O Miami Heat perdia por cinco pontos há um minuto para o fim da primeira partida da final da Conferência Leste, quando o novato Tyler Herro puxou a bola na transição e, com muita confiança, parou na linha dos três pontos e converteu um arremesso que cortou a diferença para apenas dois. A cesta foi só mais uma dentre os vários momentos decisivos do novato na atual pós-temporada.
Situação semelhante tem sido vista no outro lado da chave, onde Michael Porter teve a segunda maior minutagem (9.9 minutos) e a terceira maior pontuação (4.0 por jogo) do Denver Nuggets no quarto período, durante as três vitórias que definiram a surpreendente virada sobre o favorito Los Angeles Clippers.
Os jovens, claro, têm mérito – técnico e psicológico, pela postura madura que têm demonstrado durante os playoffs. Muito de suas performances, no entanto, pode ser creditado à forte cultura de suas franquias – dotadas de excelentes líderes e muita identidade da direção à quadra.
A observação desse cenário pode, aliás, ser decisiva para a tomada de decisão de determinadas equipes no Draft de 2020. Dentre a lista dos que podem ser encorajados pelo impacto imediato de jovens em campanhas vencedoras destaca-se o Golden State Warriors, dono da segunda escolha geral da seleção.
Tal como Heat e Nuggets, Golden State possui uma identidade para lá de consolidada e, com nomes como Bob Myers (gerente-geral), Steve Kerr (treinador), Stephen Curry e Draymond Green (jogadores), tem o ambiente ideal para tirar a pressão do novato selecionado e guia-lo durante os altos e baixos naturais de uma temporada de estreia.
Ao chegar ao Warriors, um jovem como James Wiseman – por exemplo – não será solicitado a ‘carregar’ uma equipe antes mesmo de estar adaptado à NBA. Pelo contrário. Cumprirá um papel específico, dentro de uma ‘zona de conforto’ que irá maximizar os seus pontos positivos e mitigar o impacto negativo das naturais lacunas do pacote de habilidades de um atleta ainda adolescente.
Não existe uma ‘receita de bolo’. Mas não há dúvidas que os desempenhos de Herro e Porter ajudam a desmistificar parte do estigma que cerca a pouca produtividade de novatos em situações vencedoras.
Na maioria das vezes, essa pouca produtividade tem muito mais a ver com as lacunas estruturais da franquia como um todo.
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