A clássica série de artigos do Jumper Brasil sobre times históricos que não foram campeões da NBA volta em uma edição especial, com o Golden State Warriors de 2016. O objetivo, aliás, é trazer um pouco da história da liga aos leitores mais jovens. Para os mais antigos, porém, os textos servem como uma viagem no tempo.
Aquele Warriors foi o time mais dominante da fase regular da NBA. Afinal, os números falam por si. Em uma temporada cheia, o time de Steve Kerr venceu 73 dos 82 jogos. Ou seja, perdeu apenas nove duelos. Desse modo, Golden State superou o Chicago Bulls histórico de 1996, que conquistou 72 vitórias.
Portanto, derrubar uma marca daquele Bulls de Michael Jordan, hexacampeão da NBA, é realmente um feito do Warriors. Sob a liderança de Stephen Curry, a equipe de Oakland (na época, hoje de San Francisco) foi especial nos dois lados da quadra. Aliás, entrou naquela temporada como o atual campeão e o time a ser batido.
Mas antes de falar do inesquecível Warriors de 2016 é preciso contar como se deu a formação do elenco de um dos times mais históricos da NBA.
Elenco
Tudo começou com o Draft de 2009 da NBA, quando o então GM do Warriors, Larry Riley, selecionou Curry na sétima escolha. O armador, na época, era conhecido por dois motivos: a capacidade de pontuar longe da cesta e ser filho de Dell Curry, exímio arremessador com uma longa carreira na NBA. Mas a promessa que veio da desconhecida Universidade Davidson mostrou, logo de cara, que poderia superar o pai.
Dois anos depois, Riley escolheu Klay Thompson, na pick 11. Outro bom arremessador também filho de um ex-jogador da NBA. Trata-se de Mychal Thompson, bicampeão da liga pelo Los Angeles Lakers (1987 e 1988).
E, para fechar, a terceira peça fundamental para o Warriors nos anos seguintes. Em 2012, já com Bob Myers como GM, a franquia “achou” Draymond Green na segunda rodada do Draft (pick 35). No mesmo recrutamento, Golden State escolheu Harrison Barnes (pick 7) e Festus Ezeli (pick 30).
Em 2013, o Warriors chegou aos playoffs pela primeira vez com Curry e Thompson. Na época, Mark Jackson era o técnico e Michael Malone o principal assistente. A equipe foi até às semifinais do Oeste, quando caiu para o San Antonio Spurs de Tim Duncan, Tony Parker e Manu Ginóbili.
No ano seguinte, nova classificação para a pós-temporada. Mas o Warriors foi eliminado logo na primeira rodada, após uma série de sete jogos contra o Los Angeles Clippers.
Chegada de Steve Kerr e o primeiro título
A queda precoce nos playoffs foi o suficiente para uma mudança no comando da equipe. Assim, para 2014/15, Myers apostou em Steve Kerr, ex-jogador e executivo na NBA, mas um técnico estreante. O novo treinador implantou, de cara, um estilo de jogo baseado na transição rápida e os arremessos de longa distância com poucos segundos no relógio. Algo que o Phoenix Suns fazia na era Mike D’Antoni. Mas no caso de Golden State era um run-and-gun com defesa forte.
Com Curry e Thompson acertando acima de 43% das bolas de três, e uma defesa de elite ancorada por Green, o Warriors fez a sua melhor campanha na história da NBA, com 67 vitórias. Ao redor do trio, o time tinha bons coadjuvantes como Barnes, Andrew Bogut, Andre Iguodala, Shaun Livingston, Marreese Speights, David Lee e o brasileiro Leandrinho Barbosa.
Nos playoffs da NBA, o Warriors superou New Orleans Pelicans, Memphis Grizzlies, Houston Rockets e Cleveland Cavaliers para ser campeão. Era o quarto título da história da franquia, e o primeiro em 40 anos. Curry foi eleito o jogador mais valioso (MVP) da fase regular, mas Iguodala ganhou o prêmio das finais.
O histórico Warriors de 2016
Para a temporada seguinte, o Warriors manteve base campeã da NBA. Desse modo, a única mudança significativa foi a saída de Lee e a chegada de Anderson Varejão, o segundo brasileiro na equipe. Em quadra, a dominância foi ainda maior em comparação com o ano anterior. Com o ataque mais letal e a quinta melhor defesa da liga, Golden State fez história com as 72 vitórias na fase regular. Um recorde, aliás, difícil de ser batido.
Curry, por sua vez, foi eleito MVP da temporada regular pelo segundo ano consecutivo. Suas médias foram de 30,1 pontos, 6,7 assistências, 5,4 rebotes e 2,1 roubos de bola. Além disso, obteve um aproveitamento de 50,4 nos arremessos de quadra, 45,4% nas bolas de três e 90,8% nos lances livres. Assim, entrou no seleto grupo dos 50-40-90 da NBA e se estabeleceu como o melhor arremessador da história.
Nos playoffs da NBA, o Warriors passou com facilidade por Rockets e Portland Trail Blazers. Mas na final do Oeste travou uma verdadeira batalha contra o Oklahoma City Thunder. Liderado pela dupla Kevin Durant e Russell Westbrook, OKC chegou a abrir 3 a 1 no confronto.
Contra a parede, o Warriors mostrou sangue frio e venceu os três duelos seguintes. No jogo 6, Golden State entrou no quarto final com uma desvantagem de oito pontos. A eliminação parecia inevitável, mas Thompson teve uma atuação de gala e comandou a virada. Anotou 41 pontos, 19 deles no último período, e o time venceu por 108 a 101.
No sétimo e decisivo jogo, disputado na Califórnia, destaque para Curry e a defesa. O craque da camisa 30 foi o cestinha, com 36 dos 96 pontos do Warriors (24 deles no segundo tempo), enquanto o Thunder anotou apenas 88 na partida. Assim, com muito drama, o sonho de mais um título seguia vivo.
Times históricos que não foram campeões – Warriors (2016)
Time-base: Stephen Curry, Klay Thompson, Harrison Barnes, Draymond Green e Andrew Bogut
Principais reservas: Shaun Livingston, Leandrinho, Andre Iguodala, Marreese Speights e Festus Ezeli
Técnico: Steve Kerr
Reencontro com o Cavs nas finais
Com a melhor campanha de todos os tempos, o Warriors ficou perto de entrar no rol de times históricos que se sagraram campeões da NBA. Afinal, no reencontro com o Cavs, Golden State abriu 3 a 1 na série final. O quinto jogo, aliás, seria realizado em Oakland. Portanto, era a chance de conquista do quinto título da franquia em casa.
No entanto, LeBron James e Kyrie Irving tinham outros planos. A dupla de astros combinou para 82 pontos (41 de cada) e o Cavs venceu por 112 a 97. Mas nada de pânico no Warriors, pois bastava apenas mais uma vitória para ser campeão. No sexto jogo, em Cleveland, LeBron teve mais uma atuação incrível: 41 pontos, 11 assistências e oito rebotes. Dessa forma, o time da casa ganhou por 115 a 101 e igualou o confronto.
A virada histórica
E, assim, o Warriors foi para mais um jogo 7, novamente diante de sua torcida. Aquele foi um dos duelos mais nervosos e brigados na história recente das finais da NBA. No primeiro tempo, Golden State fez 49 a 42. Para a surpresa de todos, Green foi o cestinha da equipe na etapa inicial, com 22 pontos.
No terceiro período, Irving anotou 12 pontos e o Cavs diminiu a diferença para apenas um ponto (76 a 75). Como esperado, o quarto período foi eletrizante, com os times deixando tudo em quadra. Na hora decisiva, LeBron chamou a responsabilidade. Marcou 11 dos 13 pontos do time e deu um toco inesquecível em Iguodala nos instantes finais.
Dominante, o craque conduziu Cleveland ao primeiro título da NBA, o terceiro dele na liga (os dois anteriores foram pelo Miami Heat). Eleito MVP da decisão, James liderou a série em pontos, rebotes, assistências, roubos de bola e tocos. Algo inédito nas finais da liga, assim como a virada do Cavs. Afinal, Cleveland se tornou o primeiro time da história da NBA a superar um déficit de 3-1 na série decisiva.
Já com relação ao Warriors, obviamente, a frustração foi imensa. Torcida e jogadores, aliás, ficaram atônitos ao final da partida. Os deuses da NBA (e LeBron James), portanto, não quiseram que o time da melhor campanha da história fosse campeão.
Dinastia do Warriors na NBA
No entanto, a queda nas finais fortaleceu o Warriors. Nas duas temporadas seguintes, o time adicionou Durant e conquistou mais dois títulos. Foi vice novamente em 2019, quando sofreu com as lesões de Durant e Thompson. Assim, em seis jogos, caiu para o Toronto Raptors.
Mas três anos depois voltou ser campeão, desta vez contra o Boston Celtics. Desse modo, o Warriors estabeleceu uma dinastia na NBA. Afinal foram quatro títulos em seis finais disputadas entre 2015 e 2022. Curry, Thompson, Green e Kerr estiveram em todas essas conquistas. Assim, já estão no rol de lendas da franquia.
Apesar das glórias recentes, a virada sofrida para o Cavs vai assombrar a equipe para sempre. Mas pelo menos serviu para que o Warriors de 2016 marcasse presença na série de times históricos da NBA que não foram campeões.
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