Durante a janela de imprensa dos treinos, você pode notar claramente quem está e quem não está muito disposto a falar com os jornalistas. Dion Waiters parecia estar no segundo grupo. O ala-armador sempre era um dos últimos jogadores do Cleveland Cavaliers a entrar em quadra, sentava-se próximo a LeBron James – que atraía todas as atenções – e tinha o fone de ouvido como acessório inseparável. Assim que o acesso dos repórteres era liberado, o ala-armador de 22 anos começava uma complexa (para não dizer mirabolante) sessão de alongamentos com a ajuda do staff do time que tornava a aproximação em uma missão dificílima.
Já nos minutos finais das entrevistas de sexta-feira, sob o risco de não conversar com o jovem, o Jumper Brasil resolveu fazer uma tentativa antes que ele passasse quase ileso de todos no fim de semana. E a surpresa foi incrivelmente positiva: Waiters tirou o fone, respondeu tudo o que pôde no pouco tempo que tivemos, discutiu abertamente os rumores de que não se daria bem com Kyrie Irving e até ignorou um ou dois chamados do time para o início do treino para fechar nossa entrevista.
Lógico que não deu para perguntar tudo que gostaríamos. É assim mesmo. Mas o resultado do bate-papo rápido (porém, produtivo) com o polêmico ala-armador está aqui:
JUMPER BRASIL – Dion, quais são suas primeiras impressões sobre o Rio de Janeiro?
DION WAITERS – A cidade é linda, cara. É minha primeira vez aqui e tem sido uma excelente experiência. As pessoas e o clima são ótimos. Estou amando tudo aqui e estamos muito bem recebidos. Eu não quero voltar para casa [risos].
JB – É óbvio que houve muitas mudanças no time, mas esse ainda é um elenco muito jovem – tem você, Kyrie Irving, Tristan Thompson. Como vocês estão enfrentando a maior atenção e expectativa em torno da equipe agora?
DW – Nós estamos mantendo o foco em quadra e fazendo o mesmo de antes. Continuamos a treinar duro, aprender o jogo e melhorar diariamente. Sabemos que tudo será diferente neste ano, vai haver muito mais “loucura” na nossa rotina, mas sabemos o que precisamos fazer: manter os pés no chão, trabalhar com calma e cuidar do nosso físico.
JB – Como tem sido o início de trabalho com o técnico David Blatt?
DW – Ótimo. Blatt tem um pouco da experiência que muitos de nós, mais jovens do elenco, não temos. Ele já passou por vários lugares do mundo, conhece o jogo como poucos. É uma grande mente ligada ao basquete e você percebe isso no dia-a-dia.
Neste momento, o pessoal do Cavaliers já faz o primeiro chamado para o início do treino. Waiters segue conosco.
JB – Você é um jogador que gosta de ter a bola nas mãos e já provou ser ótimo atuando desta forma. Então, como administrar o fato de ter que “dividir” a bola agora com outros dois grandes ballhandlers em Kyrie e LeBron James?
DW – O jogo vai ficar mais fácil para mim, na verdade. Não vou ter que fazer tantas coisas. Nos últimos anos, eu e Kyrie ficamos um pouco sobrecarregados aqui: tínhamos que arremessar, pontuar, criar oportunidades para os companheiros. Agora, com mais ballhandlers, receberei mais a bola livre para chutar e a defesa terá que escolher seu problema, sabe? Marca um de nós, o outro ataca. A chave é movimentar a bola, mantê-la circulando.
JB – Eu li que você assistiu a alguns vídeos de Dwyane Wade na preparação para a temporada. O que você percebeu e aprendeu com isso?
DW – Meu foco foi notar com Wade atuou ao lado de LeBron, a dinâmica entre ambos. O que ele fez de diferente para se adaptar, entende? Mas, com esse novo time, acho que a melhor abordagem é continuar sendo eu mesmo. Porque, como disse, tudo vai acontecer mais fácil agora. Eu preciso apenas arremessar na hora certa, passar na hora certa, mover a bola e ajudar o jogo a fluir.
Representante do time para ao lado dele para encerrar, mas ele ainda responde uma última pergunta nossa e de uma rede de televisão.
JB – Eu sei que é chato perguntar isso porque rumores são uma distração diária na NBA, mas houve muitas especulações sobre uma possível relação tumultuada entre você e Kyrie. O que pode dizer sobre isso?
DW – Sim, cara, eu sei. A verdade é que as pessoas não sabem o que acontece lá dentro. Eu e Kyrie não temos nenhum problema. É lógico que temos nossas diferenças na quadra, como todo mundo na liga, mas somos bons amigos. Nós saímos, passamos tempo juntos. Esses rumores não fazem nenhum sentido, no fim das contas.