Por Ricardo Romanelli
Em 2009, o ala-armador Tyreke Evans foi a quarta escolha do draft da NBA. Em um ano onde entraram na liga nomes como Blake Griffin, James Harden, Ricky Rubio, Stephen Curry, Ty Lawson, entre outros, podemos dizer que esse foi um recrutamento especialmente bom.
Dentre tantos bons nomes, seria preciso fazer bastante para que alguém se destacasse o suficiente para ser o calouro do ano. Evans fez demais. 20.1 pontos, 5.3 rebotes e 5.8 assistências por partida. Apenas Oscar Robertson, Michael Jordan e LeBron James haviam tido campanhas com números parecidos na primeira temporada da carreira.
Evans alcançou esses números de maneira impressionante, tornando-se a peça central do ataque do Sacramento Kings, com grandes atuações decisivas no quarto período. Também anotou o primeiro triplo duplo da carreira, contra o Toronto Raptors, com 19 pontos, dez rebotes e dez assistências.
Após essa impressionante temporada de estreia, comparável apenas a verdadeiras lendas do basquete, Evans credenciou-se para ser considerado um dos maiores talentos da década no esporte. Ele tinha apenas 20 anos de idade, e já havia feito história.
Cacifado, começou a segunda temporada com grandes expectativas. No entanto, experimentou um decréscimo de cerca de 10% em todas as suas médias estatísticas, e ainda perdeu 19 jogos na campanha por conta de fascite plantar no pé esquerdo.
No ano seguinte, mais decepção. Evans diminuiu ainda mais seus números, e viu o pivô e companheiro de equipe DeMarcus Cousins surgir como grande nome do futuro do Kings. Perdeu espaço também no perímetro, seu setor da quadra, com a chegada de outros jovens jogadores.
Tudo isso fez com que o Kings estudasse trocá-lo antes da data limite para trocas em 2012, tendo em vista inclusive que as partes não conseguiram chegar a uma extensão contratual. A troca não aconteceu, e Evans deve testar o mercado em breve, pois jogador e franquia continuam sem acordo para estender o vínculo, que acabará em 2014 caso o Kings proponha a Evans a qualifying offer.
Atualmente, ele vem fazendo a pior temporada da carreira, com 15.5 pontos, 4.5 rebotes e 3.7 assistências em média.
Mas o que, afinal, aconteceu com Tyreke Evans? Após uma primeira temporada histórica, ele decaiu firmemente, quase como um veterano que atinge o auge da carreira e vai desacelerando ano a ano.
Bom, em primeiro lugar, devemos ressaltar que na primeira temporada ele jogou como armador do Kings, e tinha constantes oportunidades para se aproveitar de marcadores menores do que ele. Agora, ele vem jogando na posição 3, como ala, muitas vezes marcado por jogadores maiores do que ele.
Além disso, ele parece ser muito menos eficiente jogando em sets de meia quadra, com menor ritmo, tática mais constante no Sacramento Kings desde que Cousins tornou-se a peça central da equipe.
Mas seria tudo isso questão de sistema de jogo? Um jogador promissor e talentoso como Tyreke mostrou ser no primeiro ano estaria sujeito a limitações táticas como essas?
Provavelmente não, e pode ser que Kings e Evans apenas descubram isso caso decidam romper os laços, para que ambos possam procurar situações em que se encaixem melhor.
Tyreke Evans já foi, em certo ponto, o calouro mais promissor da liga. Hoje está reduzido a um jogador de papel limitado em uma equipe sem muitas ambições.
Tudo isso, com apenas 23 anos. Não é, nem de longe, hora de desistirmos de Evans, mas talvez já esteja na hora de desistirmos de Evans no Sacramento Kings. Essa união já está desgastada, e seria interessante para ambas as partes um recomeço.
Para o Kings, uma troca poderia trazer peças que se encaixem melhor com o time. Para Evans, poderia representar a aguardada continuidade de uma promissora carreira.
O que quer que aconteça, gostaríamos muito de vê-lo em um cenário propício para brilhar, pois não existe nada mais decepcionante na NBA do que ver um jogador claramente talentoso ter uma oportunidade desperdiçada.