Na próxima terça-feira, uma nova temporada da NBA vai começar. O Jumper Brasil já trouxe suas prévias de cada um dos 30 times da liga e, anteriormente, analisou várias das trocas e contratações que aconteceram nas férias. Agora, trazemos quatro de nossos analistas para discutir especificamente a situação dos jogadores brasileiros.
O que é possível esperar ou dizer sobre os seis atletas do país que estão na NBA (Nenê, Varejão, Leandrinho, Tiago Splitter, Fab Melo e Scott Machado)? Vamos ver…
1. Leandrinho surpreendeu muita gente ao ser anunciado como reforço do Boston Celtics. Lá, ele vai competir por minutos em uma rotação inchada (Rajon Rondo, Jason Terry, Courtney Lee, Avery Bradley), com a desvantagem de ter sido contratado durante a pré-temporada. Como você imagina que Doc Rivers utilizará o brasileiro?
Gustavo Freitas: Com a aposentadoria de Keyon Dooling, o Celtics ficou sem um reserva de ofício para Rajon Rondo. Inicialmente, a diretoria iria buscar um jogador jovem para a função, mas optaram por Leandrinho. Penso que o brasileiro assume essa lacuna, além de “beliscar” alguns minutos na concorrida posição dois – já que Avery Bradley ainda se recupera de lesão nos ombros. No começo, imagino que Barbosa possa jogar nas duas. A tendência, porém, é que ele seja o imediato de Rondo, apesar de não fazer essa função há algum tempo.
Zeca Oliveira: Acredito que Leandrinho terá que se adaptar a um papel um pouco diferente do que vinha fazendo em sua carreira. No Celtics, é provável que jogue conduzindo a bola para o ataque, um primeiro ball handler. Além disso, vai ter que mostrar disciplina tática maior e que pode ser eficiente também quando não tem a bola nas mãos o tempo inteiro.
Renan Lucco: Sem nenhum reserva imediato para Rajon Rondo, o brasileiro deve atuar tempo considerável na posição um. Ele não é a melhor opção para a função, mas, desde que não fique muito tempo com a bola nas mãos, pode funcinonar. Enquanto Bradley não volta, terá mais minutos em sua posição de origem.
Ricardo Stabolito Jr.: Imagino que Leandrinho chegue para fazer uma função parecida com a que Keyon Dooling desempenhava na última temporada. Será o mais próximo de um reserva que Rajon Rondo terá, ajudando o Celtics a levar a bola para o ataque e arremessando de longa distância. No período em que Avery Bradley estiver fora, também deverá cobrir minutos em sua “posição natural” (2). Boston foi oportunista em assinar com o brasileiro – viram um veterano provado disponível e trouxeram antes de um oponente – e ele é um claro upgrade sobre Dooling em fim de carreira.
2. O Wizards venceu apenas 20 de 66 partidas disputadas na última temporada, mas, com Nenê em quadra, o time teve recorde de sete vitórias e quatro derrotas. Você vê o pivô tendo um impacto semelhante no sucesso de Washington na campanha 2012-13?
Gustavo Freitas: O grande problema de Nenê é que ele se machuca demais e tem uma lesão crônica no pé. Claro que sua presença em quadra pode ser um diferencial no jovem equipe, mas, agora, o Wizards conta com Emeka Okafor no elenco. Acho que, como nenhum consegue atuar 82 partidas, a diretoria pensou na possibilidade de contar com (pelo menos) um dos dois durante a campanha. Ainda que Nenê tenha feito essa diferença toda no primeiro semestre, sabemos que aquela situação era mais fim de festa do que qualquer outra coisa.
Zeca Oliveira: Sim. Acho que o Nenê saudável tem impacto em qualquer equipe. E, no Wizards, tem tudo para ser ainda mais relevante do que em Denver. Mas, claro, quando se fala nele sempre vai ter o asterisco das contusões.
Renan Lucco: Creio que ele terá impacto sim, mas não igual ao da temporada passada. Nesta nova campanha, o pivô deverá ter seus minutos diminuídos com a chegada de Okafor e não receberá a mesma quantidade de bolas no ataque. Sua chegada foi fundamental para a melhora do time, mas seu papel tende a diminuir.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. Pivôs são diferenciais nesta liga e, com Nenê em condições, o Wizards terá um jogador experiente e efetivo nos dois lados da quadra para a posição cinco. Não são todos os adversários que têm uma peça parecida. Eu não me prenderia, porém, ao recorde acumulado já na reta final da temporada para medir sua importância.
3. Caso não assine uma extensão até o próximo dia 31, Tiago Splitter será agente livre (muito provavelmente restrito) no ano que vem. Como uma boa temporada 2012-13 pode influenciar seu futuro na NBA?
Gustavo Freitas: Splitter é um bom jogador e conseguiu provar isso durante toda a carreira. Uma pena para ele que esteja como reserva de um dos melhores jogadores da posição de todos os tempos: Tim Duncan. De qualquer forma, acredito que o brasileiro possa repetir os números da temporada passada, isso se seguir tenho oportunidades com Gregg Popovich. Caso ele “fuja” de contusões, é possível aparecer com um bom contrato ano que vem. Se pensarmos que até Omer Asik é titular (e ganhando muito), é claro que podemos imaginar Tiago em situação similar.
Zeca Oliveira: Splitter, apesar de ainda jogar minutos limitados, tem se mostrado um atleta muito eficiente. Com o mercado de pivôs cada vez mais inflacionado, ele pode conseguir um excelente contrato já no próximo ano e também – quem sabe – um papel mais revelante dentro da liga. No Spurs ou em outra franquia.
Renan Lucco: Influencia muito, principalmente sabendo que é apenas a terceira temporada do brasileiro na NBA. Com a decadência física de Tim Duncan, Splitter deve ganhar mais minutos e, tendo mais tempo, melhorar seus números. Com isso, um bom contrato é só consequência.
Ricardo Stabolito Jr.: Uma boa temporada pode elevar Splitter ao nível que Omer Asik alcançou em 2012 aos olhos do mercado – alguém que é reserva, mas poderia ser titular em vários times e vale o risco de uma proposta com altas cifras. No intuito de preservar o veterano Tim Duncan, ele tende a ter espaço crescente na rotação. O Spurs deveria se esforçar para estender o contrato do pivô antes do início da temporada, na minha opinião. Minimizaria riscos.
4. Quem terá uma melhor carreira na NBA: Fab Melo ou Scott Machado (que ainda pode ser dispensado do Rockets)?
Gustavo Freitas: De cara, penso em Scott Machado. Por ser um jogador com boa visão de jogo e que procura o passe antes do arremesso. Isso é raridade na NBA. Mas acredito que Melo também conseguirá algum espaço na liga. Precisa desenvolver seu jogo ofensivo com alguma urgência para tal. Defensivamente, ele ocupa bem os espaços e, para um jogador de garrafão, isso é meio caminho andado.
Zeca Oliveira: Scott Machado. Creio que Fab Melo briga por espaço em uma rotação com jogadores de muito mais bagagem e em um time que pensa em curto prazo. Isso pode acabar atrapalhando sua carreira. O armador joga com um treinador que gosta de rodar o time e atua em uma posição em que a adaptação ao jogo profissional é muito mais tranquila.
Renan Lucco: Scott Machado, sem pensar duas vezes. O armador fez uma boa pré-temporada pela equipe do Rockets, mostrando várias qualidades e ótima visão de jogo. Ele me passa mais firmeza como profissional do que Fab Melo.
Ricardo Stabolito Jr.: Minha preferência é por Scott Machado. Ele possui habilidades raras no jogo atual (visão de jogo, entendimento da dinâmica do jogo, instinto como passador – as tais playmaking skills) que podem render-lhe uma carreira sólida na NBA. Em um time que corra, ele tende a se sobressair. Embora reconheça seu potencial, eu não sou tão fã de Melo quanto sou de Machado.
5. Em 2012, Anderson Varejão teve as melhores médias de pontos (10.8) e rebotes (11.5) da carreira. Chegou, inclusive, a ser cogitado para participar do Jogo das Estrelas. Podemos esperar o mesmo nesta nova temporada?
Gustavo Freitas: Varejão vem evoluindo a cada ano e tornando-se um ótimo defensor. Porém, quais são os rivais de posição no Leste? Considerando a saída de Dwight Howard de Orlando, ainda sobram Al Horford, Kevin Garnett, Brook Lopez, Joakim Noah, Greg Monroe, Roy Hibbert, Chris Bosh, Tyson Chandler e até Nenê. Sinceramente, se vários deles estiverem em uma temporada ruim ou contundidos, há uma chance de Jogo das Estrelas. Do contrários, os citados partem como favoritos.
Zeca Oliveira: Varejão sempre será um excelente defensor – daqueles bem chatos, que jogam para o time. Tem tudo para fazer outra grande temporada. Mas pensar em Jogo das Estrelas é bem mais complicado, até porque seu perfil não bate muito com os atletas chamados para o evento. Existe, sim, a possibilidade. Este não deve ser, porém, o foco do brasileiro, que vive seu melhor momento na liga profissional americana.
Renan Lucco: Varejão só tende a evoluir nesta nova temporada – tanto no ataque, quanto na defesa – e continuará sendo o principal jogador de garrafão do Cavs. Talvez isso não seja o suficiente para uma aparição no Jogo das Estrelas, porém, visto que a concorrência de atletas na área pintada é grande e qualificada.
Ricardo Stabolito Jr.: Em termos de números, acho que nada impede que faça algo parecido. Varejão tem falhas como jogador, mas sua produtividade – ao menos, na frieza estatística – cresce ano a ano. Ele produz. Sobre Jogo das Estrelas, não iria tão longe. Mesmo com a ida de Dwight Howard para o Oeste, ainda há adversários em melhor posição para conseguir uma vaga (Bynum, Hibbert, Monroe, Horford).