Geração Stephen Curry

Ricardo Romanelli aponta armador do Warriors como símbolo de uma nova forma de trabalho na NBA

Fonte: Ricardo Romanelli aponta armador do Warriors como símbolo de uma nova forma de trabalho na NBA

Stephen Curry é o grande nome desta temporada da NBA. Seu time tem a melhor campanha da liga, ele é o principal candidato a MVP, foi o atleta mais votado para o Jogo das Estrelas e sua camisa é a segunda mais vendida na liga. Parece lógico que tudo faça parte de um pacote, mas, ao longo da história, a correlação não foi exatamente uma realidade: os MVPs Steve Nash e Dirk Nowitzki, por exemplo, jamais figuraram entre as camisas mais vendidas e sempre tiveram tímidas votações populares para a partida festiva – tanto que ambos foram reservas selecionados pelos técnicos nos anos que ganharam o prêmio de melhor jogador da NBA.

Ser o atleta mais votado para o Jogo das Estrelas não é uma conquista vultuosa. No entanto, Curry alcançou a façanha batendo dois ícones globais do esporte: LeBron James e Kobe Bryant, cujas popularidades transcendem o próprio basquete. É um resultado expressivo pelas circunstâncias.

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Curry entrou na liga em 2009 e, rapidamente, firmou-se como a maior jovem promessa do Golden State Warriors (deixando, então, Monta Ellis em segundo plano). Todos esperavam que fosse ser um grande pontuador – especialmente nas bolas de três, sua especialidade desde cedo –, mas poucos esperavam que cinco anos fariam com que virasse o principal nome da NBA. Voltando aos casos de Nash e Nowitzki: eles estiveram entre os melhores da NBA durante algumas temporadas e, nem por isso, eram tremendamente populares. O sucesso em quadra nem sempre se traduz em popularidade. O que poderia ter elevado Curry do patamar de atleta de elite a ícone do esporte?

Em primeiro lugar, logicamente, ele é um jogador diferenciado. Isso já ficou bastante claro pelos números que ele produz, mas não só isso. Curry possui um conjunto de habilidades ofensivas que pouquíssimos mostraram na história da liga: pontua implacavelmente, mas também tem a visão de jogo e habilidade de passe de um armador de elite. Eis uma combinação que, por si só, já garante uma posição de destaque. Além disso, trata-se de um competidor por natureza que cresce nos momentos decisivos e conduz seu time à vitória quando necessário. Este é um aspecto que, historicamente, aumentou a popularidade de atletas.

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No entanto, o principal fator para a popularidade de Stephen Curry é outro. O basquete mudou nos últimos anos. Durante o final da década 2000, tivemos um modelo de equipe vencedora na NBA composto por uma dupla ou trinca de astros carregando um time com grupo de apoio um pouco mais limitado. Para vencer, franquias buscaram um modelo mais próximo de “elenco completo” em evidência pelo San Antonio Spurs: jogadores unidos, equipe despida de estrelismos, sem vaidades e em uma atmosfera baseada na mentalidade vencedora. Era um claro contraponto que, hoje, apresenta times como o Warriors, Memphis Grizzlies, Washington Wizards, Toronto Raptors e Portland Trail Blazers.

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E o que Curry tem a ver com isso, afinal? Bom, ele reúne como poucos as qualidades visadas em um padrão como esse: jovem, voluntarioso, discreto, dedicado, com mentalidade coletiva e vontade de vencer implacável. Habilidade ímpar, capacidade de decidir jogos e postura irrepreensível constroem um astro que representa toda uma geração.

Este modelo de basquete é fruto de anos de planejamento de vários dirigentes que viram, lá atrás, como um basquete coletivo funciona. Mas, como todo bom produto de marketing, era necessário um garoto-propaganda. Curry e seu talento imensurável surgiram para o mundo para consolidar tal pensamento. Involuntariamente, ele acabou se tornando o símbolo deste padrão. Mesmo que não queira, o armador se tornou o expoente de uma nova geração que vem aflorando para o basquete: a geração Stephen Curry.

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