Para muitos pode ser exagero, para outros uma tendência natural. Mas o fato é que Luka Doncic tem tudo para ser um jogador histórico na NBA e caminha para ser um dos maiores de todos os tempos. O talento e o nível apresentado até agora, em somente quatro temporadas, fazem acreditar que o esloveno tem potencial para ser parte dos 25 melhores jogadores da história da liga. Na opinião deste que vos escreve, o armador já é um dos cinco melhores jogadores da liga na atualidade. Os outros quatro são Giannis Antetokounmpo, Kevin Durant, Stephen Curry e LeBron James.
Mas vamos aos fatos. Colocar o armador em um patamar tão alto advém de seu impacto, quase que imediato, em pouco tempo de NBA. Os números de Doncic, nesse estágio da carreira, são similares aos de LeBron James em seus anos iniciais. As comparações entre ambos já existem, mas convém mencionar que Doncic entrou muito mais “pronto” na liga, visto que já tinha anos de experiência no basquete profissional, enquanto o ala do Los Angeles Lakers saiu do high school direto pra NBA.
Contudo, não podemos nos abraçar somente nos números. Que eles são importantíssimos não há dúvida, mas é impossível mensurar a grandeza de um jogador olhando cruamente para eles, sem analisar o contexto e o impacto deste em quadra. Há diversos exemplos para isso: Hassan Whiteside e Andre Drummond, ambos pivôs, são reboteiros de elite com médias de duplo-duplo em boa parte da carreira.
Se olhássemos somente para os números, diríamos que são dois dos melhores pivôs da liga, mas os números não mostram a péssima defesa de ambos e o quanto são, em diversas vezes, prejudiciais às suas equipes.
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Nessa toada, entramos no impacto do armador esloveno. Não entrarei em estatísticas avançadas, mas sim em uma análise contextual do período pré e pós Luka Doncic em Dallas.
A chegada de Luka na franquia aconteceu junto ao fim do histórico ciclo de Dirk Nowitzki no Mavs. Os últimos anos de Nowitzki não seguiram o padrão que os fãs se acostumaram, ele sofreu com diversas lesões e o nível da equipe já não era o de outrora.
As duas temporadas pré-chegada de Doncic tiveram um recorde negativo pra franquia, sem playoffs. Isso não mudou em 2018-19, o primeiro ano de Doncic. Ainda se acostumando com a NBA, ele teve bons números, mas o time, com suas limitações, fez uma campanha decepcionante. Apesar do rendimento ruim, a campanha teve um caráter especial, a última da carreira de Nowitzki.
O cenário mudou a partir daí. O Dallas Mavericks, que vinha de anos com campanhas negativas, passou a ser figurinha repetida nos playoffs. A franquia passou de 33 vitórias na primeira temporada, para 43 na campanha seguinte, 42 em 2020/21 (72 jogos) e a consagração, em 2021/22, com 52.
Por ser um dos maiores da atualidade, Luka Doncic é o responsável principal por esse aumento expressivo de rendimento da franquia na NBA. Sem uma estrela ao lado, o esloveno foi capaz de carregar o Mavericks ao mando de quadra, o que era, talvez, inimaginável ao começo da temporada 2021-22. Luka só não brigou pelo MVP pelo começo ruim na regular, apesar de ter feito um 2022 formidável.
Ajuda ele, Mavs!
Durante a sua breve carreira, a realidade é que o armador jogou em times limitados. O Dallas Mavericks ainda não conseguiu dar à Luka um time capaz de brigar pelo título. Ainda que muitos o cobrassem pelas suas eliminações em primeira rodada dos playoffs, o fato é que esse era o teto máximo da equipe. A chegada à final de conferência na última temporada mostra que o Dallas está a uma estrela ao lado de Doncic de brigar por coisas maiores.
E isso não é um ponto para diminuir o armador. É impossível ser campeão “sozinho” na NBA, mesmo equipes que tinham somente uma estrela em seu elenco, como o Toronto Raptors de Kawhi Leonard, eram recheadas de jogadores de muita qualidade, mesmo que não fossem estrelas. No exemplo citado, podemos nomear Kyle Lowry e Pascal Siakam, que tiveram grandiosa contribuição no título da franquia canadense.
A maior tentativa do front office do Mavericks, nessa era Doncic, foi a aquisição de Kristaps Porzingis. O ala-pivô letão chegou com o status de estrela na franquia texana, mas expectativas para que o jogador desse certo ao lado de Luka Doncic eram altíssimas. Contudo, as inúmeras lesões, o baixo nível apresentado e a sua recusa em ter um papel secundário na equipe fizeram com que Porzingis fosse trocado pelo Dallas na última temporada, por Spencer Dinwiddie. A troca, basicamente, foi para se livrar do alto salário do letão, sendo uma espécie de reconhecimento que a tentativa não deu certo.
Temporada 2022/23
Para a próxima temporada, o Dallas teve reforços pontuais. Christian Wood e JaVale McGee representam um bom reforço naquela que foi a posição mais frágil da equipe na temporada anterior: o pivô. Os dois são boas adições para o elenco do Mavericks, que é recheado de bons role players, como Reggie Bullock e Dorian Finney-Smith, os quais são ótimos defensores. Aliás, a defesa foi a marca da franquia na temporada passada. O Mavericks foi a segunda equipe que menos cedeu pontos por partida, atrás apenas do Boston Celtics, além de ter tido o sexto melhor defensive rating da liga na temporada. Ainda que o Mavs tenha feito movimentos para suprir suas posições mais carentes, a franquia teve uma perda significativa em Jalen Brunson, que fez a melhor temporada da carreira e decidiu assinar com o New York Knicks.
Porém, falta aquele algo mais. Como mencionado acima, é impossível ganhar sozinho na liga. A adição de uma segunda estrela se faz essencial para a franquia texana, ao analisar o elenco atual. O armador esloveno ainda não entrou no seu auge, mas ter um jogador desse nível no seu time obriga a franquia a fazer de tudo para satisfazer seus anseios, devendo melhorar ao máximo o nível da equipe para que possam, enfim, brigar pelo título da liga. De fato, exemplos como o Milwaukee Bucks poderiam ser seguidos pela franquia.
Falta talento de impacto…
Mas não há, no elenco do Mavs, jogadores que cheguem próximo ao nível de Jrue Holiday e Khris Middleton, os quais considero ótimos, mas não estrelas. Além disso, a possibilidade de trocas se torna limitada pela falta de bons assets, como escolhas de Draft e jogadores jovens.
O Dallas Mavericks, hoje, passa longe de ser um favorito a coisas maiores na NBA. É óbvio que ainda estamos na offseason e muitas coisas podem acontecer. Mas a tendência de momento, é de mais um ano onde Luka Doncic vai assumir a condição de um dos maiores da liga, deverá carregar nas costas a franquia para uma ida aos playoffs e, provavelmente, sem chegar às finais da NBA. Nada sugere que o armador peça pra sair da franquia em um futuro próximo, mas sabemos que a janela de títulos não é eterna e as superestrelas nem sempre aguentam anos de mediocridade, nessa toada podemos usar LeBron James como exemplo novamente. Após sucessivos anos batendo na trave com o Cleveland Cavaliers, o ala rumou para Miami, onde ganhou seus primeiros títulos na NBA.
O que podemos esperar?
Não podemos prever o futuro. Muitas vezes as projeções feitas, mesmo aquelas com uma margem de erro baixíssima, acabam dando errado. As projeções levam em conta aquilo que já vimos, o que estamos vendo e o que imaginamos que seja a tendência do que veremos. Posso ler esse texto daqui dez anos e ver que me enganei redondamente. Mas, HOJE, tudo leva a crer que estamos diante de um futuro jogador histórico na NBA.
O potencial de ser uma lenda na liga está ali, mas com um jogo natural e impactante. No entanto, são poucos jogadores que já chegam na liga com a pecha de ser um talento geracional. Luka Doncic é um deles e, até o presente momento, está justificando toda expectativa posta em seu nome para ser um dos maiores da NBA. Sorte é a do Dallas Mavericks que dois times deixaram ele passar.
*Por Julio Luizelli, leitor do Jumper Brasil.
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