele ouvia que Shaq era o melhor pivô da NBA, mesmo com David Robinson ao seu lado. E apesar de Rodman não gostar muito de Robinson (o chamava de Jesus), ele começou a ter raiva daquilo. Pegou birra mesmo. A imprensa de San Antonio falava de O’Neal como o cara que “atropelava” o seu melhor jogador e, ao mesmo tempo, que ele deveria o ajudar.

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Sem tempo para ser motivo de perseguição, Dennis Rodman passou a odiar os jornalistas locais. Simplesmente, ele não falava com ninguém, nem com seus colegas no vestiário, exceto por Jack Haley.

Então, quando a temporada 1994/95 acabou e Robinson era o MVP, a diretoria do Spurs resolveu dar um basta no experimento Rodman e o trocou para o Chicago Bulls. Mas San Antonio queria tanto se livrar do jogador que o negociou por Will Perdue, um pivô sem grandes talentos além do benefício de ser alto.

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“Que as batalhas comecem”

O Orlando Magic era o time da moda na época. Penny Hardaway e Shaquille O’Neal haviam acabado de derrubar o Bulls nos playoffs de 1994/95. Mas com um detalhe: Michael Jordan tinha acabado de voltar às quadras no meio daquela temporada e estava sem o melhor preparo físico. Para piorar, o Magic tinha Horace Grant, três vezes campeão com Chicago.

Rodman chegou no Bulls em 1995/96, comprou a ideia de Scottie Pippen e Jordan e colocou o time da Flórida como o inimigo. Nas finais de Conferência, pelo segundo ano consecutivo, Bulls e Magic.

Enquanto Chicago era aquele do 72-10, Orlando tinha O’Neal ainda mais forte e mais experiente para o confronto. Além disso, se tinha um técnico que soubesse como vencer o Bulls era Brian Hill, do Magic.

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Veio o primeiro jogo das finais do Leste. Shaq estava detonando Luc Longley. Apesar de o australiano anotar 14 pontos em 13 minutos, ele não conseguia parar O’Neal. Então, Phil Jackson colocou o reserva Bill Wennington para cuidar do garrafão.

Mesmo resultado.

Shaq tinha 17 pontos, enquanto tentava reduzir a margem no placar. Longley e Wennington não funcionavam diante O’Neal. Aí, foi quando Jackson pediu para Dennis Rodman o marcar.

Foi um desastre para Shaquille O’Neal, pois Rodman sabia o que fazer. Foram apenas dois pontos em cinco tentativas, além de dois erros de ataque.

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Dennis Rodman estava infernizando o pivô do Magic de tal forma, que o placar era um incrível 81 a 59. Depois, no último quarto, Jackson colocou o veterano John Salley em cima de Shaq, mas o resultado já era garantido.

A situação piorou para Orlando, que perdeu Horace Grant pelo resto da série e o Bulls varreu o Magic.

Lakers

Enquanto o Bulls comemorava o seu quarto título (iniciando a segunda fase do tri), Shaquille O’Neal estava de mudança. Após ver no Sportscenter que Alonzo Mourning recebera um contrato maior que o Orlando Magic o ofereceu, ele pediu para conversar com a direção. Ao mesmo tempo, ele tinha uma proposta do Los Angeles Lakers. Shaq perguntou se Orlando poderia chegar perto daquilo e a resposta foi um sonoro não.

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Shaq foi para o Lakers, mas o time ainda não era competitivo o bastante para lutar por um título. Kobe Bryant era muito jovem, a equipe não funcionava e O’Neal dominava quase sozinho. Mas as coisas mudaram rapidamente.

O Bulls venceu os próximos dois campeonatos e a diretoria não quis seguir em frente com aquele elenco. Veio o locaute e o time se desfez. Pippen foi para o Houston Rockets, Jordan se aposentou pela segunda vez e Jackson tirou um ano para descansar.

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Mas o Lakers ainda precisava de um terceiro astro, alguém vencedor para guiar os jovens ao título. Dennis Rodman estava sem time e foi jogar ao lado de Shaquille O’Neal e Kobe Bryant. Poderia funcionar, mas não foi bem assim que aconteceu.

Rodman em Los Angeles

O’Neal sabia o que Rodman poderia entregar, então ele não se preocupou tanto com os problemas que seu novo colega poderia trazer. Após nove jogos da nova parceria, o Lakers estava invicto. Era promissor, certo?

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Bem, acontece que Dennis Rodman não era lá dos mais previsíveis. Enquanto o resto do time se apresentava no horário, ele estava sempre atrasado.

“A coisa sobre Dennis é que ele era um ótimo defensor, movia muito bem os pés, mas ele gostava de fazer do seu próprio jeito”, afirmou Shaq. “A gente tinha que estar lá uma hora e meia antes dos jogos. Ele aparecia faltando 45 minutos para as partidas comendo arroz e frango. Mas ninguém ia dizer nada porque ele nos daria 20, 25 rebotes. Só que era do jeito dele”.

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Depois, Shaquille O’Neal foi um pouco mais específico sobre Dennis Rodman. Pergutaram a ele quem era o seu pior colega e ele não demorou nada para responder.

“Dennis Rodman”, disse. “Era um grande jogador, mas dificultou as coisas. Enquanto a gente tentava juntar os caras, as pessoas acima de você (diretoria) deixavam apenas um cara fazer o que quisesse. Quando o técnico começava a dar instruções, ele ia tomar banho. Ia para o jogo e pegava 20 rebotes. Depois, nem tomava banho e ia festejar com as garotas. Aquilo me irritava, porque eu imaginava que eu era o rei das festas. Fiquei com ciúmes, era tudo muito louco com ele por lá”.

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Rápido fim da parceria e futuro

Foram apenas 22 jogos por lá, mas o Lakers já não conseguia mais lidar com a situação. Rodman era irritante e sabia o que estava fazendo. Mais do que isso, ele gostava de fazer assim. No entanto, ele tinha problemas emocionais e sempre dava um jeito de escapar quando os problemas estavam ali.

“Eles (Shaq e Kobe) reclamavam tanto comigo e não me suportavam. Depois de dez jogos e vencemos todos, eu precisei ir para Las Vegas”, afirmou. “Eu não conseguia ouvir aquilo todos os dias. Era o tempo todo Shaq e Kobe, Shaq e Kobe. Eles me odiavam e eu tinha que ficar ali? Eu não estava acostumado com aquilo. Em Chicago, por exemplo, nunca passei por algo assim”.

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No ano seguinte, Phil Jackson foi para o Lakers, o time recebeu Glen Rice (um dos cestinhas e especialista em três pontos na época) e, agora, Shaquille O’Neal era o grande nome da NBA. MVP e campeão em 1999/00, Shaq iniciava o seu reinado.

Por outro lado, Dennis Rodman tentava prolongar sua carreira ao assinar com o Dallas Mavericks. Depois de apenas 12 partidas, ele foi mandado embora. Ele nunca mais jogou na NBA, encerrando um dos capítulos mais extravagantes da liga.

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