“Nem sei como ainda estou na NBA”, reflete Cousins

Você pode ter visto DeMarcus Cousins no banco de reservas do Los Angeles Clippers, sendo pouco utilizado nos playoffs, e fazer uma reflexão sobre o declínio da carreira de um dos melhores pivôs da NBA em tempos recentes. Para o atleta de 30 anos, porém, ter a condição de entrar em quadra em uma final do Oeste pelos minutos disponíveis é uma vitória pessoal. O astro ainda lembra como as suas últimas temporadas acabaram “destruídas” por lesões e sabe que, hoje, jogar tornou-se um privilégio.

“Aposentadoria passa pela minha cabeça, provavelmente, todos os dias. É difícil saber o que você é capaz de fazer em quadra. É difícil acreditar em si mesmo quando ninguém mais acredita. E isso fica ainda mais intenso quando se está sob os holofotes. No final das contas, nem sei como ainda estou aqui. Realmente não sei. É duro, mas só o que posso fazer é acreditar em mim mesmo e seguir trabalhando”, contou o veterano, em uma longa entrevista ao site The Undefeated.

O Clippers, nesse sentido, apareceu na carreira de Cousins em um instante inesperado e crítico. Após não ter atuado na temporada anterior, em recuperação de uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho enquanto jogador do Los Angeles Lakers, o pivô só disputou 20 partidas pelo Houston Rockets antes de ser dispensado por opção do time texano. Parecia que ele não voltaria a jogar nessa temporada, quando os angelinos procuraram-no já no começo de abril.

“Esse time deu-me uma oportunidade. É óbvio que não foi a maneira que pensava ser a melhor para mim, mas é a situação de momento. Eu aceitei isso e venho trabalhando pesado a cada dia. Já fiz isso antes. Sei que tudo o que preciso é uma chance e posso fazê-los acreditar que sou capaz de jogar nesse nível ainda. Esse é o motivo pelo qual minha confiança nunca se abala”, afirmou o experiente jogador, escolhido para quatro Jogos das Estrelas na carreira.

Cousins começou a série contra o Phoenix Suns reincorporado à rotação de Tyronn Lue, voltou a quase não ser utilizado e ganhou espaço mais uma vez a partir da ausência do titular Ivica Zubac, realizando algumas de suas melhores atuações com o uniforme do Clippers. Surpreendentemente, ele quebrou o seu recorde de pontuação em um jogo de playoffs ao anotar 15 pontos no quinto jogo do duelo. Pode parecer pouco, talvez seja mesmo, mas esse é o novo momento do outrora astro da liga.

“Já estive nessa condição antes, então sei como funciona. Eu nem sempre fui um astro da NBA, afinal. Mas não vou mentir: até tenho minhas dúvidas de vez em quando. Isso não me domina porque ainda sou DeMarcus Cousins e possuo a confiança definitiva em mim mesmo não só para o basquete, mas na vida. Amo o que vejo no espelho e, dentro do possível, estou em paz com quem sou hoje”, avaliou o atleta, duas vezes selecionado para o segundo quinteto ideal da temporada.

De qualquer forma, Cousins só recebeu elogios em sua passagem pelo Clippers. O astro Paul George, por exemplo, declarou antes da partida final da temporada do time que o pivô ainda era uma força dominante nos minutos limitados em que fica em quadra. Lue reverenciou a experiência de comandá-lo por ser um trabalhador tão esforçado quanto qualquer outro all-star que já viu. Ninguém sabe se ele vai continuar na equipe no segundo semestre, mas a certeza é que sua carreira ainda não terminou.

“Eu estou vivendo cada dia de uma vez, cada treino de uma vez. Digo que não sei como cheguei aqui porque, às vezes, não parece realidade. Sei que não deveria ter chegado tão longe. Meu corpo desceu ao inferno, mas trabalhei muito para trazê-lo de volta. E, agora, tenho que tirar vantagem das chances que recebo. Não posso vencer a história, quem não quer acreditar, mas tenho certeza de que ainda posso entrar em uma quadra e jogar basquete”, sentenciou Cousins, que não vai desistir fácil de sua carreira.

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