Fonte: Fernando Medina/AFPA Tencent Sports, responsável por transmitir os jogos do Boston Celtics na China, removeu de sua plataforma, conteúdos ligados à equipe após declarações políticas do pivô Enes Kanter. Isso porque o turco fez uma publicação em suas redes sociais chamando o presidente chinês, Xi Jinping, de “ditador brutal”. Além das postagens, o jogador também usou um tênis com as palavras “Tibete Livre”, durante o primeiro jogo da temporada, contra o New York Knicks, nesta quarta-feira (20).
Junto a um vídeo de três minutos sobre o tema, Kanter usou a legenda “Caro Ditador Brutal Xi Jinping e o Governo Chinês: o Tibete pertence ao povo tibetano!”. À frente da câmera, vestindo uma camisa de Dalai Lama – considerado um separatista criminoso para a China – Enes proferiu: “que vergonha para o povo chinês. A ditadura chinesa está apagando a identidade e a cultura tibetanas”.
Sarah Stier/AFP
Horas depois, o atleta voltou a abordar o tema em seu Twitter, ao publicar fotos do tênis que usaria na partida de estreia. “Mais de 150 tibetanos se queimaram vivos – esperando que tal ato aumentasse a conscientização sobre o Tibete. Estou com meus irmãos e irmãs tibetanos e apoio seus apelos por Liberdade”. Por fim, concluiu com a hashtag “Tibete Livre”.
Como resultado, a empresa parceira da NBA no país fez com que as partidas recentes do Celtics ficassem indisponíveis para reprodução . Além disso, os próximos jogos da franquia não serão transmitidos ao vivo. Do mesmo modo, um perfil dedicado aos fãs do Boston Celtics na rede social Weibo – conhecida como “Twitter chinês” – alegou que pararia de postar sobre o time. Com mais de 615 mil seguidores, a página escreveu: “Resista resolutamente a qualquer comportamento que prejudique a harmonia nacional e a dignidade da pátria!”.
Contexto Histórico
Apesar da emancipação do Tibete em 1912, a China considera o território parte de seu império histórico. Desta forma, diversos conflitos ocorreram ao longo dos anos. Sob o comando de Jinping, os esforços para dissipar as tensões étnicas foram intensificados. Assim, o objetivo é encorajar os residentes da região a assimilarem-se à sociedade chinesa. Como por exemplo, tornar o mandarim a língua dominante na vida pública.
Ativismo de Kanter
Não é a primeira vez que Enes Kanter se envolve em manifestações políticas. Constantemente, ele usa suas redes sociais para criticar o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. O atleta é acusado de terrorismo pelo governo turco e, por isso, não vê sua família desde 2015. Em abril deste ano, Kanter recebeu uma mandado de prisão emitido pelo seu pais, por ofensas ao presidente. Em resposta, ele fez uma publicação em suas redes sociais queimando o documento. “Parece que magoei os sentimentos de Erdogan”, debochou o pivô.
Nesta semana, o jogador do Celtics voltou a abordar suas desavenças com o governante. De acordo com Kanter, já foram emitidos dez mandados em seu nome. “Esse regime emitiu o décimo mandado de prisão contra mim nos últimos quatro anos. O motivo é eu defender os direitos humanos e os prisioneiros políticos que estão sendo torturados e estuprados. Eu não me importo se são dez ou 10 mil [mandados]. Eu não vou desistir”.
Outro boicote chinês com a NBA
A liga tem milhões de fãs devotos China. Em contrapartida, passou dois anos tentando recuperar sua imagem no país. Isso depois que o, então, executivo do Houston Rockets, Daryl Morey demonstrou publicamente apoio para manifestantes pró-democracia em Hong Kong, em 2019. Como resultado, na ocasião, patrocinadores do país romperam laços com a NBA, além da emissora estatal parar de transmitir jogos. Com isso, houve uma queda financeira estimada em milhões de dólares. Atualmente, Morey é Gerente Geral do Philadelphia 76ers. Assim, os jogos da franquia não são transmitidos na China.
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