Mavericks vira centro de escândalo de tratamento abusivo contra mulheres

Matéria da revista Sports Illustrated acusa organização de oferecer ambiente hostil para funcionárias

Fonte: Matéria da revista Sports Illustrated acusa organização de oferecer ambiente hostil para funcionárias

A direção do Dallas Mavericks foi atingida por uma bomba nesta terça-feira. Uma matéria especial publicada no site da revista Sports Illustrated coloca a franquia no centro de um escândalo de abuso contra mulheres, baseado em relatos de dezenas de ex-funcionárias da organização. O time ofereceria um ambiente hostil para o sexo feminino, com profissionais machistas, assediadores e agressivos.

O grande personagem da matéria, assinada por Jon Wertheim e Jessica Luther, é o executivo Terdema Ussery. O presidente de operações do Mavericks entre 1997 e 2015 aparece descrito por múltiplas fontes como um contumaz assediador sexual, que abordava mulheres com palavras e ações repulsivas. Seus abusos teriam sido relatados por várias funcionárias internamente, que foram ameaçadas por isso.

O mais grave, no entanto, é que Ussery seria somente o maior representante de um ambiente totalmente corrompido pela misoginia. “Trabalhar lá era como viver na fraternidade de ‘O Clube dos Cafajestes’. E só digo que era porque já não estou mais lá. Eu tenho certeza de que tudo continua igual”, afirmou uma ex-funcionária, fazendo referência a um filme de comédia cult da década de 1970.

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Quando uma nova cartilha de conduta foi instituída pelo Mavs, a franquia trouxe um novo diretor de recursos humanos, segundo muitos, exclusivamente para conter os impulsos do presidente. O problema é que Buddy Pittman também “abafou” vários casos de assédio, ameaçou funcionárias e constrangia colegas com opiniões muito conservadoras – produto de suas fervorosas crenças religiosas.

Ussery, que chegou a ser cogitado como um possível sucessor para David Stern no início do século, deixou o Mavericks para assumir um alto cargo diretivo na Under Armour, em 2015. Ele seria demitido dois meses depois por motivo não revelado, mas que a empresa declarou “ser tratado com bastante seriedade internamente”. Wertheim e Luther apuraram que tratou-se de um caso de assédio sexual.

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Terdema Ussery, ex-presidente do Dallas Mavericks acusado de assédio contra mulheres

Os abusos não se limitam, porém, à alta cúpula diretiva de Dallas. O repórter oficial e chefe de conteúdo do site da equipe, Earl K. Sneed, foi até preso e já possui três acusações de violência doméstica desde que foi contratado – duas delas, inclusive, contra funcionárias do time. Ele foi suspenso e, em seguida, demitido nos últimos dias, com a revelação de seu histórico de abusos.

Diante da situação vergonhosa dos bastidores do Mavericks, as mulheres dizem que o vestiário servia como um refúgio e os atletas eram uma exceção. “Eu lidava com jogadores o tempo inteiro, tive centenas de conversas com diversos deles e nunca houve um problema sequer. Eles sabem tratar as pessoas com respeito. Então, eu voltava para o escritório e era um zoológico”, contou uma ex-funcionária.

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O dono da franquia, Mark Cuban, também era um caso à parte: Wertheim e Luther não encontraram uma única mulher que acusasse o mandatário de assédio. Mas, para muitas, ele tinha total conhecimento do ambiente e preferiu não intervir pela competência gerencial dos profissionais acusados. “Confie em mim, Mark sabia de tudo. É claro que sabia. Todos sabiam lá dentro”, garantiu uma fonte.

Cuban nega que soubesse da situação e participou da matéria com uma resposta incisiva sobre o caso. “Isso é tudo novo para mim e só tive alguma pista do que estava acontecendo quando soube que vocês estavam apurando algo aqui. Nós acabamos de demitir vários profissionais com base no que foi descoberto. Não vamos tolerar esse tipo de comportamento. É errado e abominável”, cravou.

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O dono do Mavericks já anunciou que, como parte de um programa de resposta aos fatos apurados pela matéria, formulou um plano de combate às práticas machistas entre funcionários da organização. Ele dispensou Pittman, anunciou que vai instituir um treinamento interno de conduta e criará um sistema interno de aconselhamento a antigas e atuais funcionárias lesadas pelo ambiente “insalubre”.

“Eu quero lidar de frente com esse problema. Há evidências de que temos um problema e precisamos resolvê-lo. Vamos tomar cada um dos passos e medidas cabíveis. O abuso contra a mulher não é algo que vamos tolerar. Não quero isso aqui dentro. Não é aceitável. Estou envergonhado que tenha acontecido em minha gestão e precisamos consertar. Vamos fazê-lo. Fim”, decretou Cuban, assumindo o episódio como uma “mancha” em sua credibilidade.

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