Há anos eu sonho em ver um jogo da NBA no Brasil. Na verdade, desde quando comecei a acompanhar, em 1989, sempre desejei que ao menos uma partida do melhor basquete do mundo fosse realizada aqui. Eu era jovem e ficava maravilhado com as jogadas de Magic Johnson, Larry Bird, e claro, Michael Jordan. Esses três sujeitos me fizeram amar um esporte que eu já havia conhecido poucos anos antes, quando Oscar Schmidt só não fez chover em Indianápolis, em 1987.
Quando percebi, gostava mais de basquete do que de futebol, o que aqui no nosso país, é algo raro. Não que eu não goste de futebol e não sofra com o meu time, o atual campeão nacional. Mas poder ser menor que vários caras, conseguir pegar o rebote deles e ainda fazer com que eles fizessem falta de ataque em mim, era impagável. Eu era a versão light de Dennis Rodman. Pelo menos, eu pensava assim…
Só que um dia, depois de torcer o tornozelo de forma mais brusca jogando beisebol (sim, beisebol) e ser aconselhado a parar de me jogar como um louco pelos médicos, resolvi parar de jogar seriamente, pois precisava me manter saudável por causa da minha filha, fruto do primeiro casamento. E já se vão 13 anos. As responsabilidades de um pai aos 23 anos eram enormes e não poderia me dar ao luxo de ficar sem andar e trabalhar.
Então, comecei a me interessar por escrever sobre o assunto. Certo dia, um jornalista de São Paulo leu um artigo que fiz e de alguma forma, acabou gostando daquilo. Ele falou: “Filho, você entende disso. Tente se aprofundar ainda mais nesse assunto e um dia você poderá fazer algo importante”.
Eu tenho o e-mail desse sujeito até hoje e foi o que me inspirou. Alguns devem se lembrar dele: Melchiades Filho, um jornalista brilhante que deixou de escrever sobre o assunto em 2006, na Folha de São Paulo.
Claro que foi uma resposta de um cara gigante para um João Ninguém, que gostava de ler suas colunas no jornal. Mas aquilo me incentivou e sem isso, o Jumper Brasil não teria acontecido. Bem, pode não ser importante como disse o Melk, porém é a minha verdadeira paixão.
O Jumper cresceu, ganhou elogios (e críticas também) e mais do que isso, respeito.
Claro que não faço sozinho. Não fosse o empenho gigantesco de verdadeiros amigos como Ricardo Stabolito, Vini Donato, Gustavo Lima, e Tiago Vasconcelos (meu sócio nessa barca), entre outros ótimos caras que passaram e ainda estão aqui, esse espaço que você acompanha diariamente, não seria nem sombra do que é.
Já ganhamos um prêmio, a última edição do iBest, em 2008, o que nos gerou um convite de Gian Oddi, hoje da ESPN Brasil, para vendermos o nosso conteúdo ao iG. Não deu certo. Optei por algo diferente, criamos outro site de esportes, o que acabou sendo uma das minhas maiores decepções. Voltamos ao Jumper, de onde nunca deveríamos ter deixado de lado. Curiosamente, Ricardo e eu trabalhamos no iG em 2011, com o ótimo Fábio Sormani, mas sem nos esquecermos que a nossa casa era aqui.
Em fevereiro deste ano ficamos sabendo que a NBA realizaria uma partida entre Chicago Bulls e Washington Wizards em outubro, no Rio de Janeiro. Para todos nós, aquilo era uma chance real de conhecer a equipe do Jumper pessoalmente. Afinal, apesar de a maioria estar conosco desde 2007, nós nunca nos encontramos. Até houve uma oportunidade, quando me casei pela segunda vez no ano seguinte e mandei convite para esses caras que converso todos os domingos pelo Skype. Eles não foram porque era muito longe e foi em uma sexta-feira, ao menos foi o que me disseram.
Então, o fato de isso poder acontecer tornou-se maior do que qualquer jogo, o que virou um pretexto no final das contas.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas. E numa bela manhã de sol, descobrimos que os valores para assistir ao jogo estavam muito além do que esperávamos. Qualquer um de nós ficaria chateado, desmotivado, abatido, porém queríamos ir para o Rio de Janeiro e até mesmo acompanhar pela TV de um bar.
Só que a minha paciência se esgotou. Desculpem, organizadores do evento, mas vocês só podem estar de sacanagem. O ingresso mais barato custa nada menos que R$175,00? E estou falando da meia entrada, que pagaria para a minha filha. Eu teria de desembolsar mais R$300,00 para ir em um jogo amistoso, quando os técnicos vão utilizar na maioria do tempo reservas e desconhecidos da D-League. Obrigado, mas eu não vou.
Entendo que a maioria aqui nunca teve a oportunidade de assistir a uma partida de NBA no ginásio, mas eu já tive a minha. Foi em 1997, entre Orlando Magic e Phoenix Suns. Fiquei na quarta fileira, paguei $70 dólares, e tive a chance de ver de perto jogadores como Kevin Johnson, Danny Manning, Steve Nash, Cedric Ceballos, Anfernee Hardaway, Nick Anderson, Ronny Seikaly, e Brian Shaw. Tudo lindo, muito bem organizado, aquilo que sempre sonhei. Isso me basta.
Pedindo licença ao leitor assíduo, eu uso esse espaço aqui para reclamar mesmo dos preços. Não é só dos valores, mas da importância imbecil que a partida possui: nenhuma.
Primeiro, querem cobrar por um espetáculo como se fosse algo único, uma final de Copa do Mundo, que na África do Sul, em 2010, o mais barato foi vendido em torno de $150 dólares. Gustavo Faldon e Tiago Leme, do site ESPN Brasil, fizeram uma reportagem muito interessante sobre a questão.
Amigos, eu sei que não é uma final, que não é um jogo importante e já falei como será. É um amistoso, utilizando a fama que Jordan deixou para o Bulls contra o time onde atua um brasileiro, Nenê. Tudo pelo dinheiro. O Brasil está ficando cada vez mais babaca.
Depois, é bom lembrar, que a final do NBB foi realizada no mesmo ginásio em junho, quando o bilhete mais caro não passava de R$250,00. Mas não estou comparando o nível, por favor. É claro que a final foi mais disputada, equilibrada, e por fim, bem jogada do que será esse amistoso. Ou você quer me enganar com o papo de que é NBA e por isso será melhor? Poupe-me.
Eu não sou o maior fã do basquete nacional. Acompanho quando tenho tempo e não consigo escalar mais do que dois ou três times. Prefiro assistir a um jogo entre Charlotte Bobcats contra o Sacramento Kings e pago bem, porém precisa estar valendo algo. Mas um amistoso? Passo.
Não tem problema. Alguns dos meus colegas daqui vão ao jogo. O Jumper vai cobrir a partida. Provavelmente, só eu não vou ao Rio.
É claro que eu quero conhecer o pessoal dos outros sites, os amigos dos tempos de Orkut e os daqui do Jumper. Mas isso vai ficar para o meu terceiro casamento, desde que não seja outro amistoso.