Havia um Jordan no meio do caminho

O último time do Blazers que conseguiu chegar perto de ser campeão teve o Chicago Bulls de Michael Jordan, no auge, pela frente. O Portland Trail Blazers estava mordido na temporada 1991-92 da NBA. O time perdera as finais de 1990 para os “Bad Boys” do Detroit Pistons e caíra frente ao Los Angeles Lakers […]

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O último time do Blazers que conseguiu chegar perto de ser campeão teve o Chicago Bulls de Michael Jordan, no auge, pela frente.

Magic e Thomas foram os primeiros a frustar o Blazers

O Portland Trail Blazers estava mordido na temporada 1991-92 da NBA. O time perdera as finais de 1990 para os “Bad Boys” do Detroit Pistons e caíra frente ao Los Angeles Lakers nas finais da Conferência Oeste quando era o franco favorito da liga (havia tido a melhor campanha com 63 vitórias e 19 derrotas) em 1991, adiando o aguardado confronto contra o Chicago Bulls em um ano – veja os melhores momentos das finais de 90 aqui e se quiser, os jogos completos das semifinais de 91 aqui.

O elenco continuou o mesmo: Kevin Duckworth, pivô de defesa acurada mesmo sendo péssimo dando tocos; Buck Williams, ala de força ótimo em pegar rebotes e eficiente no ataque; Jerome Kersey, ala que era um carrapato na defesa; Terry Porter, armador alto, forte, rápido e com boa visão de jogo; no banco, o experiente Danny Ainge (bicampeão com o Boston Celtics na década de 80), e um jovem Cliff Robinson – todos All-Stars, à exceção de Kersey; e claro, o astro da companhia.

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Para Drexler, enterrar era fácil

Clyde Drexler estava no auge da carreira, mesmo que sua careca estivesse aumentando consideravelmente (e ele não fez nenhuma questão de esconder, diferente de LeBron James, por exemplo). Com 29 anos, suas médias de pontos e assistências que estavam em queda desde 88-89 voltaram a crescer: ele encerrou a temporada com 25 pontos, 6.6 rebotes e 6.7 assistências por partida. Seu estilo de jogo encantava a todos com a plasticidade de suas bandejas e enterradas, além de ser um ótimo ladrão de bolas. Não à toa, “The Glyde” foi selecionado para o Dream Team norte-americano, que assombrou o mundo nas Olimpíadas de Barcelona, ao fim da temporada.

Veja algumas das jogadas do jogador:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=GTzfJP6PeFY]

Os Blazers encerraram a temporada regular com 57 vitórias e 25 derrotas (marcando 111.4 pontos por partida, o 4º melhor ataque da temporada), a segunda melhor campanha do ano na NBA, atrás apenas do Chicago Bulls, que fez 67 vitórias e 15 derrotas. Buck Williams liderou a liga com 60% de aproveitamento em arremessos de quadra e foi selecionado para o segundo time de defesa; Clyde Drexler, quarto cestinha da temporada, foi parte do time ideal da liga pela primeira e única vez na carreira; e o Portland foi o segundo time que mais pegou rebotes no ano.

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Playoffs

Nos playoffs, os Blazers se defrontaram com o Los Angeles Lakers – já sem o astro Magic Jonhson – na primeira rodada, pedra no sapato do time desde 1977 (ano do único título do time), pois havia perdido as quatro séries em que haviam se encontrado desde então. Porém, guiados por Clyde Drexler – que teve uma partida memorável no jogo 3 com 46 pontos e 12 assistências – o Portland quebrou esse tabu vencendo a série por 3-1.

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Nas semifinais da Conferência Oeste, o adversário foi o Phoenix Suns, que já tinha a base para a equipe que chegaria às finais da NBA no ano seguinte (a peça que faltava era Charles Barkley), mas novas boas atuações de Drexler e Porter levaram o time para o acesso às finais de conferência (4-1).

Terry Porter teve a sua camisa 30 aposentada pelo Blazers

Então, na final da conferência frente ao Utah Jazz de John Stockton e Karl Malone, Terry Porter roubou a cena: com médias de 26 pontos e 8.3 assistências, ele ofuscou até mesmo Drexler, que fez “apenas” 23.7 pontos e 7.7 assistências. Após vencer a série por 4-2 (com Karl Malone fazendo 28.2 pontos por partida), eles se defrontaram com os campeões da temporada anterior na Final, o Chicago Bulls de Michael Jordan e Scottie Pippen, que brilhavam sob o comando de Phil Jackson, com seus triângulos ofensivos e contra-ataques fulminantes.

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As Finais

Cada um dos seis jogos da série final de 1992 teve seus momentos épicos que entraram para a história da NBA, mas infelizmente para os Blazers, foi Chicago quem saiu vencedor.

Ainge foi o herói do jogo 2

No jogo 1 da série, Michael Jordan teve uma atuação histórica ao marcar a maior quantidade de pontos de um jogador em um primeiro tempo em playoffs, com 35 pontos (ele só fez mais quatro no segundo tempo), acertando seis bolas de três pontos em sequencia – outro recorde. “Era como cobrar lances livres”, disse Jordan; o Bulls venceu por 122×89. No segundo jogo, situação dramática para os Blazers, que resolvera executar as “Jordan Rules”, quando Drexler foi eliminado por faltas a 4:36 minutos do fim do jogo e o time perdia por 10 pontos. Porém a equipe empatou a partida e a levou para a prorrogação após Jordan errar o arremesso decisivo; no tempo extra, Danny Ainge foi o destaque do time – seus nove pontos na prorrogação são recorde em um jogo de finais, empatado com John Havlicek e Bill Lambieer – e o Portland venceu o jogo por 115×104 (a pior derrota em casa dos Bulls em um jogo de final da NBA).

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Com os jogos indo a Portland, os Bulls se recuperaram no jogo 3 e defenderam muito bem (os outros jogadores, porque Drexler fez 32 pontos), limitando os Blazers a apenas 84 pontos, menor quantidade dos playoffs, e venceu com 10 pontos de vantagem. No jogo 4 a série foi empatada novamente, com o Portland virando no último quarto e não permitindo que Jordan pontuasse nos dez minutos finais de jogo (mesmo assim, foram 32 pontos do camisa 23), vencendo por 93×88. No jogo 5, machucar o tornozelo não impediu Jordan de fazer 46 pontos e comandar a vitória dos Bulls por 119×106 (3-2 na série), com Drexler mais uma vez cometendo seis faltas, apesar de marcar 30 pontos e pegar 10 rebotes.

Os dois personagens principais das finais de 1992

O último jogo da série detém mais um recorde das finais da NBA. Em Chicago, e precisando vencer para forçar o sétimo jogo, o Portland vencia por 79×64 no fim do terceiro quarto, e Phil Jackson teve uma atitude extrema: tirou todos os titulares (menos Scottie Pippen) de quadra. Os reservas conseguiram cortar a liderança dos Blazers de 15 para 3 pontos em apenas 3 minutos, e quando os titulares voltaram, o Bulls passou à frente e venceu a partida, a série (por 4-2) e o torneio, enterrando a esperança de título do belo time de Portland. Essa virada foi a maior em jogo de final de NBA na história, feito que dura até os dias atuais.

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O fim

As finais de 1992 foram as últimas que o Portland Trail Blazers participou, e o time base começou a ser desmontado na temporada seguinte. A última peça a deixar a equipe foi justamente Clyde Drexler, que foi se juntar a seu amigo dos tempos da faculdade Hakeem Olajuwon (onde tinham até uma fraternidade de basquete, a Phi Slama Jama) no Houston Rockets, para conquistar seu único título da NBA, em 1995. Em 1996, durante as comemorações de 50 anos de NBA, o Chicago Bulls de 1991-92 foi eleito um dos dez melhores times de todos os tempos da liga (Drexler foi eleito um dos cinquenta melhores jogadores de todos os tempos).

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Veja a primeira parte do documentário que narra o título do Bulls em 92:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=L5XRCChlwEY]

Curiosidade:

Sabonis compensava a total falta de mobilidade com habilidade na NBA

O pivô lituano Arvydas Sabonis havia sido draftado pelos Blazers em 1986, mas regras da então União Soviética proibiram o jogador de ir atuar nos Estados Unidos. Mesmo assim, em 1988, ele se valeu dos médicos de Portland para tratar da lesão que teve no tendão de Aquiles responsável por abreviar sua capacidade atlética, e durante o período de recuperação chegou a treinar com os jogadores do Blazers. Forçado a jogar as Olímpiadas de Seul em 1988 antes de ser liberado pelos médicos, sua lesão se agravou ele nunca mais foi o mesmo jogador. Quando ele finalmente foi jogar na NBA, já tinha 31 anos (1995), e não era nem sombra do jogador que havia sido, mas participou de outro time icônico do Blazers, o da temporada 1999-2000. Clyde Drexler, que treinou com ele no breve período de recuperação em Portland pós-cirurgia, disse que se ele tivesse sido contemporâneo da geração que foi Bi-vice campeã da NBA em 1990 e 1992, os Blazers poderiam ter tido “quatro, cinco ou seis títulos garantidos. Ele foi bom o bastante pra isso, podia passar, acertar da linha de três pontos, jogar em meia quadra e dominar o garrafão”. Pena que a Guerra Fria não permitiu.

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