A notícia da retomada da temporada foi recebida com comemoração por executivos, torcedores e vários jogadores. Vários, mas não todos: sempre houve atletas bem mais reticentes com a possibilidade de voltar às quadras depois de tão pouco tempo do pico da pandemia do coronavírus nos EUA. E esses profissionais mais “comedidos” deverão ter a liberdade de decidir se querem ou não retornar à competição em Orlando.
Segundo Adrian Wojnarowski, da ESPN, a NBA e a Associação dos Jogadores estão em conversas para traçar um plano que permitiria a atletas não se reapresentarem para a disputa do restante da temporada sem maiores consequências. A medida, na prática, significaria uma liberação do contrato e os profissionais que resolvessem permanecer em casa teriam seus salários reduzidos proporcionalmente.
Cerca de 50 jogadores com uma postura mais ponderada sobre o retorno da temporada realizaram uma reunião nessa quarta-feira, por videoconferência, para debater pontos de preocupação sobre a volta da competição em Orlando, de acordo com Wojnarowski. Esse encontro virtual não resultou em nenhuma solicitação formal de liberação para a liga, mas a associação da categoria já se adiantou ao desejo do grupo.
As preocupações dos atletas começam pelo coronavírus, mas passam longe a limitar-se à doença. A obrigatoriedade de manter-se sete semanas trancafiados no Disney World Resort até poderem receber a família em Orlando é um dos pontos que não agradam parte da união. Existem outras questões que também são levantadas em menor grau, como a atual situação social dos EUA diante do racismo.
Não são só os jogadores que estão preocupados, por sinal, com as circunstâncias únicas em que a temporada será finalizada. Wojnarowski apurou que dirigentes e treinadores também possuem dúvidas sobre a reação dos atletas a um ambiente de isolamento que nunca experimentaram profissionalmente, o comportamento que podem desenvolver e como essa reclusão estendida pode impactar o nível técnico da competição.
A negociação entre NBA e Associação dos Jogadores faz parte de uma discussão maior a que as duas partes tentam dar velocidade. Apesar do anúncio do retorno da temporada já feito para o dia 31 de julho, as partes ainda negociam questões básicas para que os jogos sejam retomados, como um protocolo de saúde e segurança que precisa ser enviado para times e atletas o mais rápido possível.