Será que todos os melhores times do Leste são realmente candidatos ao título de conferência? Essa é a pergunta que tentaremos analisar hoje.
Nessa semana, o Jumper Brasil reuniu três dos integrantes de sua equipe e um convidado especial – Luís Araújo, do blog e podcast “Triple-Double” – para analisar perspectivas e o nível de confiança que temos em relação a cada uma das equipes que dividem o topo do Leste com o favorito Milwaukee Bucks.
Quem pode verdadeiramente desafiar a franquia de Wisconsin em uma série de sete jogos nos playoffs? E quem pode não passar de um fenômeno de temporada regular? É isso que vamos discutir agora!
1. O Boston Celtics é um verdadeiro candidato ao título do Leste?
Gustavo Lima: Sim. A disputa na conferência está muito aberta e vejo seis times em condições plenas de alcançar a decisão. Com o poder de fogo do seu perímetro, e a versatilidade de seus alas, definitivamente, o Celtics está entre eles.
Luís Araújo: Sim. Ainda vejo altos e baixos em Boston, mas a campanha tem sido positiva: possui ataque e defesa entre as mais eficientes da liga, além do elenco parecer ter armas à disposição para encarar variações táticas nos playoffs. Brad Stevens é uma das mentes mais brilhantes da NBA e, dessa vez, as coisas estão mais “sob controle”. O Celtics não é favorito, mas está entre os candidatos.
Michel Moral: Não. Embora tenha o melhor perímetro da conferência, a falta de um garrafão à altura dos postulantes ao título faz diferença. É em cima disso que Danny Ainge precisa trabalhar até quinta-feira: trazer um bom pivô seria capaz de transformar o Celtics em um incontestável contender.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. O Celtics joga basquete de forma correta e aplicada, a cara de Brad Stevens, além de já não sofrer consistentemente com os rebotes – um fantasma antigo de Boston. Além disso, a crescente versatilidade dos seus alas tem se provado o bastante para compensar a ausência de pivôs mais consolidados.
2. O Miami Heat é um real contender dentro da conferência?
Gustavo Lima: Sim. Trata-se de um time muito bem treinado por Erik Spoelstra, que conta com dois jogadores diferenciados (Jimmy Butler e Bam Adebayo) e um grupo de novatos que vem dando conta do recado (Kendrick Nunn e Tyler Herro). Vejo o Heat a uma troca de subir – ainda mais – de patamar.
Luís Araújo: Sim. Não é favorito, claro, mas também vejo com chances. Gosto do elenco, da liderança técnica de Jimmy Butler e, acima de tudo, do ótimo jogador que Bam Adebayo tornou-se. Isso sem falar de Erik Spoelstra, um dos melhores técnicos da NBA – e que, inexplicavelmente, segue com críticos no Brasil. Miami parece pronto para competir na conferência Leste.
Michel Moral: Não. Prefiro colocar o Heat na prateleira dos times que correm por fora, apesar de ser a equipe mais chata de enfrentar no Leste. Acredito que o fato de terem jogadores jovens, em franca evolução e sem um “teto” conhecido, torna-os um dos confrontos mais indigestos nos playoffs.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. Miami ainda me deixa com algumas interrogações pelo fato de depender muito de jogadores pouco provados (novatos, apostas vindas da G-League) e ser uma equipe bem diferente do que projetávamos, mas é impossível ignorar os resultados até agora. Eles possuem dois all-stars e mais um excelente trabalho de Erik Spoelstra do seu lado.
3. Verdadeiro ou falso: o Toronto Raptors tem chances reais de defender o título do Leste.
Gustavo Lima: Verdadeiro. A campanha fala por si só. O Raptors surpreende muita gente superando a perda de um astro do peso de Kawhi Leonard. Pascal Siakam assumiu o protagonismo, Kyle Lowry segue jogando em alto nível e os atletas coadjuvantes – como Norman Powell e Fred VanVleet – estão mostrando serviço.
Luís Araújo: Verdadeiro. Perder Kawhi Leonard não foi uma boa notícia, mas é extremamente admirável como esse time seguiu sua vida. Talvez, passe por aí o quanto essa equipe se mantém competitiva e em condições de título no Leste. A defesa é extremamente inteligente, cheia de variações, entrosada e pronta para qualquer adversário. E Pascal Siakam continua subindo degraus como jogador.
Michel Moral: Falso. O Raptors é um bom time, mas ainda falta uma liderança técnica. Aquela estrela consolidada, sabe? Kyle Lowry, Marc Gasol e Serge Ibaka são coadjuvantes nesse momento da carreira, enquanto Fred VanVleet e Pascal Siakam ainda não atingiram o nível de maturidade para “carregar” a franquia ao título.
Ricardo Stabolito Jr.: Verdadeiro. O Raptors possui o entrosamento, experiência, inteligência em quadra e um elenco que oferece alternativas a Nick Nurse. Eu ainda acho que, de todas as partidas que observei nos últimos meses, o Toronto foi quem teve as mais impressionantes performances defensivas da temporada.
4. Com a volta de Victor Oladipo, o Indiana Pacers realmente torna-se um dos postulantes ao título da conferência?
Gustavo Lima: Sim. O Pacers possui um elenco bem encaixado e que deverá subir de produção nos dois lados da quadra quanto mais Oladipo ganhar ritmo. Malcolm Brogdon é um armador inteligente, Domantas Sabonis faz a melhor temporada da carreira, Myles Turner é uma boa âncora defensiva no garrafão e T.J. Warren é um pontuador natural. Todas as peças estão no lugar.
Luís Araújo: Não. Estou observando o retorno de Oladipo com interesse e aposto em certa evolução coletiva da equipe quanto mais ele estiver próximo da forma ideal, mas simplesmente não imagino que isso seja o bastante para fazer com que o Pacers passe a ser uma das potências do Leste.
Michel Moral: Sim. O Pacers é uma nova equipe em relação ao ano passado, mas mantém a mesma identidade. Oladipo é o talento que falta em quadra e vai ter metade da temporada para recuperar sua melhor forma visando os playoffs. É o time com maior perspectiva de evolução nessa reta final de temporada.
Ricardo Stabolito Jr.: Não. É um elenco que, excetuando um Oladipo que precisa de tempo para retomar seu melhor ritmo, não tem jogadores versáteis o bastante. Pensando em uma série de sete jogos, eu simplesmente não acredito tanto assim em Indiana sem o seu principal jogador. É um time aplicado e consistente, mas cujo teto não é dos maiores.
5. Bucks e Sixers ainda é a sua aposta para a final do Leste nesse ano?
Gustavo Lima: Sim. Não ficarei em cima do muro: apesar do equilíbrio evidente entre os seis primeiros do Leste, Bucks e Sixers são os dois times com mais “cara” de final. Ambos têm talento no garrafão (Giannis Antetokounmpo e Joel Embiid), ótimos jogadores de apoio em torno dos astros e altíssimo potencial defensivo. No fim das contas, defender bem é um dos pré-requisitos para ir longe nos playoffs.
Luís Araújo: Não. O Bucks está no primeiro escalão e é “favoritaço” ao título. Será uma surpresa se não estiver nas finais. Com o Sixers, a história muda: continua a ter problemas preocupantes em termos de encaixe e tais deficiências podem ficar ainda mais escancaradas nos playoffs, contra defesas bem montadas. Eles têm o talento necessário, mas não me passam confiança no momento.
Michel Moral: Sim. A convicção é bem menor do que já foi, mas, ainda assim, são os dois melhores times da conferência. O Bucks na decisão é um consenso geral. O Sixers vem dando motivos para que os concorrentes sonhem em derrubá-lo, muita irregularidade, mas ainda seria a minha aposta.
Ricardo Stabolito Jr.: Não. Sempre tive dúvidas em relação ao encaixe do Sixers e, pelo que vi até agora, o Raptors completo é simplesmente um time de basquete superior. Tudo pode acontecer em uma série entre essas equipes. Por outro lado, será um choque se o Bucks não estiver nas finais de conferência.