Um dos candidatos ao título do Leste deveria iniciar uma temporada com foco único no basquete. Se possui o MVP da liga no elenco, então, nem se discute. Mas, pelos lados da Pensilvânia, não vai ser bem assim. O Philadelphia 76ers prepara-se para o começo dos jogos com Joel Embiid no comando, mas James Harden fora de ação. Mais do que isso, ele tornou-se uma distração perigosa.
O armador pediu uma troca antes do início da agência livre. Ele deseja ser enviado para o Los Angeles Clippers. No entanto, o Sixers faz jogo duro e quer um valor de retorno condizente com um astro da NBA. O atleta, como resultado, respondeu essa resistência do time com um comportamento ainda mais duro. “Sumiu” dos treinos e vai forçar a sua saída. Ou seja, o caos está instaurado.
Mas o pior é que essa bagunça é o ponto final de uma offseason complicada. Após mais uma eliminação antes das finais do Leste, o técnico Doc Rivers foi demitido. Nick Nurse, recém-dispensado pelo Toronto Raptors, assume a equipe. O elenco, enquanto isso, perdeu vários reservas na reabertura do mercado sem reposição aparente. Os reforços até chegariam, mas não empolgam.
A verdade é que o Sixers não pode dar passos para trás competitivos com Embiid no auge. Afinal, ele pode ser o próximo a pedir para sair. Mas, ao mesmo tempo, esse time inicia a campanha com diversas incertezas. Temos um elenco cheio de mudanças, uma rotação reformulada sob o comando de um novo treinador. E, ao que parece, um astro a menos.
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O elenco
É difícil avaliar o elenco do Sixers em relação a outras equipes da alta competição do Leste. Harden ainda está no plantel, mas não está lá. A sua imprevisível troca, por isso, deve ser decisiva para a composição desse time. Muita coisa pode mudar a depender das bases desse negócio. Mas, só com as mudanças que aconteceram até agora, tudo já ficou um pouco diferente.
O quinteto inicial de Nurse, por enquanto, ainda parece um mistério. Embiid é uma certeza, ao lado do experiente Tobias Harris e do talentoso Tyrese Maxey. Não parece haver alternativas para o treinador a não ser escalar o veterano PJ Tucker também. E, por ora, a tendência é que a vaga de Harden fique com De’Anthony Melton. Um jogador de características, aliás, radicalmente diferentes.
C | 7 | Bamba, Mo | 2.13 m | 105 kg |
G | 22 | Beverley, Patrick | 1.85 m | 82 kg |
G | — | Council, Ricky IV (TW) | 1.98 m | 93 kg |
F/C | 21 | Embiid, Joel | 2.13 m | 127 kg |
G | 1 | Harden, James | 1.96 m | 100 kg |
F/C | 5 | Harrell, Montrezl | 2.01 m | 109 kg |
F | 12 | Harris, Tobias | 2.03 m | 103 kg |
F | 25 | House, Danuel | 1.98 m | 100 kg |
G/F | 30 | Korkmaz, Furkan | 2.01 m | 92 kg |
G | 0 | Maxey, Tyrese | 1.88 m | 91 kg |
G | 8 | Melton, De’Anthony | 1.88 m | 91 kg |
F/C | — | Petrušev, Filip | 2.11 m | 106 kg |
F/C | 44 | Reed, Paul | 2.06 m | 95 kg |
G | — | Smart, Javonte | 1.93 m | 93 kg |
G | — | Smith, Terquavion (TW) | 1.93 m | 88 kg |
G | 11 | Springer, Jaden | 1.91 m | 92 kg |
F | — | Tubelis, Ąžuolas (TW) | 2.11 m | 111 kg |
F | 17 | Tucker, P. J. | 1.96 m | 111 kg |
Movimentações na offseason
Quem chegou?
Mo Bamba, Patrick Beverley, Ricky Council, David Duke Jr, Danny Green, Kelly Oubre Jr, Filip Petrusev, Javonte Smart, Terquavion Smith, Azoulas Tubelis
Quem saiu?
Dewayne Dedmon, Michael Foster, Louis King, Mac McClung, Jalen McDaniels, Shake Milton, Georges Niang
O técnico
Nick Nurse tem uma trajetória peculiar como técnico na NBA. Depois de anos como assistente, ele foi efetivado e conquistou o título da liga logo em seu primeiro ano. Foi a conquista histórica e inédita do Toronto Raptors. Mas o trabalho virou alvo de crescentes críticas desde então. A relação com o elenco também se deteriorou. A demissão, assim, foi uma decisão nada surpreendente.
Ele é um técnico que, até pelas características do elenco de Toronto, notabilizou-se pela flexibilidade. Investiu em formações homogêneas e, muitas vezes, em que a versatilidade se sobrepôs ao talento. No Sixers, no entanto, assume uma estrutura bem mais engessada. A franquia possui um pivô que polariza posses em Embiid, enquanto o elenco carece de múltiplos criadores.
Esse não é o tipo de elenco que Nurse acostumou-se a trabalhar nos últimos anos, certamente.
O perímetro
A ausência de James Harden, em primeiro lugar, muda a rotação de perímetro do Sixers de maneira profunda. Muda muita coisa em termos de tempo de quadra, posições e funções. Ele é muito mais do que o armador da equipe, afinal. É um jogador que monopoliza posses, opera em isolations com alto volume e, assim, reduz o ritmo das ações. Define como um time joga.
A tendência, como citado anteriormente, é que Melton fique com a vaga deixada pelo ex-MVP da liga no quinteto inicial. O especialista defensivo, no entanto, não é um jogador para armar times. Não é a sua característica. Com isso, espera-se que Maxey assuma a função. De ala-armador titular e grande jovem talento do elenco, ele passa a ser o principal ballhandler da equipe. É muita responsabilidade.
Harris, por fim, é um raro ponto de regularidade fechando o alinhamento inicial de perímetro. É a sua sexta campanha como o ala titular de Philadelphia.
É quando falamos dos reservas que as coisas começam a ficar ainda mais abertas. A franquia perdeu, afinal, três alternativas que compunham minutos aqui: Milton, McDaniels e, especialmente Niang. Acho que quem chega pode recompor, mas é difícil se empolgar. O único jogador indiscutível é Kelly Oubre. Sem Harden, ele deve ter alto volume e passe livre na função de sexto jogador. Faz muito sentido.
Patrick Beverley e Jaden Springer são opções para a armação saindo do banco. O grande problema de ambos, para começar, é que não representam uma mudança de estilo em relação à Melton. São mais opções defensivas. De resto, você possui uma trupe de veteranos de quem não sabemos ao exato o que podemos esperar. Isso inclui nomes como Danuel House e Danny Green, por exemplo.
A rotação, para resumir, está muito em aberto. Depende de quem vai funcionar.
O garrafão
A rotação de garrafão, da mesma forma, ainda possui pontos de interrogação. Os titulares Embiid e Tucker não apresentam nada de novo, a princípio. O primeiro é só o MVP da liga. Um dos mais talentosos pontuadores no poste baixo da história recente do jogo, além disso. Não há o que questionar. Mais do que ser titular, o estilo do Sixers pós-Harden deve ser definido por sua presença e volume.
Tucker, por sua vez, oferece versatilidade defensiva e experiência que encaixam-se no perfil do ala-pivô de um contender. Ele vai enfrentar – nem sempre cumprir – qualquer missão defensiva que apareça, enquanto pode matar os tiros de longa distância que o adversário dá. Mas nunca podemos esquecer que já tem 38 anos.
O time tem um reserva de garrafão consolidado em Paul Reed. Philadelphia, aliás, investiu em sua renovação ao cobrir uma proposta do Utah Jazz. Ele é um pivô de ofício, mas esperamos que Nurse tente utilizá-lo cada vez mais ao lado de Embiid. Não é um encaixe fácil, certamente. No entanto, seria um caminho de justificar o investimento enquanto colocar os mais talentosos em quadra.
Mas imaginamos que a melhor alternativa seja compor a rotação com formações mais baixas. Ou seja, rodear Embiid de jogadores abertos. Até porque esse é o sinal que o elenco sinaliza. Não há um claro ala-pivô reserva. O caminho seria, então, utilizar atletas como Harris e House na saída de Tucker. Até Oubre, talvez, que é um reboteiro sólido para o seu tamanho.
Na pré-temporada, Nurse vem testando Filip Petrusev como ala-pivô reserva. É a alternativa a que o torcedor pode se prender, provavelmente, de um ala-pivô de ofício. Mas um time competitivo contar com um novato para ser solução imediata é sempre complicado.
Análise geral
O Sixers entra na nova temporada, a princípio, como um ponto de interrogação. A equipe precisava de mudanças após mais uma derrota nas semifinais do Leste. No entanto, as alterações foram profundas demais. Mais do que deveriam, em termos de quantidade. E, por fim, devem trazer uma transformação radical no estilo e ritmo de jogo. É tudo muito duvidoso.
A substituição de Rivers por Nurse já mostra mudanças na pré-temporada. O time abdicou de um estilo mais estático para implementar um ataque mais dinâmico, à cara do novo comandante. Há mais movimentação sem a bola, ações rápidas. Isso pode parecer uma crítica ao antigo técnico, mas não é bem assim. É impossível, afinal, não ser uma equipe mais estática quando Harden está com a bola.
Sem Harden, aliás, o Sixers também deixa de ter um armador tradicional. Maxey assume a função de ballhandler primário e a sua falta de experiência na função, obviamente, leva a buscar alternativas mais fluidas. Philadelphia tem potencial interessante para fazer isso. Tem bons espaçadores e, ao mesmo tempo, o pivô que atrai atenção para próximo da cesta.
Uma opção, inclusive, é ter Embiid sendo mais um dinamizador do ataque. Ele até chegou a ser utilizado pontualmente assim na última temporada, para fazer jus a Rivers. Isso não é o estilo do camaronês, mas pode ser uma necessidade em uma equipe que simplesmente não tem tantos criadores assim. A ausência de Harden, realmente, muda muita coisa.
A rotação do Sixers é suspeita e as perspectivas do time estão depositadas na mão de Embiid e Maxey. No entanto, antes de tudo, é preciso superar a novela Harden e deixar esse “fantasma” para trás. A franquia entra na temporada com muita pressão e mudanças. Isso não tende a ser bom. Mas, ao mesmo tempo, pode ser o que falta para forjar um elenco campeão.
Previsão Jumper Brasil: 5º lugar na conferência Leste
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