Na NBA, assim como em qualquer lugar, existem regras. E para que elas sejam legitimadas, eu já vi muitas injustiças nas premiações de fim de temporada. Nunca concordei com alguns nomes do passado, mas — novamente de acordo com elas, as normas — entendi os motivos.
E pensando exatamente nisso, e olhando no passado, é que eu vou cravar aqui: se o Houston Rockets não ficar pelo menos no terceiro lugar da conferência Oeste, James Harden não será o MVP.
Aproveitando um papo de um grupo no Facebook, o NBA Lab — provavelmente o de maior nível que já vi por aí — li um post que falava exatamente sobre isso. Em um levantamento, nenhum premiado como MVP nos últimos 30 anos esteve abaixo da terceira posição de sua conferência. Não existem precedentes no período e, conhecendo a liga e seus trâmites há tanto tempo, posso dizer isso sem medo.
Claro que se fosse para analisar o prêmio pelo melhor jogador, estaríamos falando provavelmente de Anthony Davis, Russell Westbrook, até DeMarcus Cousins, e claro, Harden.
Entretanto, é necessário analisar o fato de que desde 1988, nenhum jogador ficou com o MVP abaixo do segundo lugar de sua conferência. Existe uma exceção, porém. Michael Jordan foi eleito naquele ano, quando o Chicago Bulls foi o terceiro colocado do Leste. Eu tive de voltar 27 anos para confirmar essa informação. O detalhe é que para encontrá-lo, foi necessário achar ninguém menos que Jordan. Ou seja, é exceção mesmo, principalmente pela campanha: 50 vitórias e 32 derrotas (61% de aproveitamento). Depois disso, nenhum time teve menos de 65% de triunfos.
É fato afirmar que o prêmio é dado, em sua maioria, ao melhor jogador do melhor time. Desde 1985, em sete ocasiões o premiado estava na segunda colocação de sua conferência.
Hoje, o Houston Rockets briga pelo terceiro lugar e não lidera sequer sua divisão. O Memphis Grizzlies possui 46 vitórias em 66 jogos disputados e é o primeiro. O Portland Trail Blazers e o Los Angeles Clippers, disputam rodada a rodada pelos melhores lugares. Até o início deste domingo, o time texano é o quarto, com 66.2% de aproveitamento.
A volta de Dwight Howard pode ser essencial para que o Rockets consiga subir. O problema é que ainda não existe um prazo determinado para isso. Pode acontecer em duas ou três semanas e lhe restariam dez ou menos partidas até o fim da fase regular.
Agora, analisando pela questão técnica, quem poderia ficar com o MVP caso o time de Houston não consiga terminar entre os primeiros?
É difícil analisar, pois estamos na metade de março e temos menos de 20 jogos para cada time. Mas fazendo um exercício de dedução pura, o armador Stephen Curry pinta como o principal candidato. Ele passou por altos e baixos nas últimas rodadas e já esteve mais bem cotado. Pensando apenas nas regras, Curry é o próximo grande nome.
E LeBron James?
O Cleveland Cavaliers pode até não ficar em segundo no Leste, porém não acredito muito. O Toronto Raptors teria de encaixar uma sequência positiva, mas neste exato momento, perdeu oito das últimos dez partidas. Portanto, vamos imaginar que o Cavs garanta essa segunda posição.
Nos últimos seis anos, o MVP ficou com LeBron em quatro ocasiões. Não me entenda de forma errada, por favor. Sou fã de James e o considero o melhor jogador em atividade, mas seria legal termos outro nome. Apenas para não ficarmos na mesmice. Além disso, o mais importante: LeBon faz toda a diferença para o Cavs estar ali, na luta pelos melhores lugares. Só que era esperado que o time estivesse no primeiro lugar, e ainda, com o camisa 23 brilhando desde o início da temporada, o que não ocorreu. E ainda, número por número, ele teve uma queda em relação ao ano passado em quase todas as estatísticas principais.
Russell Westbrook poderia ficar com o prêmio?
https://www.youtube.com/watch?v=xZW9Ew_EpMM
Não mesmo. Por mais que ele esteja barbarizando nas últimas rodadas, o armador do Oklahoma City Thunder teria, por obrigação, de levar sua equipe ao topo da conferência. São as regras, lembra? Mas se o foco ficar apenas nos números frios, Westbrook merece mais crédito. O Thunder jogou boa parte da temporada sem Kevin Durant, esteve fora da zona de classificação para os playoffs durante quase todo o tempo, só recentemente figurou entre os oito primeiros, e ainda está longe de garantir qualquer coisa. E tem outro detalhe: ele perdeu 15 jogos até o momento. Na história recente, Allen Iverson foi o que ficou de fora de mais partidas, com 11.
Outro nome que poderia figurar entre os principais é o do pivô Marc Gasol, do Grizzlies. O espanhol chegou a ser um dos mais cotados, mas perdeu fôlego nos últimos meses. Ótimo defensor, Gasol foi ainda titular do Oeste no Jogo das Estrelas, porém um quinto lugar no MVP parece ser o seu teto.
Poderíamos considerar algum jogador do Atlanta Hawks, mas a NBA deixou claro que isso não vai acontecer ao nomear o quinteto titular da equipe como os melhores do Leste no mês de janeiro. Não existe um jogador específico por ali. Claro que Al Horford e Jeff Teague ganham algum destaque, porém é o grupo — incluindo o técnico Mike Budenholzer — que faz do Hawks o líder da conferência.
O Jumper Brasil acompanha de perto a premiação desde o início da temporada. Liderados pelo metade jornalista, metade mito, Ricardo Stabolito, nós votamos todas as semanas para o MVP. Eu sou um fã inveterado de pivôs e acho que a liga está ajudando a piorar uma safra mediana. Mas isso é papo para outro artigo.
O fato é que na última, eu coloquei DeAndre Jordan na décima posição. Imagine só o que seria se o Clippers estivesse sem Jordan ao invés de Blake Griffin. Você acha mesmo que o time estaria entre os primeiros da conferência? Sua importância para o Clippers é tão grande, que depois da parada para o Jogo das Estrelas, ele possui médias de 14.2 pontos, 18.3 rebotes e um aproveitamento de quase 70% nos arremessos. O camisa 9 lidera a NBA em rebotes, porcentagem de arremessos convertidos e é o quinto em bloqueios. Não acho tão absurdo colocá-lo como o décimo.
Seja lá quem for eleito entre os principais nomes, representará bem o MVP. A temporada é sensacional, com muitas variáveis e não existe até o momento um candidato ao título com sobras. O que está bom, ainda vai melhorar mais nos playoffs. É só aguardar.