A atual temporada da NBA, no confinamento da “bolha”, está garantida para chegar ao fim sem problemas judiciais. De acordo com Adrian Wojnarowski, da ESPN, a NBA e a Associação dos Jogadores acertaram a extensão do prazo para exercício da cláusula de rescisão do acordo coletivo de trabalho em 60 dias. O alongamento assegura que, na prática, as finais sejam disputadas antes da data-limite de uso do termo contratual.
“Essa extensão foi uma resolução fácil para todos. Se os envolvidos continuarem bem-intencionados em como lidamos com os efeitos econômicos do coronavírus, acredito que faremos os ajustes apropriados e não vai ser necessário, de fato, rescindir o atual acordo coletivo de trabalho”, disse a diretora executiva da Associação dos Jogadores, Michele Roberts, em declaração à ESPN nessa terça-feira.
Na prática, a mudança significa que NBA, donos de times e atletas possuem até dia 15 de outubro para negociar alterações na chamada CBA diante do impacto financeiro da pandemia sobre a liga. O adiamento também possibilitará que os envolvidos informem-se melhor sobre a questão. Por extensão, o prazo estendido garante que um possível impasse entre as partes não comprometa o término dessa temporada.
“Esse acordo não foi alinhado para sobreviver a uma pandemia em longo prazo. Não há mecanismo que funcione para estabelecer apropriadamente o teto salarial quando você trabalha com tantas incertezas, quando as suas rendas caem em bilhões em questão de um ano”, desabafou o comissário da NBA, Adam Silver, em um áudio enviado para um dos membros da Associação dos Jogadores a que a ESPN teve acesso recentemente.
O prazo alongado também aponta para mudanças no calendário projetado pela NBA a partir do fim da temporada. Wojnarowski apurou que está quase sacramentado que o draft desse ano (16 de outubro) e a abertura da agência livre (18 de outubro) vão ser adiados, uma vez que as operações e decisões das equipes nesses eventos dependem, necessariamente, de definições sobre o teto salarial da liga.
Por consequência, o adiamento do recrutamento e da reabertura do mercado impactará o início da temporada 2020-21. Silver já até reconhece que o plano inicial da NBA, que previa o início da nova campanha em 1° de dezembro, virou quase fora de realidade. A expectativa realista e otimista da maior parte dos dirigentes é que a liga consiga voltar entre o fim de dezembro e o fim de janeiro, possivelmente estreando no Natal.
Uma pausa mais longa, até o início de 2021, é vista como algo positivo por proporcionar tempo para que a economia global se recupere dos impactos da COVID-19. E há quem vá além. Segundo Wojnarowski, há franquias que apostam em um hiato mais longo com a esperança de recolocar torcedores nos ginásios e reaquecer o mercado em torno dos dias de jogos – venda de alimentos e produtos licenciados, por exemplo.
Alguns times temem que o teto salarial caia até US$30 milhões para a temporada que vem, o que pode criar um cenário de caos financeiro na NBA. Sem ajustes e um novo mecanismo de negociação para a folha salarial, a NBA pode encarar um panorama em que 25 das 30 equipes da NBA fiquem acima do teto salarial em 2021, o que, entre outros reflexos, “quebraria” a atual agência livre.