Por Henrique Lima
A vitória francesa agora há pouco sobre a Argentina (71 x 64) escancarou que o torneio olímpico de basquetebol é muito mais imprevisível e forte do que pensávamos.
Se a vitória apertada dos brasileiros contra os donos da casa (67 x 62) foi um sofrimento sem fim, o jogo entre duas forças do grupo A foi equilibrado, mesmo que os argentinos estivessem longe da apresentação fora de série que tiveram contra a Lituânia (pode ter sido uma atuação exceção, pelo nível do que foi apresentado) e os franceses mais atentos – contando com a boa participação de atletas coadjuvantes, como Mikael Gelabale ou Kevin Seraphin.
Pelo lado hermano, ficou claro que o tripé Scola-Ginobili-Delfino tem que funcionar em sua totalidade. Carlos Delfino não fez uma grande partida, cansou de se precipitar nos arremessos e a infelicidade nas decisões influenciou na qualidade de sua partida. Por mais que Pablo Prigioni e Andres Nocioni se esforçassem, faltou também alguém do banco de reservas entrar e mudar o panorama. Scola e Manu simplesmente não podem sentar. Fica claro que, somente com os cinco grandes nomes, o time hermano terá sofrimento para fazer os jogos mais pesados e físicos.
O time francês dá um bom recado para quem achou que a pesada derrota para os Estados Unidos, na estreia, seria a toada do seu basquetebol. Tony Parker se encontrou melhor e Nicolas Batum esteve vivo. Boris Diaw também criou problemas com seu jogo alternando ação dentro e fora do garrafão ofensivo, embora tenha cometido faltas idiotas na defesa e ataque.
O equilíbrio no basquetebol masculino está evidente e será bem interessante assistir aos jogos que definirão os cruzamentos das quartas-de-final. Pelo lado da Argentina, ainda haverá duelos contra Tunísia, Nigéria e Estados Unidos. A França encara Lituânia, Nigéria e Tunísia.
Pelo Grupo B, teremos nossa seleção contra russos, chineses e espanhóis. Garantia de basquetebol de alto nível e, esperamos, menos sofrimento do que a apertada vitória de hoje.
Lembrando que a Nigéria venceu a Grécia e República Dominicana no Pré Olímpico Mundial. Não é um time da elite mundial, mas não seria nada estranho passar por sufoco para superá-los ou até uma derrota, caso se menospreze o jogo nigeriano. A lição grega, de semanas atrás, está aí na mente de muitos.
E acredito que a maior preocupação argentina no momento é saber o que fazer sem Manu Ginobili e Luis Scola na quadra. O que demonstra que todos os times têm pontos fracos para que os adversários se aproveitem. O mesmo vale para os franceses sem Tony Parker ou os russos sem Andrei Kirilenko.
É bom ficarmos de olho no grupo A, pois além de ser o confronto brasileiro nas quartas-de-final, o nível do espetáculo vale cada minuto da ação. Hoje, tivemos um belo jogo de basquetebol.