O primeiro mês de temporada já passou! Pode parecer pouco, mas já são 20% da campanha regular completa para muitos times da NBA. E, se 15 partidas não selam o destino de ninguém, podemos observar algumas tendências representativas – em quadra, nas estatísticas e na tabela de classificação. Mas o que será para valer e o que é “fogo de palha”?
O Jumper Brasil reuniu três dos seus membros e outros dois convidados especiais – Vitor Camargo, do Two-Minute Warning, e Luís Araújo, do Triple-Double – para analisar isso. Em quais dados inesperados registrados até agora é possível acreditar e o que parece ter jeito de ser apenas coisa passageira? Nossa equipe discute:
1. O Detroit Pistons (11-5) é realmente candidato a mando de quadra nos playoffs do Leste?
Gustavo Lima: Não. Acredito que o Pistons brigará por vaga nos playoffs, mas na sétima ou oitava posição. Celtics e Cavaliers são vagas certas no TOP 4 a meu ver, enquanto Raptors, Wizards e Bucks têm times superiores a Detroit e acho que vão subir de produção ao longo da temporada.
Vitor Camargo: Sim. Mas não é o favorito. Mesmo que alguma regressão venha pela frente, a maior parte da melhora do Pistons vem de fatores reais e já possuem vantagem na tabela. Mas entre a recuperação do Cavs, a consistência do Raptors, a explosão do Wizards e a ascensão do Bucks, há candidatos mais fortes no Leste.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. O Pistons melhorou até mais do que recebe crédito, na verdade. Ser um dos únicos times a estar entre os dez melhores em eficiência ofensiva e defensiva prova que não dependem de um lado da quadra para ganhar. Eles estão na briga. Se são os candidatos mais fortes é outra história.
Luís Araújo: Sim. Talvez a vice-liderança seja uma distorção, mas o time mostra melhorias nos dois lados da quadra. Andre Drummond está entendendo melhor suas limitações e existe uma agressividade defensiva interessante no perímetro. Assusta um pouco o quinteto titular funcionar tão mal, mas os reservas ajudam muito. Dá para acreditar que brigue, sim.
Gustavo Freitas: Sim. Mas a avaliação da equipe depende muito de como isso for observado. Pelo lado otimista, o elenco está mais competitivo pela manutenção de sua base e chegada de Avery Bradley. Pelo negativo, a conferência é fraca. Seja lá a forma como você olha, o Pistons pode conseguir ficar no TOP 4.
2. Quem tem melhores condições de superar o início de temporada ruim de temporada no Oeste: Jazz (7-10) ou Clippers (5-10)?
Gustavo Lima: Clippers. É o time com um astro de fato (Blake Griffin). Com Danilo Gallinari, Patrick Beverley e Milos Teodosic saudáveis, tendem a subir de produção e brigar por vaga na pós-temporada. Já o Jazz ainda sofre com a saída de Gordon Hayward e, para piorar, ficar um mês sem seu pilar defensivo (Rudy Gobert) é um duro golpe em suas pretensões.
Vitor Camargo: Clippers. Ambos têm sido “destruídos” por lesões, mas o Jazz já se mostrava um time inferior completo e é mais dependente de Gobert do que o Clippers é de Beverley, Teodosic ou Gallinari. No entanto, em um Oeste bastante disputado, o buraco pode acabar sendo fundo demais para ambos.
Ricardo Stabolito Jr.: Clippers. O curioso é que eu confio mais no Jazz completo do que no Clippers completo: é mais estável, com noção mais sólida do que deve fazer para ganhar. Só que confio mais na saúde dos angelinos – e Quin Snyder é bem mais dependente de seus desfalques do que Doc Rivers.
Luís Araújo: O Clippers, talvez. São times meio contrastantes até agora, mas eu confio mais na capacidade do Clippers encaixar uma defesa melhor do que nas chances do Jazz pontuar com menos dificuldades em situações de meia-quadra.
Gustavo Freitas: O Clippers, claro. Pelo amor das minhas filhinhas. O Jazz sofre muito com a lesão de Gobert e a perda de Hayward.
3. Knicks (8-7), Pacers (9-8) ou Magic (8-8): quem tem maiores chances de brigar mesmo por uma vaga nos playoffs?
Gustavo Lima: Magic. Aaron Gordon e Evan Fournier vem evoluindo como scorers, além de Jonathon Simmons ter sido um achado no mercado, mas o sucesso inicial do time deve-se mesmo à mudança na filosofia de jogo: o sexto maior número de posses por jogo demonstra o ritmo frenético adotado. Na verdade, porém, acho que nenhum dos três conseguirá vaga.
Vitor Camargo: Knicks. Eles têm provavelmente o pior time dos três, em termos de elenco e profundidade, mas também algo que esses concorrentes não possuem: um legítimo superastro em Kristaps Porzingis. Alguém capaz de carregar a equipe nas costas quando preciso pode fazer a diferença.
Ricardo Stabolito Jr.: Knicks, assustadoramente. Para mim, por mais que tenha o pior time e até exiba o pior basquete dos três, dois fatores apontam fortemente em favor dos nova-iorquinos: eles têm um astro capaz de “buscar” umas vitórias por si só (Kristaps Porzingis) e, estatisticamente, enfrentou a tabela mais difícil dos três.
Luís Araújo: Knicks. Não acredito que estou dizendo isso. Porzingis é um dos melhores jogadores da NBA, daqueles caras que carregam um ataque nas costas e chuta por cima das defesas. Jeff Hornacek ampliou o uso do astro com ações bem eficientes. Além disso, há algumas outras peças bem interessantes em volta dele.
Gustavo Freitas: Magic. A campanha do Knicks até aqui é interessante e o Pacers tem muitos jogadores com cara de classificação aos playoffs no elenco. Mas o Magic possui técnico: gosto de Frank Vogel. Gosto da evolução de Gordon e o banco é, no mínimo, intrigante. Até acho que os três podem surpreender, mas Orlando parece ter maiores chances.
4. Quem tem mais condições de manter-se entre as defesas mais eficientes da liga: Lakers (4º) ou Blazers (2º)?
Gustavo Lima: Blazers. A evolução defensiva do time – incluindo suas referências (Damian Lillard e C.J. McColllum) – pode ser percebida desde o fim da temporada passada. A equipe vem priorizando o jogo de meia-quadra, atuando em ritmo mais cadenciado e o coletivo fala mais alto do que a falta de marcadores (realmente) de primeira linha.
Vitor Camargo: Blazers. Quer dizer, eles possuem mais chances do que o Lakers por, pelo menos, terem um elenco mais profundo em termos de defensores e pela evolução de Lillard na marcação parecer ser real. Mas ambos parecem ser fogo de palha.
Ricardo Stabolito Jr.: Blazers. Já tinham mostrado melhora sensível na defesa no fim da última temporada. Possuem vantagem de entrosamento e experiência em relação ao Lakers. Até Lillard está marcando. Não acho que haja discussão aqui.
Luís Araújo: Blazers. Já é uma equipe que apresentou evolução defensiva na reta final da temporada passada. Até parecia que não seria algo sustentável, mas segue funcionando até o momento. Talvez, aquilo seja mesmo para valer.
Gustavo Freitas: Blazers. Próxima.
5. O Cavaliers (30º) seguirá como uma das piores defesas da liga em eficiência até o fim da temporada?
Gustavo Lima: Sim. A defesa de Cleveland é uma dor de cabeça desde a última temporada. LeBron James não é sombra do bom defensor que foi um dia, Kevin Love como protetor de aro não dá. Quero só ver quando Isaiah Thomas estrear! A impressão que o Cavaliers passa é de preguiça mesmo marcando.
Vitor Camargo: Sim. A narrativa é sempre a mesma: quando importar, o Cavs vai começar a se esforçar mais e os problemas pararão. Mas só acontece nos playoffs e não há esforço que faça 80% do elenco de Cleveland bons defensores (Kyle Korver, Derrick Rose, Isaiah, Love). Esforço ajuda muito, mas há uma limitação de pessoal que impede-me de ver esse time com uma boa defesa.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. A defesa do Cavaliers tem sido ruim há anos, com um ou outro momento de mais empenho nos playoffs, e hábitos são difíceis de mudar. A comunicação defensiva de Cleveland é desastrosa e não dá para esperar grande evolução com um elenco tão veterano. O ponto positivo é que, até agora, isso não chegou perto de impedir que fossem finalistas.
Luís Araújo: Sim. O sistema defensivo já tinha sido um grande problema na última temporada, quando o Cavs nadou de braçada no Leste. Até houve melhora aqui e ali nos playoffs, mas nada muito gigante. Não existem motivos para acreditar em evolução agora.
Gustavo Freitas: A NBA virou uma zona, para ser sincero. Ninguém defende mais. Quando acontece um placar abaixo dos 200 pontos combinados, todos se assustam e taxam o jogo de “feio”. Finalista nas últimas três temporadas, o Cavaliers decidiu que o melhor não é marcar, mas apostar suas fichas na ofensiva de LeBron e seus comandados.