Fonte: Mike Stobe / AFPApós uma temporada decepcionante em 2021/22, as atenções do New York Knicks voltavam para a offseason. Com o desmanche que começava a ocorrer em Utah, a franquia mirou em Donovan Mitchell. Era a ideia para suprir a falta de um astro que perdura desde a saída de Carmelo Anthony. Só que o Utah Jazz trocou Mitchell para o Cleveland Cavaliers. A decepção perante os fãs da franquia foi gigantesca, visto que a equipe, mais uma vez, falhava em atrair e/ou trocar por um astro. No entanto, o Knicks queria trazer um armador e, então veio o nome de Jalen Brunson.
Brunson vinha da melhor temporada da carreira pelo Dallas Mavericks. Após três temporadas sendo reserva, o armador teve uma melhoria considerável em todas suas estatísticas. Então, ele passou a ser o titular ao lado de Luka Doncic. Nos playoffs, o armador teve média de 21 pontos, sendo grande personagem na caminhada do Mavs para a final de conferência.
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Tal importância ficou explícita nos três jogos que Luka Doncic ficou fora nos playoffs. Brunson assumiu o protagonismo. Ele registrou médias de 32 pontos, 5.3 rebotes e 5.3 assistências, sendo essencial para superar o Jazz na primeira rodada da pós-temporada.
Então, se o talento era inegável e o jogador vinha de uma temporada muito boa, qual o motivo da desconfiança? A resposta era simples: dinheiro. Para um jogador que explodiu em somente uma temporada, sua pedida era altíssima. Aliás, o Dallas Mavericks não conseguiu renovar com o jogador. Desesperado por um armador, o Knicks pagou o que Jalen Brunson pedia e fechou um contrato de quatro anos.
O valor? US$104 milhões de dólares, sem nenhuma team option.
Não é preciso falar muito, a reação da torcida do Knicks, e de boa parte da imprensa americana, foi de reprovação. Novamente, não pelo jogador em si, mas pelo contrato. Enquanto muitos tratavam o jogador como overpaid, inclusive quem vos escreve, Brunson mostrou que todos estavam enganados.
Com Jalen Brunson, o Knicks achou o seu armador
Pra quem acompanha o Knicks há bastante tempo, será difícil lembrar, nos últimos 20 anos, de armadores rendendo bem na franquia. Nomes de impacto, nesse período, não faltaram: Stephon Marbury, Derrick Rose, Jason Kidd, Chauncey Billups, entre outros.
Ainda que esses jogadores tenham tido bons momentos com a franquia, nenhum se tornou uma certeza. Mais que isso, Nova York, historicamente, não possui grandes afirmações na armação. O que soa, de certa forma, contraditório. Visto que um dos três maiores ídolos da história do Knicks, é o lendário armador Walt Frazier, titular nos dois títulos da franquia. Após a aposentadoria da lenda, o Knicks vive um eterno looping de procura por alguém da posição. Frazier é um ponto fora da curva na história da equipe.
Entretanto, essa espera parece ter acabado. A temporada de Brunson é uma afirmação, com ótimos números, eficiente e, melhor de tudo, resultando em vitórias. Não me entenda mal, isso não se trata de uma comparação com Frazier, o que seria completamente descabido. A diferença de patamar entre ambos é gigantesca e, provavelmente, inalcançável.
Números acima do que se esperava
Contudo, isso não impede de Jalen Brunson cumprir com tudo aquilo que o Knicks precisava como armador. Seu impacto foi imediato, trazendo as melhores médias de sua carreira. São 23.7 pontos (a maior média de um armador em uma temporada), 6.2 assistências e somente 2 turnovers por jogo. A eficiência, citada anteriormente, é cristalina: 48% de aproveitamento nos arremessos de quadra e 41% de aproveitamento nas bolas de três.
Dentre os armadores da NBA, Brunson tem a oitava maior média de pontos, o nono melhor aproveitamento de quadra e o quinto melhor aproveitamento nas bolas de três. Tudo isso tendo o 14º maior salário entre os armadores da NBA. Portanto, atrás de jogadores como Jamal Murray, D’Angelo Russell, Ben Simmons e Kyle Lowry.
O impacto nos resultados do Knicks
Seu ótimo rendimento refletiu diretamente na campanha do Knicks. Após uma temporada sofrível (37 vitórias e 45 derrotas), sua chegada mudou completamente os rumos do Knicks. Ainda mais quando notamos que a rotação, em comparação à temporada passada, mudou muito pouco. Além de Brunson, a outra adição na offseason foi Isaiah Hartenstein, que cumpre o papel de pivô reserva.
Ou seja, a melhoria do Knicks passa, diretamente, pelo rendimento de Brunson. Mais que isso, a chegada dele fez com que a pressão em cima de Julius Randle tenha diminuído, fazendo com que o ala-pivô voltasse a jogar em ótimo nível. Como resultado, Randle foi novamente para o All-Star Game. A franquia, que teve 45% de aproveitamento na temporada passada, passou para 56% na temporada atual. No momento em que escrevo esse texto, o Knicks já possui 35 vitórias na temporada, duas a menos que o total do ano anterior, com mais 20 (!) jogos em disputa.
Hoje, o Knicks briga por uma vaga direta aos playoffs jogando um basquete muito competitivo. Além disso, está em nível ainda melhor que o da temporada 2020/21, quando ficou em quarto. Obviamente, esse elenco atual é incapaz de voos maiores (leia-se títulos), mas está a uma peça de chegar nesse patamar. Com os níveis atuais de Randle e Brunson, aliados com um bom elenco de apoio, o Knicks só precisa juntar uma estrela (de preferência movendo RJ Barrett) para brigar no topo da liga.
Enquanto essa estrela não chega, nos contentamos com mais uma ida aos playoffs, algo nada comum para o New York Knicks nesse século. E, sabendo que o armador não treme em pós-temporada, quem sabe o Knicks não passa da primeira rodada pela primeira vez desde 2013.
Por Julio Luizelli, torcedor do Knicks.
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