É sempre incrível o quão rápido tudo acontece na NBA. Ainda não temos nem um mês de temporada e certos times já são vistos como em crise. Além disso, outros se tornaram favoritos. E já há jogadores considerados como decepções. Até o momento, Miami Heat, Philadelphia 76ers e Golden State Warriors aparecem com destaque.
Nesse curto período existe uma série de facetas da liga para se explorar e discutir. Os números facilitam muito para que consigamos interpretá-las e entendê-las. Porém, vale também ressaltar que tudo ainda é muito incerto. Todas as equipes jogaram de oito a dez jogos na temporada, ou seja, uma quantidade muito pequena. Assim, qualquer número visto até agora pode ser uma anomalia.
Isso não quer dizer que não há tendências interessantes a serem percebidas. No entanto, a análise deve se centrar mais em explicar o que aconteceu até agora do que tentar prever o que virá pela frente. Claro, é inviável avaliar sem fazer previsão alguma, mas todas elas devem ser consideradas mais como palpites do que como algo sólido.
Dito isso, vamos a alguns destaques da temporada da NBA até o momento.
Miami Heat – A Exceção Ofensiva
Em uma temporada em que os ataques têm diminuído muito de eficiência (como abordado neste texto do Five-Thirty-Eight (https://fivethirtyeight.com/features/4-reasons-why-nba-offenses-have-struggled-so-far-and-why-they-could-turn-it-around/), o Heat se coloca como uma exceção. A equipe de Miami subiu de uma eficiência de 110.6 pontos por 100 posses na temporada passada (décima oitava colocada) para uma de 113 no começo de 2021-22 (terceira melhor da liga).
Isso é explicado pelo crescimento da equipe em rebotes ofensivos: Miami tem pegado 31,6% dos seus próprios arremessos errados, segunda maior taxa da liga. Ano passado, o número era 24%, a segunda MENOR na NBA. O curioso é que o Heat não é elite em nenhuma outra faceta do jogo ofensivo. A exeção talvez seja o jogo na transição, onde é a sexta melhor equipe da liga. No geral, é um ataque versátil e completo.
A nível de jogadores, gostaria de destacar a altíssima taxa de lances livres que Jimmy Butler tem conseguido gerar. Mesmo em uma temporada de queda desse tipo de arremesso, Butler tem batido 8.6 por partida, segunda maior marca da NBA. Também vale destacar Bam Adebayo, que ocupa a sétima colocação em lances livres cobrados. Enfim, gerar esses pontos fáceis faz muita diferença.
Philadelphia 76ers – Curry e Maxey surpreendem
Indo do terceiro melhor ataque da temporada para o melhor, o Philadelphia 76ers tem gerado 115.4 pontos por 100 posses, uma marca que seria excelente até na temporada passada.
Curiosamente, o aspecto de elite do jogo do Sixers não é com a bola nas mãos de Joel Embiid, que não tem números tão chamativos ou eficientes no ataque nesse começo de 2021-22. Pelo contrário. Os melhores momentos ofensivos da equipe têm sido sem o camaronês em quadra.
Philadelphia tem sido a equipe mais eficiente da liga em finalizações do condutor em pick-and-roll (1.06 pontos por posse). Todos os cinco jogadores da equipe que finalizaram 20 ou mais vezes na jogada tiveram eficiência acima do percentil 60 da liga. Vale destacar o jovem Tyrese Maxey, com 1.08 PPP em seis posses por jogo (percentil 84), e Seth Curry, com inacreditáveis 1.22 PPP em três posses por partida (marca que teria liderado a liga na temporada passada). Além disso, Seth também está acima do percentil 80 em eficiência em arremessos offscreen e através de handoffs.
Golden State Warriors – Defesa histórica e ataque competente
O Golden State Warriors é, no momento, o melhor time da liga, possuindo o melhor net rating dentre todas as equipes (+13.2) e a melhor campanha. O mais assustador é que isso tem acontecido mesmo com uma temporada “abaixo” de Stephen Curry na eficiência de arremessos. O seu TS% caiu em 7%, mas ainda é acima da média da liga!
Curry tem acertado apenas 33% de suas bolas de três após o drible (contra 41% na temporada 2020-21). Ainda assim, o Warriors tem um ataque top 10 da liga, especialmente a partir de arremessos assistidos e movimentação de bola, marcas registradas da equipe. Nas bolas dentro desse sistema, Curry tem sido o mesmo de sempre: devastador nas bolas de três de catch and shoot, especialmente nas vindas a partir de movimentações sem a bola através de corta-luzes.
Entretanto, não é o ataque que faz o Warriors ser a equipe de elite. É a defesa. Golden State tem uma eficiência defensiva de 96. Para que seja fácil visualizar quão absurdo é esse número, trata-se da melhor da liga desde o San Antonio Spurs e o Detroit Pistons de 2003-04 (93,1 e 93,9). Muito provavelmente, esse número não é sustentável. Com isso, o Warriors não deve manter os oponentes a uma produção ofensiva equivalente à de equipes de quase 20 anos atrás. Ainda assim, conseguir esse tipo de produção em dez jogos é extremamente promissor.
Na defesa, o Warriors controla a área restrita (segundo menor volume de tentativas de adversários de toda a liga) e força adversários a tentarem floaters mais difíceis. Além disso, é a quinta equipe que força mais roubos. Por outro lado, há um fator defensivo de sorte: os adversários têm chutado 25% contra Golden State em bolas de três moderadamente livres (algo que vai ser normalizado).
Outros destaques positivos
- O Chicago Bulls ser um bom time não é surpreendente, mas o fato da defesa do time ser uma das dez melhores da liga é. Nikola Vucevic e DeMar DeRozan são jogadores com muitos problemas defensivos. No entanto, de algum modo, o montenegrino tem sido um dos melhores protetores de aro da liga, tendo aumentado tanto o volume de contestação quanto a eficiência cedida.
- O Charlotte Hornets era um dos ataques mais inventivos e baseados em passe na temporada passada, mas tinha como calcanhar de aquiles a alta taxa de turnovers. Nesta temporada, porém, a equipe tem sido a segunda com menos desperdícios da liga, ainda mantendo o alto número de assistências.
- O jogador que mais tenta isolações na NBA é Shai Gilgeous-Alexander, do Oklahoma City Thunder, e com eficiência de elite: 1.12 PPP.
- Kevin Durant devastador não é novidade, mas o seu aproveitamento de meia distância de 59% em um volume significativo é algo sem precedentes. Essa é uma marca que não é batida pelo menos desde 1996-97.
- Especialmente no começo de temporada, o recorde de um time pode ser ilusório. O Net Rating é uma medida melhor. O Dallas Mavericks venceu seis de seus nove jogos, mas seu saldo de pontos negativo indica uma provável queda. Por outro lado, Indiana Pacers e Spurs estão mal na tabela, mas têm tido desempenho associado tipicamente a times de aproveitamento de 50%, o que faz com que seja esperada uma regressão positiva.
Destaques negativos
- Russell Westbrook foi contratado pelo Los Angeles Lakers em parte pensando em ser a engrenagem ofensiva do time nos minutos sem LeBron James. Entretanto, isso não tem funcionado. O Lakers tem eficiência ofensiva de 107 (mediana) com Westbrook e Anthony Davis, e 91 com o armador sendo o único jogador do Big 3 em quadra, o que é terrível.
- O Boston Celtics é o segundo time da liga com maior taxa de isolações, mas é terrivelmente ineficiente. Jayson Tatum é o principal responsável, sendo o segundo jogador que mais tenta a jogada em toda a NBA, e convertendo apenas 0.79 PPP (percentil 29%).
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