Kyrie Irving, a peça mais importante da offseason

Astro do Celtics pode desencadear efeito cascata nas férias da NBA

Fonte: Astro do Celtics pode desencadear efeito cascata nas férias da NBA

Por Ricardo Romanelli

Numa liga que conta com cada vez mais grandes jogadores e igualmente cada vez mais movimento de atletas em trocas e contratações, parece difícil imaginar que um atleta sozinho faça tanta diferença numa transação quanto antigamente. Nesta offseason, entretanto, parece que a decisão de Kyrie Irving sobre seu futuro no Boston Celtics pode ser determinante, e não apenas pelos talentos do armador como um dos melhores jogadores da NBA. A escolha dele pode desencadear um efeito em cascata que pode afetar o futuro não apenas do Celtics, mas de outras franquias ao redor da liga.

Comecemos, é claro, pelo time de Kyrie. Caso ele opte por renovar contrato, o time está em posição privilegiada para adquirir Anthony Davis junto ao New Orleans Pelicans. Com a garantia da continuidade do armador, Danny Ainge pode exercer toda sua habilidade negocial para adquirir Davis com uma combinação de jovens atletas e escolhas de Draft, formando uma das duplas mais perigosas da NBA para as próximas temporadas. Caso ele não renova com o Celtics, entretanto, será que a franquia seria tão agressiva nos esforços para adquirir Davis? O senso comum diz que não, e é aí que outras franquias passam a ser afetadas pela decisão.

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O Pelicans está numa saia justa desde a deadline, e tenta contratar um novo GM que possa lidar melhor com a situação do que Dell Demps. Conhecendo as peças que outros times têm disponíveis para trocas, o Pelicans acertadamente conclui que o Celtics é o melhor parceiro de troca disponível. Apesar disso, se o time de Boston se encontrar forçado a fazer uma oferta menos atrativa, as coisas podem ficar ruins rápido para o Pelicans, que poderia acabar tendo que aceitar uma oferta menos atrativa que a que o Lakers ofereceu na última deadline, por exemplo.

Falando na franquia de LeBron James, esta é outra grande afetada pela decisão de Kyrie. Primeiro porque ele deve ser um dos alvos do time na offseason, apesar de não um destino muito provável. Segundo pela situação de Anthony Davis, conforme já descrito, e por fim pelas opções que Kyrie abre no mercado ao mudar de time. O raciocínio é simples: com vários times buscando um agente livre máximo no mercado, se Kyrie assinar com um deles, é uma franquia a menos para concorrer com o Lakers nos outros atletas. Tomemos como exemplo o New York Knicks. Se Kyrie decidir ir para lá, como se especula, é uma opção a menos para concorrer por Kemba Walker ou Jimmy Butler, outros alvos do Knicks e de diversos times ao redor da liga. É claro que esta lógica vale para todas as franquias em posição de assinar com um agente livre máximo, mas a expectativa sobre a situação do Lakers e de LeBron para a próxima temporada merece especial atenção, até pelo fato da franquia também estar envolvida nas conversas por Davis.

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Kemba, aliás, teria tudo para lucrar com uma decisão rápida de Kyrie por permanecer no Celtics. Com estilo parecido e atuando na mesma posição, ele rapidamente se tornaria o principal foco das atenções de franquias que também teriam interesse em Irving caso ele não renove com o Celtics.

Já que citamos o Knicks, este é outro grande afetado pela decisão de Kyrie. Tendo criado espaço para dois contratos máximos na offseason, a franquia de NY tem como grande atrativo para agentes livres justamente a possibilidade de fazer uma oferta do tipo “assine conosco e traga seu amigo astro junto”, já que jogadores se tornaram tão propensos a esse tipo de negociação nos últimos anos. Irving é bastante próximo a Kevin Durant e Jimmy Butler, e uma dupla dele com um dos dois parece ser o caminho mais provável para que o Knicks alcance seus objetivos. Sem ele, no entanto, é mais improvável que o Knicks consiga outro astro. Talvez Durant, mas ele é um jogador muito difícil de ler e sua decisão pode ser surpreendente.

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Projetando já uma cadeia de correlação mais incerta entre a decisão de Kyrie e de outros agentes livres, vale especular o que faria Kawhi Leonard em caso de uma permanência de Kyrie em Boston com subsequente troca de Anthony Davis. Com esta dupla e o timaço do Milwaukee Bucks no Leste, a conferência se torna um desafio e tanto, e tira o principal argumento do Toronto Raptors para tentar convencer o ala a renovar seu contrato, o caminho mais fácil para as Finais da NBA. Essa decisão, é claro, vai depender mais da performance do Raptors nos playoffs do que qualquer outra coisa, mas uma vida mais difícil no topo do Leste pode fazer Kawhi começar a enxergar mais claramente que jogar “em casa”, com um dos times de Los Angeles, é o que realmente ele quer para a sequência da carreira.

Kyrie poderia, ainda, tomar uma decisão que deixaria todas essas alternativas num limbo, ao renovar por apenas dois anos com uma player option para a segunda temporada. Esta possibilidade foi apresentada por Kevin O’Connor (The Ringer) nos últimos dias, e é especialmente intrigante porque alinharia Irving e Davis, que são amigos próximos, como agentes livres ao final da temporada 2019-20, lhes permitindo escolher seu futuro juntos caso desejem. É um cenário improvável e arriscado, entretanto, já que Irving e Davis são atletas com problemas de lesões recorrentes ao longo de suas carreiras, e a prudência recomendaria assinarem grandes contratos o quanto antes. Apesar disso, Davis já está abrindo mão de uma gorda extensão com o Pelicans neste verão ao pedir troca, então é mais uma possibilidade para se levar em conta.

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Por fim, outro jogador que pode ser bastante afetado é Al Horford. O pivô do Celtics possui uma player option em seu contrato para a próxima temporada, no valor de pouco mais de US$ 30 milhões. Parece estranho imaginar que um jogador de 33 anos abriria mão deste salário para ser agente livre, mas é justamente aí que está a lógica. Horford poderia optar por assinar um contrato mais longo e com um valor total que supere esse, para garantir mais anos na liga e aproveitar a offseason onde haverá um aumento no teto salarial para fechar um negócio com menos salário anual, mas num valor total superior a esse último ano de contrato com o Celtics, imaginando ainda que sendo agente livre no ano que vem ele estaria um ano mais velho e num mercado sem tanto dinheiro disponível, o que poderia lhe render ofertas menores. A questão para ele é: sem Kyrie, imaginando o Celtics num movimento de reconstrução, será que ele não estaria disposto a procurar outro time onde tivesse mais chances de ser campeão? Ou até mesmo assinar com quem lhe pagasse mais, para capitalizar o último ano da carreira? E por fim, não seria ele o jogador mais afetado por uma eventual chegada de Anthony Davis?

Essas e outras perguntas começam e terminam de ser respondidas com a decisão de Kyrie Irving, a carta mais importante do jogo na offseason de 2019, que promete ser uma das mais interessantes da história da NBA.

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